Há oito meses, Leonardo Bagarolo e Evelin Camargo vivem um novo capítulo de suas vidas em uma casa espaçosa de mais de 300 m² e cercada por área verde, no Condomínio Vintage, na Granja Viana. A mudança para o novo lar foi motivada por um objetivo especial: oferecer mais conforto e liberdade aos seus cinco pets — uma pinscher, dois dogues ingleses, um Spitz Alemão e uma gata — que antes dividiam um apartamento no Morumbi com espaço limitado.
Jovens — ele com 36 anos, ela com 34 —, Leonardo e Evelin construíram uma trajetória marcada por talento, dedicação e um timing certeiro para as oportunidades. Curiosamente, suas histórias se cruzavam muito antes do primeiro encontro. Ambos são do interior de São Paulo — ele de Artur Nogueira, ela de Pedreira — e, desde cedo, cultivaram paixão pelas artes. Evelin fez cursos de teatro na infância, enquanto Leonardo se formou em Cinema. Apesar do amor pela arte, o sonho parecia distante e financeiramente inviável. Foi então que ambos decidiram trilhar novos caminhos.
Evelin formou-se em Economia e ingressou como trainee em uma multinacional. Leonardo, dois anos antes, havia feito o mesmo — na mesma empresa. Trabalharam em cidades diferentes, mas foi através de amigos em comum que se conheceram e iniciaram um namoro à distância. Com a chegada da pandemia, Leonardo, então morando em São Paulo, passou a quarentena com Evelin em Ribeirão Preto. O isolamento, somado à convivência intensa e à afinidade com os animais, deu origem a um novo projeto: a criação de conteúdo para internet com seus pets. Um sucesso imediato que transformou suas vidas.
Vocês fazem sucesso com perfis diferentes em diversas plataformas de internet: os perfis de Mada e Bica, e da gatinha Lola no Tik Tok, Instagram e Facebook, e os perfis pessoais de vocês, Leonardo Bagarolo e Evelin Camargo, onde brincam com questões de casal. Como vocês se conheceram?
Leo: Eu cursei faculdade de Cinema, em Salto, no Interior de São Paulo, mas quando me formei achei que precisava seguir um caminho que me desse um retorno financeiro mais rápido para que eu pudesse me sustentar minimamente. Então fui buscar uma carreira corporativa, comecei num Call Center, trabalhei em banco e depois consegui uma oportunidade como trainee na Leroy Merlin, onde trabalhei por 7 anos.
Evelin: Eu gostava de teatro desde a infância, fiz cursos, mas na hora de escolher uma faculdade também busquei uma carreira mais segura e fui cursar Economia na Faculdade Federal de Alfenas, MG. Formada, trabalhei um ano no SEBRAE e depois também consegui uma oportunidade como trainee na Leroy Merlin. No mesmo programa que o Leo entrou dois anos antes. Mas ele ficava no escritório em São Paulo e eu fui trabalhar em uma loja, em Ribeirão Preto. Nos conhecemos por amigos em comum em 2018 e começamos a namorar a distância.
Leo: Eu ia pra lá todo final de semana. Um jovem apaixonado.
Evelin: Mas ai, em 2020 veio a pandemia e no momento em que tudo fechou, ele estava na minha casa em Ribeirão. O Leo foi com uma muda de roupas para passar o final de semana e acabou ficando oito meses. O trabalho dele era administrativo e podia ser feito em homeoffice.
E como começaram a trabalhar com internet?
Leo: Começou quase como uma brincadeira, ainda em 2019, um pouquinho antes da pandemia.
Evelin: Primeiro criamos um perfil da Mada, que é uma Buldogue Inglês muito fofa. Postávamos pensando no público que gosta de conteúdos mais leves e se identifica com pets animados, e suas brincadeiras do dia-a-dia. Além da Mada a gente já tinha uma pinscher, a Bica, mas esta raça é mais espivitada, então tínhamos mais dificuldade para fazer estes posts estáticos com ela. Ainda assim, já começamos a estreitar a relação com algumas marcas, e receber alguns produtos.
