Atravessamos para a Geórgia por terra, vindo da Armênia.
A diferença foi gritante nos primeiros metros dentro do país…Melhor asfalto, carros mais novos e paisagem mais verdejante, cultivada e organizada.
Chegamos em Tbilisi e nos alojamos num hotel novo perto do centro. O que foi um alivio pois os hotéis em Yerevam eram velhos e deixaram a desejar.
A região turística do centro da cidade é uma gracinha com muitas coisas para visitar e descobrir.
Com influencia dos vários períodos de ocupações ao longo da sua historia, visitamos locais de de arquitetura, otomana, art nouveau, e brutalismo russo. Tem até uma ou outra construção modernista que, na minha opinião, de gosto bem duvidoso.
Um teleférico nos levou a uma fortaleza do século IV onde tem uma belíssima vista da cidade. Na parte baixa visitas a catedrais, sinagogas, mesquitas e banhos turcos.
Além de um movimentado comercio com muitas lojas, hotéis e restaurantes existe opções infinitas de lojas onde vendem os famosos vinhos da Geórgia. Passamos bons momentos nestas lojas aprendendo e degustando os vinhos locais.

A historia mais recente da Geórgia diz que ela foi anexada ao Império Russo, e após breve período de independência foi ocupada pela União Soviética em 1921.
Em 1991 ocorreu a independência do país de forma muito turbulenta com distúrbios civis e domínio de gangsteres que provocou grande instabilidade no país.
A Revolução Rosa de 2003 libertou o pais desta máfia estabelecendo reformas democráticas no país que perduram até hoje.
Em 2008 houve um conflito com a Rússia e esta ocupou 20% do país atual na região das montanhas caucasianas. A Geórgia tem bom relacionamento com os vizinhos; menos com a Rússia, obviamente.
O país é católico ortodoxo georgiano e a população muito religiosa e voltada a família.
Principais fontes de renda do país são a cobrança de taxas pela passagem de gasodutos que veem da Rússia, turismo e o muito especial vinho georgiano.
A região de Kakheti é totalmente voltada a produção de vinho de forma totalmente artesanal, Qvevris, onde a uva fermenta em toneis de barro enterrados no chão e quase não passam por filtragem.

Começamos nossa visita para o interior do pais passando por monastérios e a muito interessante cidade caverna de Uplistsikhe, que foi um dos pontos altos desta viagem. O complexo vem desde os tempos helenísticos e mostra a coexistência de monumentos pagãos e cristãos ao lado de uma paisagem deslumbrante.

Aliás, paisagem é o grande forte desta viagem. Pelas estradinhas do interior passamos por cidades pitorescas e campos com vários diferentes cultivos de maçãs, avelãs, nozes e obviamente enormes vinícolas.
Mas, principalmente, foi a região montanhosa de Svaneti no Cáucaso que mais nos impressionou.
Com base na cidade de Mestia, visitamos toda a região chegando a Ushguli, o mais alto assentamento da Europa (2200ms), que é o ponto de encontro de europeus e outros povos amantes do hiking.
As opções são muitas, e dá para passar alguns dias por lá…Pena que não fomos devidamente informados, então, nossa passagem pelo lugar foi mais rápida do que eu gostaria.
O povo da região, talvez pelo isolamento geográfico, é bastante rude e de difícil trato. As casas de pedra que remontam aos séculos XI e XII tem torres defensivas que hoje dão um aspecto muito pitoresco ao lugar.

De noite, de volta à cidade de Mestia fomos a um cinema bem rustico, onde é exibido um filme de uma cineasta georgiana Mariam Katchvani ,”Dede”.
O filme se passa no rigoroso inverno e conta a saga de uma mulher e famílias locais no período pós guerra de 1992. Foi extremamente interessante e deu vida a tudo que havíamos visto nos 2 últimos dias!
No caminho de volta paramos em Kutaisi, uma cidadezinha bem simpática e visitamos o Complexo de monastérios de Gelati.
Nossa ultima parada antes de voltarmos para Tibilisi for a região vinícola de Kakheti, onde passamos por inúmeros vilarejos visitando mercados, palácios e vinícolas.


Em nosso ultimo dia em Tbilisi demos a sorte de estar acontecendo um feriado na cidade com muitas festividades espalhadas pelos parques e monumentos…foi muito divertido.
Como despedida da Geórgia comemos, pela enésima vez, Kachapuri (que é um folheado recheado de queijo fresco e as vezes ovo) regado a compot (bebida retirada da conserva de frutas da região).

Debora Patlajan Marcolin, médica, 65 anos, muito curiosa com relação a diversidade cultural do nosso planeta. Viajo desde que me conheço por gente e tudo me atrai. Desde a minha vizinhança pobre de Carapicuiba até as cerimonias fúnebres de Tana Toraja na Indonésia, passando por paraísos naturais como o pantanal mato-grossense e deserto do Jalapão. Já conheci por volta de 75 países e não paro de projetar novos destinos. Entendo que para se viajar é preciso estar de peito aberto e abandonar todo tipo de preconcepção, que com certeza, a viagem vai te provocar profundas mudanças internas e gosto pela vida. Autora do blog A Minha Viagem.