Herdeiro da Congada

Sobrinho neto do Sr. Benedito, criador da Congada de São Benedito de Cotia, patrimônio imaterial da cidade de Cotia, o jovem Rógi Castro, de 19 anos, entrou para a congada aos 3 aninhos de idade, quando ganhou um surdinho de chumbo revestido com corino, um dos instrumentos de percussão usados na festa e já quis participar das danças apesar do peso elevado do instrumento para a sua idade. Além do surdo, ele também ganhou um apito, outro instrumento usado na Congada.
De lá para cá não parou mais de participar desta manifestação cultural que acontece todos os anos nos dias próximos ao 13 de maio, em comemoração a abolição da escravidão no Brasil. Aprendeu a tocar todos os instrumentos, aprendeu as danças, as tradições e hoje é um dos principais divulgadores da Gongada de São Benedito, contramestre da Congada, herdeiro das funções do tio avô no grupo que hoje tem 25 integrantes.
Neste ano a Congada não aconteceu, em função da Pandemia, mas Rógi fez um vídeo de 30 minutos em homenagem à festa, aos festeiros e, claro, as fundadores da Congada de São Benedito.
Além disso, a Congada fez distribuição de cestas básicas para os mais necessitados e neste domingo (17) uma distribuição de refeições para quem tem fome.
A Congada de São Benedito foi criada em Cotia em 13 de maio de 1951, inspirada na festa que já acontecia em São Luis de Paraitinga desde os tempos da abolição. Além dos 25 integrantes da Congada de Cotia, outros nove grupos de outros municípios também participam da Congada de Cotia, reunindo mais de 300 pessoas. Segundo Rógi, o termo Congada, vem de Congado, manifestação cultural da África, que foi adaptada no Brasil.
Rógi estudou na Escola Estadual da Vila São Joaquim, onde terminou o ensino médio e foi até premiado por desenvolver trabalhos teatrais de resgate da história do Brasil, que chegaram à Secretaria Estadual de Educação de São Paulo.



Além de coordenar a Congada, Rógi também é passista das Escolas de Samba Unidos do Peruche e Leandro de Itaquera, em São Paulo, trabalha na área de eventos culturais e faz faculdade de Gestão Empresarial na Fatec de Cotia, também se formou em Logística pelo Senai Ricardo Lerner, de Cotia, além de ter cursado Gestão Financeira pela Fundação Bradesco. Para o futuro, pretende fazer uma pós graduação em Comércio Exterior e abrir um negócio na área de gastronomia.
Saúde é Vida

Aos 10 anos de idade, Estefany Maiara da Silva foi diagnosticada com um craniofaringioma, que é um tumor benigno intracraniano, teve de fazer cirurgias complicadas, chegou a ser desenganada antes disso, mas sobreviveu. Apesar da experiência difícil e da rotina com constantes visitas a médicos, internações e cirurgias na cabeça, não se abalou.
Na infância a experiência, para ela, não foi traumática porque não entendia bem o que estava acontecendo com ela. “Eu até me divertia indo aos médicos e hospitais”, lembra.

No caso de Estefany, o tumor era na região da hipófise, que afeta toda a produção de hormônios de seu organismo, inclusive os do crescimento. Se não tivesse sido diagnosticado logo na infância, ela também poderia ter ficado cega. Mas o sintoma que primeiro chamou a atenção da mãe para um provável problema com a filha era a demora para crescer: “Aos 10 anos, ela aparentava ter 5”, conta Nadja Calisto da Silva.

Hoje, aos 23 de idade, apesar de ainda ter de tomar muitos remédios e fazer tratamentos hormonais, Estefany conseguiu ficar até mais alta que a mãe e é aluna de um curso técnico de enfermagem em Cotia, almejando ainda ser médica neurocirurgiã da ONG Médicos Sem Fronteiras para fazer pelos outros o que fizeram por ela.
Segundo Nana, como também é chamada a sua mãe, o diagnóstico correto, felizmente, foi feito por uma médica endocrinologista do Hospital Darcy Vargas, em São Paulo, onde ela foi operada por uma médica neurocirurgiã das mais competentes, mas a família toda viveu momentos bem difíceis antes disso: Estefany passou por diagnósticos e tratamentos errados em outros hospitais. Até diagnosticada com leptospirose ela foi!