Leo: Só que nesta época da pandemia teve um boom do Tik Tok e a gente começou a fazer vídeos curtos com as duas cachorrinhas.

Evelin: O Leo criou vozes pra elas. A Bica com uma vozinha bem estridente, nervosa, brava. E isso começou a fazer muito sucesso. Vídeos em que elas interagem e conversam.
Leo: talvez por ser um momento de muita dor, de pessoas perdendo parentes, empregos… um conteúdo mais leve, de humor na internet começou a viralizar. Começamos, então, a colocar em prática os conhecimentos artísticos que já tínhamos, com interpretação, roteiros etc. Nós criamos personagens: os “pais” de pets. Não estávamos tão expostos como nos nossos perfis pessoais de hoje. Criamos um universo meio pioneiro nesta área de pets, falando e contando suas rotinas.
Vocês continuavam na Leroy?
Evelin: Sim, a gente fazia as duas coisas. Mas conforme o canal foi se consolidando começamos a pensar em nos dedicarmos só à internet. Então iniciamos um movimento gradual. Primeiro saiu o Leo, em 2021 e depois de um ano eu saí. Porque também não era fácil abandonar aqueles empregos, com bons salários e benefícios como plano de saúde e odontológico, entre outros por uma carreira on-line.
E quando foi que vocês começaram a fazer também os perfis pessoais além do perfil da Mada e Bica, e da Lola?
Evelin: Quando a gente passou a se dedicar integralmente à internet, também lançamos os perfis que temos hoje, voltados ao relacionamento de casal. Nos nossos perfis também fazemos vídeos com amigos e parentes.
E hoje vocês mantêm os perfis da Mada, da Bica, da Lola e os de vocês. Qual faz mais sucesso?
Evelin: O perfil da Mada e da Bica tem 9 milhões de seguidores no Tik Tok e quase 2 milhões no Instagram. Tem gente que segue a Mada e a Bica, e a Lola e não sabe que fazemos conteúdo de casal. E também acontece o contrário. Muitos seguem os nossos perfis e não seguem o perfil da Mada e Bica, e o da Lola. E tem aqueles que conhecem e seguem todos. Nos nossos perfis pessoais nós publicamos vídeos de casal em collab.
Leo: O perfil da Mada e da Bica, e da Lola juntos tem mais seguidores e os nossos perfis pessoais têm mais engajamento. As pessoas compartilham muito os nossos vídeos de casal porque geram muita identificação. Contamos histórias que todo mundo já passou por ou conhece alguém que já viveu algo parecido. Nos nossos perfis não somos personagens, somos nós mesmos, mas isso não quer dizer que tenhamos vivido tudo o que está lá porque nos inspiramos em outros casais também.
Evelin: hoje o perfil da Mada e Bica, que também inclui os outros pets da família é bem focado no setor pet. E os nossos são mais generalistas. Nos nossos perfis podemos pode falar de tudo o que interessa ao homem, a mulher, aos casais…
Como vocês lidam com a necessidade de produzir conteúdo o tempo todo?
Leo: Isso já teve um momento que foi mais nocivo na nossa vida. Em períodos muito recentes, chegamos a fazer duzentos vídeos em um mês, ou seja, acordávamos e dormíamos pensando em gravar conteúdo, viajávamos gravando, íamos ver a família postando… se estivéssemos acordados era para gravar conteúdo. Foi um período difícil, mas necessário para chegarmos na consolidação que temos hoje. O volume trouxe engajamento.
Evelin: Hoje conseguimos trabalhar com um calendário de produção para as marcas que divulgamos e também temos mais liberdade de criação nos nossos perfis pessoais.

