Extinção é para sempre

Desde o século XVII o homem vem contribuindo para o desaparecimento de espécies por todo o planeta, seja voluntária ou involuntariamente

Pássaro Dodô, Bandicoot-pés-porco, Dugongo de Steller, Emu-negro, Foca-monge-do-caribe, Antílope Azul, Norfolk Kaka, Quagga, Rinoceronte Negro do Oeste Africano, Tigre-do-cáspio, Tilacino, Wallaby-rabo-de-prego-crescente, Wallaby-toolache, Bilby-pequeno, Cervo de Schomburgk e Periquito-das-Seychelles. Provavelmente muitos de vocês nunca viram estas espécies, e saiba que seus filhos e netos jamais verão, seja na natureza ou em cativeiro.

Muitos são os desentendimentos entre ambientalistas radicais e biólogos preservacionistas, porém mesmo com essa imensa lacuna entre seus ideais, ambos concordam com um fator: o homem está cada vez mais apressando o processo de extinção de várias espécies pelo mundo, voluntária ou involuntariamente.

Foto: Heinz-Josef Lücking/Wikipedia

“Entre o surgimento e extinção de uma espécie é um processo muito lento, que pode levar milhares de anos. É uma ação natural no qual a natureza compreende e absorve. Porém, ao longo do tempo, o homem vem acelerando esse processo, e se tornou o principal agente para o desaparecimento de espécies”, declara Estela Alves Guimarães, bióloga pós-graduada em Educação Ambiental e coordenadora do Centro de Educação e Cidadania Ambiental (Ceca).

O caso da extinção dos pássaros dodôs, um dos exemplos mais conhecidos de espécie extinta, foi ‘banida’ do planeta no século XVII.

Endêmica das ilhas Maurício, localizada na costa leste da África, os dodôs foram predados por marinheiros e seus animais domésticos e espécies invasoras, introduzidas pela ação humana.

Com rara exceção, os animais listados no primeiro parágrafo deste texto, tiveram como causa de sua extinção a caça, norteada pelo valor agregado a cada espécie.

O tilacino, também conhecido como lobo-da-tasmânia, era uma das espécies preferidas de caçadores na Nova Guiné e Austrália, até o ano de 1936, quando desapareceram.

Já o wallaby-rabo-de-prego-crescente, marsupial que também vivia na Austrália, entrou para o cardápio de uma espécie invasora introduzida pelo homem: a raposa.

Ilustração: John Gould/Wikipedia

O wallaby-toolache e a foca-monge-do-caribe foram muito cobiçados por caçadores, por causa de suas peles, que valia muito dinheiro ao serem comercializadas.

Muitos irão pensar que essa matança toda aconteceu em uma época em que a disseminação da informação e a noção de que preservar era necessário, ainda era algo mais raro que essas espécies.

Então saiba que o rinoceronte negro do oeste africano foi declarado como extinto pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), no ano de 2011. Lendo este texto no ano de 2017, tem só seis anos que poderia ter visto a espécie ainda viva, seja em um zoo ou mais dificilmente, na natureza.

A International Union for Conservation of Nature (IUCN) é entidade detentora do maior catálogo sobre o estado de conservação de espécie de plantas, animais, fungos e protozoários de todo o planeta: a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas.

Em sua tabela de risco de fauna, a entidade classifica as espécies como Segura, pouco preocupante ou Least Concern, em inglês (LC); Quase ameaçada ou Near Threatened (NT); Vulnerável ou Vulnerable ​​(VU); Em perigo ou Endangered (EN); Criticamente em Perigo ou Em Perigo Crítico ou Critically Endangered (CR) e finalmente Extinta na natureza ou Extinct in the Wild (EW).

Entre as espécies brasileiras presentes nesta lista estão os felinos Gato-maracajá (Leopardus wiedii) e Onça-pintada (Panthera onca); a Tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea); os primatas Muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus), Macaco-aranha-de-cara-branca (Ateles marginatus) e Uacari-branco (Cacajao calvus), a Ararajuba (Guarouba guarouba), a Baleia-franca-do-sul (Eubalaena australis), a Ariranha (Pteronura brasiliensis), o Cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus), entre outros.

Entre as principais causas do desaparecimento de espécies da fauna brasileira estão a caça, a pesca irresponsável e predatória, o comércio ilegal de animais silvestres (que mata 90% dos animais traficados), derrubada de matas e conversão de áreas alagáveis para a agricultura, e lógico, o avanço urbano sobre a natureza.

“A poluição do meio ambiente, pavimentação e fragmentação de matas e a introdução de espécies invasoras vem colaborando para o fim de várias espécies”, declara Estela.

De acordo com a bióloga, um dos exemplos de invasores introduzidos no Brasil resultado da ação humana é o sagui, que ataca os pássaros e seus ninhos.

“Este tipo de ação não afeta apenas os animais silvestres, mas também o homem. Por exemplo, se estes primatas invasores atacam aves nativas polinizadoras, pode ser o fim de várias florestas e matas, prejudicando assim a qualidade do ar”, diz.

Estela cita também o peixe-leão, que já fez um grande estrago na região do Caribe e está migrando para águas sulamericanas.

Então saibam, todos somos responsáveis neste processo de extinção.

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