Felizmente, os médicos e diagnósticos certos surgiram ainda na infância. “A Estefany foi muito planejada, muito amada ao nascer e muito bem criada porque o meu sonho era ser mãe de uma menina”, conta Nana. “Quando eu soube que ela tinha um tumor na hipófise e que tinha de fazer uma cirurgia e quimioterapia, eu fiquei sem chão”, recorda-se. “Eu quase desmaiava ao vê-la em uma cama de hospital, mas ela era tão forte que me dava força, dizendo para eu não chorar que ela ia sair de lá”, lembra a mãe. Estefany afirma que nunca teve medo de morrer porque sempre teve muita fé em Deus.

Depois da cirurgia, dos 11 aos 18 anos, Estefany teve de tomar uma injeção que ela mesma se auto-aplicava diariamente. Enfrentou as diferenças já que as amigas cresciam e ela não, as colegas de escola ficaram mocinhas e criaram corpo e ela continuava aparentando uma menina de 9 anos aos 16, as amigas tinham namoradinhos e ela não.
Mas estudou muito, terminou o ensino médio, fez cursos de panificação, confeitaria, administração, secretariado, informática e teatro, até se encontrar na saúde. Já fez o curso de auxiliar de enfermagem e está terminando o técnico. Agora, em tempos de pandemia está pronta para trabalhar na linha de frente, se conseguir concluir o curso que foi paralisado em função da mesma.
“Eu já enfrentei tanta coisa nesta vida, que posso enfrentar esse vírus cuidando dos outros também”, diz.

Sucesso num passe de mágica
Nascido e criado no chamado Morro do Macaco, comunidade da região Central de Cotia, o jovem Kaique Henrique de Sousa sempre pensou em trabalhar com artes, ser ator ou algo assim. Foi por isso que, aos 12 anos de idade, já procurou fazer um curso na Recriarte, em São Paulo. Depois soube de um curso de Palhaçaria na Escola de Artes de Itapevi e foi fazer também. Formou-se palhaço, mas logo em seguida aprendeu alguns truques com cartas de baralho e moedas e se encantou pela magia.

Começou a pesquisar mais e, aos 13, já estava se apresentando como palhaço e mágico em festinhas de aniversário. Além disso, também se apresentava voluntariamente em asilos, abrigos de crianças e hospitais para levar um pouco de alegria a quem precisava. Com 15 anos, já estava vivendo de sua arte, mas não deixou de lado os trabalhos voluntários. Juntando a arte da palhaçaria com a mágica, ele criou o Magilhaço! “Eu fazia mágicas vestido de palhaço”, conta.
“Mas depois que eu comecei a fazer uns cursos de mágica, participar de conferências de magia e estudar com outros mágicos eu comecei a deixar a arte da palhaçaria um pouco de lado e hoje o palhaço ficou para os trabalhos voluntários, enquanto o ganha pão ficou por conta da mágica”, explica. Aos 17 anos já vivia da mágica e, aos 18 anos, abriu a sua empresa de mágica, a Mágico Kaíque.

Aos 20 anos, viveu uma experiência diferenciada. Ele foi contratado pela Rede de Clinicas Médicas para trabalhar com mágica alegrando os pacientes. E aí nasceu mais um personagem: o Dr. Magia, que chega para sumir com os problemas dos doentes com alegria como você pode ver no vídeo que ele preparou especialmente para a Revista Circuito.
Kaique trabalhou na clínica por quase dois anos e saiu para poder se dedicar mais aos shows que realiza.
Hoje, aos 22 anos, em meio à pandemia, Kaique vive uma situação diferente porque todos os shows contratados foram cancelados. Agora, ele tem tentado se reinventar fazendo shows de magia online. “Foi difícil porque o meu show é muito interativo com a plateia e agora eu estou tendo de fazer uma espécie de stand up de mágica”, explica.
Ele também tem feito algumas lives no Instagram para divertir as pessoas e divulgar mais o seu trabalho. Um sonho? “Tenho vários, mas o maior deles é proporcionar estrutura financeira para que nada falte à minha família”, diz. Ele vive com a mãe (chef de cozinha em uma empresa da região) e o irmão mais velho, que é poeta. Outro sonho é montar uma ONG para atendimento de moradores de rua.
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Por Mônica Krausz