“Tanto eu quanto o Leo somos apaixonados viagens, por conhecer o mundo, lugares diferente e novas culturas. Desde que começamos a ter esta liberdade maior para gravar o nosso conteúdo em qualquer lugar, as viagens começaram a ser uma prioridade nas nossas vidas. Conhecemos muitos países, mas ainda faltam muitos. Esse é um dos nossos maiores prazeres hoje em dia. Nunca imaginamos que teríamos esta facilidade para viajar e hoje esta é uma das nossas maiores conquistas.” Evelin Camargo
E como é o processo de criação de vocês?
Leo: A gente anota muita coisa do nosso dia-a-dia. Até discussões que temos, de repente paramos para pensar que aquilo é um bom conteúdo. Nós somos memes prontos de nós mesmos (risos). Também nos inspiramos muito em conteúdos que estão em alta na internet. Se está todo mundo falando do frio, a gente produz um conteúdo do casal no frio. Fazemos um roteiro, gravamos, editamos e postamos.
Vocês têm haters? Como vocês lidam com críticas?
Léo: O nosso conteúdo é muito “Family friend” então não temos muitos haters. Quando a postagem viraliza sai da nossa bolha de seguidores, quando chega a pessoas que não nos conhecem, que não nos viram antes, ou que não conhecem o nosso estilo, naturalmente você pode atrair uma pessoa que tem uma opinião diferente da sua. Mas isso não quer dizer que ela seja um hater.
O hater é aquela pessoa que só fica destilando ódio na internet e acaba afetando muito a gente, porque faz acharmos que estamos errados o tempo todo. Eu confesso que não lido muito bem com isso e já passei por muita terapia para lidar. Por isso tomamos muito cuidado com tudo o que publicamos para realmente não ser mal entendidos. E isso é uma parte triste da internet, essa exposição. Porque você está sujeito e não só a comentários bons.
Quantas marcas são clientes de vocês hoje?
Evelin: Temos seis ou sete marcas fixas, que estão com a gente há muito tempo, principalmente na área pet, no perfil Mada e Bica, que é um mercado bem restrito. Nos nossos perfis pessoais, também temos marcas fixas. E tem as ações mais pontuais como um lançamento de filme, de um produto ou serviço, além das ações em datas comemorativas, como a do Dia dos Namorados, quando somos bastante procurados. Hoje já conseguimos escolher as marcas com as quais vamos trabalhar porque se a gente realmente usa e gosta do produto é muito melhor.
E quais são os projetos futuros?
Leo: Já temos uma linha de produtos com Mada e Bica, com tapete higiênico e protetor de bancos, licenciados com a Dog’s Care. Vamos lançar as pelúcias da Mada e Bica, além de comedouros interativos e outros brinquedos pet.

Pretendemos estrear no teatro. Estamos em vias de começar a ensaiar, temos o roteiro pronto, a equipe de produção montada, só estamos aguardando fechar alguns patrocínios, mas a peça de teatro é o próximo passo que vamos dar.
E é voltada para as questões de casal também?
Leo: É de casal, mas tentamos fugir um pouco só da comédia. Tem um pouco de drama. No ano passado também fizemos um curta metragem que foi voltado para os temas que costumamos abordar e foi bem legal. Mas agora também queremos mostrar um pouco um outro lado nosso. A peça esperamos estrear ainda este ano ou no máximo no início do ano que vem.
Evelin: Também estamos trabalhando em outro curta metragem em parceria com um influenciador amigo nosso. Também mais para o humor, mas com uma crítica social maior.
Evelin: E é importante dizer que para tudo isso, ainda estudamos bastante, fazemos cursos de atuação, de canto, de dança….Estamos sempre em busca de melhorar a nossa principal ferramenta de trabalho que somos nós mesmos.
O trabalho de vocês na Internet está permitindo que vocês voltem às vocações originais do teatro e cinema…
Leo: Exatamente. Não é barato estudar artes. Você precisa dedicar tempo e não necessariamente você tem retorno imediato. Você tem de estudar sempre… Hoje temos uma liberdade de rotina muito maior que nos permite estudar artes durante uma tarde inteira em dia de semana. Em março fizemos um curso no Rio de Janeiro e ficamos uma semana lá, por exemplo.
