A TV Cultura estreia neste sábado (7), às 22h, o documentário inédito produzido pela emissora “Eu, a Viola e Deus”. Dirigido pelo cineasta, jornalista e escritor João Batista de Andrade, a produção retrata a vida e a obra do ator, cantor, compositor e apresentador Rolando Boldrin.
Com o título que vem de uma das composições do próprio Boldrin, “Eu, a Viola e Deus” apresenta a viagem do artista, um tanto solitária, na música e nas artes desde a infância, e suas conquistas nas diversas áreas da vida profissional. “Gosto muito do Boldrin e ele sempre emociona. O filme traz diversos momentos dessa emoção”, revela João Batista de Andrade.
O diretor comenta que aquilo que o atrai na vida e na obra de Boldrin é a sua capacidade criativa em muitas formas de atuar. “Cantor, compositor, apresentador e ator. E em tudo carrega no peito a criança revelada na dupla sertaneja com o irmão”, conta.
O cineasta já dirigiu Rolando em dois filmes, e agora assina o documentário onde ele é o homenageado. “Boldrin é meu ator exclusivo. Ou quase. Está como um dos protagonistas em dois de meus filmes mais ambiciosos: o tenso ‘Doramundo’ (1978) e o épico ‘O Tronco’ (1998). Não por acaso, os dois filmes foram super premiados, inclusive com os prêmios de melhor ator”, relembra Andrade.
Após alguns anos longe do audiovisual, João Batista retorna com “Eu, a Viola e Deus”, na TV Cultura, local que já trabalhou entre os anos 1972 e 1974, como diretor de Especiais no programa diário Hora da Notícia, junto com os saudosos Fernando Pacheco Jordão e Vladimir Herzog. “A alegria maior, além do próprio Boldrin, foi retornar à TV Cultura como cineasta, depois de quase 40 anos”, diz o diretor.
Segundo ele, o documentário é muito importante como retrato da realidade social e cultural do Brasil. “Cumpre um papel crítico e de memória”, comenta João Andrade.
“Eu, A Viola e Deus” conta com os depoimentos de diversas figuras que fazem parte da trajetória de Boldrin, como Patricia Maia Boldrin, Rosa Maria Boldrin e Adilson Boldrin, esposa, irmã e sobrinho do apresentador; dos amigos Aldo Pedersoli e Francisco Zeleskinar (Chiquinho); do sanfoneiro José Clovis Franco (Orelha); e do barbeiro Alfredo Gaspar dos Santos.
Relembrando
Em entrevista exclusiva para a Revista Circuito, em julho de 2017, o campeiro tão íntimo da terra (como descreveu o escritor Érico Veríssimo) lembrou momentos importantes da carreira, fala do seu papel no novo filme nacional e comenta sua relação com a Granja Viana. “Vou dizer uma coisa que vocês da revista devem ouvir todos os dias: vim para a Granja Viana por causa do sossego. Há 60 anos, morava no bairro de Pinheiros, em São Paulo, e tinha um sítio em Porto Feliz, a 100 quilômetros da capital, para descansar nos fins de semana. Como sou interiorano, a gente quer sossego e descanso, ainda mais quando se tem um trabalho estafante. Vendi o sítio, mas queria uma casa no campo. Na época, eu fazia o Programa Som Brasil, na Rede Globo, e como também fazia muitos shows, precisava de um refúgio para descansar. Conheci a Granja por intermédio do ator Otello Zeloni, que fazia o programa humorístico Família Trapo. Ele tinha uma casa aqui perto e cheguei a visitá-lo. Era um lugar gostoso e tranquilo. Então, comprei uma casinha aqui há 25 anos. A princípio, era um local para passar os fins de semana, mas passei a ficar mais tempo. A casa era pré-fabricada, de muito bom gosto, com 5 mil metros de terreno, piscina, sauna, parecia até mesmo um sítio. Comecei a gostar do silêncio do lugar e da facilidade de andar pelas ruas, que hoje não se encontra mais, e acabei ficando. Hoje, para mim, eu moro no interior”, contou.