Há tempos, a Granja Viana vive um momento de crescimento acelerado e desordenado. O boom imobiliário da região afeta diretamente o crescimento populacional que, por sua vez, afeta a mobilidade urbana. O trânsito de automóveis está no limite da capacidade do bairro, da paciência das pessoas e da sustentabilidade do ecossistema. Isso sem mencionar a ausência de calçadas, mobiliário urbano e equipamentos públicos, grande quantidade de imóveis desocupados, pouca sinalização e delimitação imprecisa dos espaços e falta de segurança. Esses problemas vêm sendo discutidos, há muito, pela comunidade. E agora, a solução para eles parece estar bem próxima.
A Prefeitura de Cotia está estudando a possibilidade de efetuar diversas melhorias no triângulo formado pelas três ruas do chamado Centrinho da Granja Viana: Avenida São Camilo, Rua José Félix de Oliveira e Rua Ushima Kira, dentro do programa Revitaliza Cotia. “Este estudo visa a melhorar a infraestrutura local no que se refere a mobilidade urbana, acessibilidade, iluminação pública, segurança, estacionamento, paisagismo, programação visual e de outras necessidades”, explica o secretário de Desenvolvimento Urbano, o arquiteto José Roberto Baraúna.
Em 22 de fevereiro, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano de Cotia reuniu-se com proprietários, empreendedores e moradores da Av. São Camilo para apresentar o conceito do Programa, que prevê quatro fases e conta com a participação, também, das Secretarias de Gestão Estratégica e Inovação, Transporte e Trânsito, Segurança e Obras e Serviços. O encontro teve como objetivo principal apresentar um diagnóstico da situação atual mostrando exemplos de soluções adotadas em outras cidades e ouvir dos participantes suas aspirações, necessidades e ideias, visando à criação de um “novo polo de negócios para Cotia, revitalizando o Centrinho da Granja Viana”, completa Baraúna. Uma nova reunião está agendada para o dia 5 de março, desta vez com proprietários, empreendedores e moradores da Av. José Félix de Oliveira e Rua Ushima Kira. “Estas reuniões iniciais com os proprietários e empreendedores têm como finalidade afinar as ideias para a melhoria da região, com aprovação mínima de 60% dos participantes no processo”, explica. A reunião com a comunidade acontecerá no fim do processo, quando será apresentado o pacote total das propostas.
O que prevê o projeto
Novo acesso no km 23
Alargamento de calçadas e inclusão de acessibilidade
Mobiliário Urbano e Paisagismo
Transformar o espaço público e comercial
Monitoramento eletrônico 24h
Criação de Espaço Cultural
Revisão do Plano Diretor
Criação de Boulevard
Espaço para eventos e feiras
Boulevard
O Projeto prevê a canalização do córrego Potion e a implantação de um boulevard na região da Rua Nova Amazonas, um espaço de convivência com restaurantes, ciclovia com cerca de 3km e áreas de lazer, além de espaço para eventos e atividades culturais. “A ideia é despoluir e canalizar o córrego, reurbanizando toda a área”, explica Baraúna.
Por onde começar?
O “Revitaliza Cotia – Granja Viana” terá quatro fases: São Camilo, José Félix de Oliveira, Ushima Kira e Boulevard. “Começaremos pela fase que o grupo achar mais importante e prioritário”, ressalta Baraúna, informando que o Boulevard será, independentemente de qualquer escolha, a última fase do projeto, porque demanda licenciamento ambiental na Cetesb e DAEE, por se tratar de uma Área de Preservação Permanente (APP).
Imbróglio da Raposo Tavares
Representantes do Executivo de Cotia e do Departamento de Estradas de Rodagem se reuniram, no fim do ano passado, para dar andamento aos projetos de melhorias e soluções para o trânsito da Rodovia Raposo Tavares, nos km 26,5 e km 23, pontos de grandes congestionamentos diariamente. A ideia inicial é criar, no km 23, um novo retorno, sentido Cotia, entre a Padaria Dona Deôla e o Habib’s e, para o km 22,800, a proposta é a criação de uma nova alça com elevado para o acesso à Rodovia no sentido São Paulo. Segundo Baraúna, o custo estimado é de R$ 30 milhões. “Já foi colocado no orçamento do Estado e acredito que, no ano que vem, tenhamos novidades”, aposta.
Mudanças viárias
No quesito mobilidade urbana estão sendo adotadas práticas do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP) que, durante seus 30 anos de atuação, é uma das organizações que lideram atualmente o debate, as ações e políticas para a promoção de transportes sustentáveis em todo o mundo. Sobre mudanças viárias, a proposta do “Revitaliza Cotia – Granja Viana” prevê mão única sentido Carapicuíba na Rua José Félix de Oliveira e na Avenida São Camilo, mão única no sentido Rodovia Raposo Tavares. E o tráfego interno será feito por ruas alternativas, como Roma, Zurick (que, em breve, será asfaltada), Basileia, São Luis, Dom Joaquim, Nova Amazonas, entre outras. Pelo projeto, uma nova via poderá ser aberta na área da família Ishimura. “Nós vamos começar a fazer os testes com o tráfego na região. Sabemos que não vamos agradar a todos, mas mudanças terão de acontecer. Para valorizar a região, esta revitalização precisa sair do papel”, avalia Baraúna, que há mais de 20 anos mora na Granja Viana e sabe bem das dificuldades da região.
Relembrando
Pensando nas ações e soluções práticas que poderiam ser encaminhadas às entidades responsáveis pelo planejamento urbano da nossa região, a Revista Circuito organizou o 1º Circuito Intermodal da Granja Viana, reunindo uma turma de moradores para percorrer uma das avenidas do bairro, a São Camilo, utilizando diversos meios de transporte. O desafio, realizado em setembro de 2016, chamou a atenção para as dificuldades diárias relacionadas à mobilidade urbana dentro da Granja Viana e apontou, na época, algumas questões que agora começaram a ser avaliadas pelo Poder Público. Entre elas, a criação de ciclovia e readequação de calçadas, pavimentos, entradas e saídas de estabelecimentos comerciais e casas.
Verticalização à vista?
A Granja Viana, que se diferenciou da região como um bairro charmoso, rodeado de muito verde, vive, mais uma vez, a polêmica da tão temida verticalização. A revisão do Plano Diretor de Cotia prevê mudanças na lei de uso e ocupação do solo, com gabarito máximo permitido em locais definidos em audiência e outorga onerosa do direito de construir, também conhecido como “solo criado”, uma concessão emitida pelo município para o proprietário do imóvel edificar acima do limite estabelecido, mediante contrapartida financeira a ser aportada. “Sou de posição favorável à construção de prédios no centro da Granja Viana, com gabarito máximo de oito pavimentos e ocupação de, no máximo, 50% do solo. Melhor do que colocar muitas casas em único terreno. Não podemos engessar a Granja Viana com esta de não à verticalização”, polemiza Baraúna. Mas ele justifica: “Hoje, o conceito de urbanismo é de compartilhar”.02
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