E como vocês vieram para a Granja Viana?
Leo: Estamos aqui há oito meses. Desde 2020, quando saímos de Ribeirão Preto e viemos para São Paulo, morávamos em um apartamento no Morumbi. Primeiro moramos num apartamento alugado e depois compramos um, muito próximo, no mesmo bairro. Só que hoje temos cinco pets e o apartamento começou a ficar pequeno. Temos a Mada, a Bica, a Lola, que é a nossa gata, o Plinio, que era da minha mãe e ficou com a gente depois que ela faleceu, no ano passado. E o último que entrou para a família foi o Afonso, que é outro Buldogue inglês. Então cinco pets em um apartamento começou a ficar apertado. Além disso, depois que a minha mãe faleceu, também começamos a pensar mais na nossa vida pessoal do que só no trabalho como antes. Resolvemos curtir mais o que já conquistamos.
Evelin: Também temos alguns amigos que vieram morar aqui na Granja. E por isso, começamos a procurar aqui.
Leo: Visitamos muitos condomínios da região. Casas que gostavámos eram inacessíveis financeiramente ou então a gente gostava de uma casa que tinha acabado de ser vendida. Outra era quase legal, mas faltava alguma coisa. E como queríamos uma casa já pronta, precisava se encaixar muito com o que estávamos procurando: Um lugar muito calmo, com muito verde, aconchegante, onde coubessem todos os nossos pets.
Leo: Então, um dia, o corretor ligou e disse que tinha acabado de entrar uma casa, que não era no valor que queríamos, mas que era a cara da gente, que íamos amar. Viemos visitar e realmente pensamos que depois desta, qualquer casa que fossemos visitar não íamos mais gostar. Tinha que ser esta. E estamos adorando a Granja.
Evelin: E o Leo virou o maior dono de casa. Ele passa o dia inteiro mexendo no jardim, na piscina, concertando coisas, eu nunca imaginei na vida que ele faria isso.

Leo: Mudar pra cá fez muito bem para os pets e pra nós também.
Evelin: Temos descoberto muito sobre a Granja e sobre a região.
Leo: Conhecemos muitos lugares que nem achávamos que eram tão legais e que acabam sendo uma surpresa boa. E tudo com uma cara muito de interior, que traz uma calma grande para a gente. Uma nostalgia até.
Um lugar que vocês já curtem por aqui?
A gente vai muito ao Open Mall The Square. Tomamos café da manhã todo domingo lá. E frequentamos aquela feirinha de artesanato que eles fazem, gostamos por ter cinema, restaurantes, shows, tudo no mesmo lugar.
Evelin: E as cidades vizinhas também são muito legais. Fomos pra São Roque com a minha mãe no Dia das Mães e saímos de lá apaixonados pela cidade. Na Estrada do Capuava também tem restaurantes legais. O próprio condomínio promove eventos muito bons.
Leo: Começamos a ver coisas que nunca imaginamos. Aqui atrás do condomínio tem um templo budista tibetano. Eu não sabia que havia tantos lugares diferentes aqui. Tem até tanque para treinar mergulho.
Leo: E temos feito muitas amizades com vizinhos. Nunca tivemos isso. Aqui estamos passeando com os cachorros e já fazemos amizade com alguém. As pessoas na Granja Viana são muito amigáveis, solícitas, se ajudam bastante. É algo que chama muito a atenção.
Evelin: Gostamos tanto que estamos trazendo a minha mãe para morar em um condomínio aqui perto, se fosse em São Paulo ela não iria.
E vocês pretendem ter filhos?
Evelin: Temos planos, mas não agora. Um pouco mais para a frente. Eu até estou fazendo congelamento de óvulos para garantirmos isso para o futuro, mas mais planejado.
Por Mônica Krausz













