Anne Surita

CAPA

ANNE SUPERMÃE

 Anne Surita chegou à redação da REVISTA CIRCUITO para trazer um pouco de serenidade em meio à agitação da semana de fechamento.

Concedeu entrevista e compartilhou com toda a equipe de alguns momentos de sua vida em família, por meio de fotos antigas, gostosas de ver. Cada imagem vinha seguida de um comentário entusiasmado, como de alguém que curtiu intensamente e valorizou cada segundo da vida.

Ela ficou tão à vontade que nem parecia estarmos no segundo encontro. O primeiro, para a seção de fotos, aconteceu no conforto de sua casa, na Granja Viana, onde vive com o marido, o apresentador Emílio Surita, e os dois filhos, nem um pouco intimidados com a máquina fotográfica.

Também, filho de peixe peixinho é.

Os meninos seguiram os passos do pai e estão bastante decididos em continuar arrancando suspiros das garotas. Emílio Eric (ou Emilinho), que completa 21 anos agora em maio, foi contratado pelo SBT para o remake Chiquititas, que entrará ao ar no segundo semestre. Já o caçula, Dudu, 20, despontou como colírio da Capricho, apresentador e modelo, e deve crescer no ramo musical, algo que adora. E Anne, de acordo como está escrito em seu Facebook, é full time Wife & Mommy (mãe e esposa em tempo integral).

Entendemos o recado de Pepela, apelido carinhoso criado por Emílio para esta sueca abrasileirada, leonina, apaixonada pelo maridão, louca pelos filhos, amante da Granja e que contou, de coração aberto, um pouco de sua vida, que envolve assuntos −  alguns polêmicos − como a bulimia, o contato com a família Bin Laden e o fato de ter abandonado a profissão dos sonhos.

Dona de um sorriso contagiante e um par de olhos azuis de fazer estremecer as estruturas, Pepela pode colocar a fantasia de heroína, afinal, é um modelo de mãe moderna, companheira, presente e que mostra sua tristeza – no bom sentido − de ver os filhos cada vez mais independentes dela.

Tudo isso sem perder a força e o poder de uma Supermãe.

Revista Circuito: Anne, apresente-se para os nossos leitores e conte um pouco de sua história.
Anne Surita: Nasci em Uppsala, uma cidade universitária da Suécia, perto de Estocolmo, e fui criada lá até os meus 19 anos. Com 16 anos, eu já percebia que não era igual aos outros suecos. Eu era mais espontânea, mais louca e tinha a certeza de que não ficaria por muito mais tempo no país. Desde cedo, eu tinha o sonho de ser aeromoça e sempre gostei muito de idiomas; falava muito bem inglês e francês e isso me colocava em contato com as pessoas. Na época, não tinha muito intercâmbio e fui para a Inglaterra trabalhar como babá. Depois de uma semana, meus patrões perceberam que eu não tinha autoridade nenhuma com a criança e então fiquei como empregada doméstica. Foi uma experiência muito boa, porque aprendi a dominar o inglês. Então, nas férias da escola, eu viajava para ganhar meu próprio dinheiro.

Revista Circuito: E quando você acabou a escola, prestou faculdade?
Anne Surita: Meu pai sempre sonhou que eu fosse professora acadêmica. Eu disse: “nem pensar”. Não queria fazer faculdade, pois meu sonho era ser aeromoça. Enquanto esperava a idade certa para me candidatar, trabalhei como guia turística e, inclusive, fui guia da família Bin Laden, dos irmãos e irmãs mais velhos do Osama. Então fui para a Suíça ser guia turística em uma estação de esqui. Aprendi a esquiar, mas não me dei muito bem como guia; candidatei-me a uma vaga de aeromoça em uma companhia aérea da Suíça e consegui realizar meu sonho. Nesse período, aprendi windsurfe e dediquei-me, por quatro anos, ao esporte. Morei no país por dez anos.

Revista Circuito: E como você conheceu o Brasil e o Emílio?
Anne Surita: Comecei a viajar para o Brasil por causa da profissão. Apaixonei-me pelo Rio de Janeiro, pelas mulatas, pela caipirinha. Ficava impressionada com as mulheres daqui, que não tinham vergonha do corpo. Aprendi a falar português para a companhia viabilizar mais as minhas vindas ao país. Em 1988, fui a um baile de Carnaval com uma turma, e o Emílio estava cobrindo o evento pela Bandeirantes. Ele veio me entrevistar e foi amor à primeira vista. Ele continuou trabalhando e depois voltou com o telefone anotado em um papel. Passei meu telefone na Suíça e nos falamos diversas vezes. A cada folga, eu vinha ficar com ele.

Revista Circuito: E depois, você veio embora de vez?
Anne Surita: Sim. Depois de um ano, deixei meu emprego, vim para o Brasil e disse: “Emílio, estou aqui com minhas malas e quero que você cuide de mim”. Ele ficou bravo comigo, por eu ter largado meu emprego e ter deixado um país seguro para trás. Mas eu achava o amor que sentia muito mais importante do que tudo. Então, ele cuidou de mim e fomos morar juntos. Peguei meu fundo de garantia, juntamos a grana e compramos um apartamento na Vila Mariana.

