O futuro que nunca chega

Desde sempre estamos em crise, os problemas persistem e a farra com dinheiro público continua

Pense nos cinco maiores problemas do país. Aqueles que o incomodam e interferem diretamente no seu dia a dia. Os que clamam por uma solução e que você classifica como importantes e urgentes de serem resolvidos. Não faz diferença quais são os problemas que você listou. Certamente, sejam quais forem eles, ainda não foram resolvidos e, provavelmente, nunca serão. Agora, lembre-se desde quando eles existem e quais foram as providências tomadas por quem de direito. No caso, o quem de direito são os nossos nobres políticos. Na prática, aquele deputado, senador e presidente que elegemos. Como diz o velho ditado, o que não é fácil é difícil. Lembro-me da primeira vez em que ouvi que o Brasil vivia uma crise. Lá se vão algumas décadas. Crazy crise. Desde sempre estamos em crise, os problemas persistem e a farra com dinheiro público continua. Corrupção, desperdício, roubo, desfaçatez, descaso com as demandas populares e outras mazelas que nos afligem desde a época do Império. Vários países da Europa tiveram suas economias arrasadas e as principais cidades destruídas pela guerra. Em menos de uma década, se recuperaram e se transformaram, galgando degraus de civilidade e conquistando um lugar no Primeiro Mundo. Por aqui ostentamos um mísero Terceiro Mundo a caminho do Terceiro e Meio Mundo. É como um time de futebol que está na série C do Campeonato Brasileiro, prestes a ser rebaixado para a série D. Tristemente, tenho visto cada vez mais jovens brasileiros partindo para outros países, na esperança de uma vida mais digna, de um futuro melhor, com segurança e pleno emprego. É uma pena ver a desesperança tomando conta da juventude. Afinal, temos a geração “nem nem”, jovens que nem estudam, nem trabalham, pois não conseguem emprego depois de formados. Na outra ponta, os profissionais mais velhos são dispensados dos seus empregos por terem salários mais altos e fecha-se, dessa forma, um círculo vicioso perverso no qual prevalecem os baixos salários e a má qualificação profissional. Enquanto isso, no serviço público vicejam os marajás, as aposentadorias milionárias e os auxílios-paletó. Entra Temer, sai Dilma; entra Dilma, sai Lula; entra Lula, sai Lula; entra Lula, sai FHC e nada muda. Aliás, muda sim, para pior. Em cada dez pessoas que você conhece aposto que nove estão vivendo em dificuldades financeiras. Empresas que quebram, lojas que fecham, empregos que desaparecem e sonhos que se vão… Mais uma década perdida. E o futuro? Na “Neverland” brasiliense o futuro está garantido. Bem entendido, o futuro dos deputados, senadores e de a toda a corriola de assessores e apaniguados que vivem pendurados nessa turma, à nossa custa. Lá, na verdadeira ilha da fantasia, essa tropa de choque que luta contra os desejos populares e se agarra, cada vez mais, aos seus interesses pessoais, dá uma banana diária para cada um de nós, pagadores de impostos. E a vida continua. Até quando? Até quando nossa paciência aguentar o centrão, distritão, corrupção, aumento de impostos, dinheiro público para eleições e outros “ãos” que Brasília nos impinge diariamente. Pobre Brasil. Vamos precisar de mais de 200 milhões de cadeiras para esperarmos sentados um futuro melhor que nunca chega!

Por Marcos Sá, consultor de mídia impressa, com especialização em jornais, na Universidade de Stanford, Califórnia, EUA. Atualmente é diretor de Novos Negócios do Grupo RAC de Campinas

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