Revista Circuito: Você sofria de bulimia. Como foi essa fase e como se curou da doença?
Anne Surita: Não tenho vergonha nenhuma de falar sobre o assunto. Hoje, ajudo e dou conselhos a algumas fãs dos meninos, no Facebook e no Twitter, que acabaram de descobrir a doença. Sofri de bulimia dos 15 aos 32 anos e, na época, ninguém sabia nada sobre esse assunto. Minha vida foi muito feliz, mas com este lado negro. Quando conheci o Emílio, fiquei completamente curada e não voltei a ter nenhum sintoma novamente.

 Revista Circuito: Vamos falar de maternidade? Como foi, e está sendo, a experiência de ter dois filhos?
Anne Surita: Nunca sonhei em ser mãe por causa da bulimia. Sabia que não poderia ter uma gravidez saudável nessas condições. Bom, eu e o Emílio não casamos no papel, apesar de eu me sentir a mulher mais casada do mundo. Por fim, depois de namorar três anos, em 1991 eu engravidei. Ele ficou bravo durante três dias e depois anunciou que a Pepela (que era eu) estava grávida e esperando um Pepelinho. Ele inventou esse apelido justamente nessa época, quando anunciou a minha gravidez. Foi uma delícia. Ele ficou grávido junto comigo. Engordei 16 quilos. Quando o Emilinho nasceu, Emílio foi maravilhoso como pai e, mesmo trabalhando muito, sempre foi presente.

Revista Circuito: O segundo filho veio logo depois do primeiro, certo?
Anne Surita: O Emilinho foi um bebê muito tranquilo, não tinha doença, comia bem e era gordinho. Então, eu achava que a maternidade era um eterno mar de rosas. Descuidei e, quando o primeiro tinha apenas 7 meses de vida, engravidei novamente. Os dois têm um ano e cinco meses de diferença. Então, vi as dificuldades de ser mãe de dois bebês. Foi um conflito, porque eu via o quanto o Emilinho sofria e, às vezes, até me rejeitava. Dudu era uma criança magra, que comia mal e ficava doentinho. Bendita seja a minha sogra, a Aurélia, que tanto me ajudou. Estava sempre comigo quando eu precisava.

Revista Circuito: Qual a sensação que dá vê-los grandes, bonitos e saudáveis e, ainda, artistas?
Anne Surita: Quando eu engravidei, não me lembro de ninguém ter avisado que um dia eles cresceriam e ficariam independentes. Foi uma surpresa descobrir que eles tinham ficado famosos. O pai ficou apreensivo porque ele sabe bem como é o meio. Eu fiquei deslumbrada. Juntei-me com a Karina Sato, irmã da Sabrina Sato, para que ela me ajudasse a administrara vida profissional dos dois. Hoje, eles não querem saber da mãe (risos).
Estão independentes. O Emilinho trancou a faculdade de Jornalismo e assinou contrato com o SBT para integrar o elenco de Chiquititas, e o Dudu, depois da loucura que foi na revista Capricho, está mais tranquilo, cursando Rádio e TV na Faap e quer investir nas carreiras de apresentador e músico. Estou sempre por perto, para tudo o que eles precisarem.

Revista Circuito: Como vocês vieram parar na Granja?
Anne Surita: Estava procurando casas em um jornal e descobri os bairros de Granja Viana e Alphaville. Resolvi conhecer os dois e, como europeu gosta de verde, achei a Granja a minha cara. Em 1984, viemos morar aqui, tínhamos pouco tempo de namoro. Dói ver a forma como a Granja está crescendo, e percebo que os verdadeiros granjeiros estão indo embora. Parece que essas pessoas que estão autorizando os empreendimentos sem critério algum não têm carinho pela cidade.

Revista Circuito: O que curte fazer pelo bairro?
Anne Surita: Bom, amo minha casa e meu jardim. Quando não estamos em casa, nos reunimos com mais três casais de amigos de longa data. Nosso ponto de encontro sempre foi em um restaurante do centrinho, e, antigamente, levávamos os nossos filhos pequenos com a gente. Papeávamos até altas horas. Agora, imagine oito crianças brincando e correndo pelo restaurante. O proprietário ficava louco (risos). Nos encontramos com frequência até hoje. Tenho muitas boas lembranças da região e meus filhos amam este lugar.

Revista Circuito: Você é uma supermãe?
Anne Surita: Eu acho que sou uma boa mãe e tenho muito orgulho de mim, apesar de saber que não sou perfeita. Nunca achei que fosse capaz e me dei bem neste papel. Tento não ser controladora demais, pois acho que eles têm de escolher o que os faz feliz. Não quero que eles tenham medo da vida, e sim que confiem em si mesmos, corram atrás de seus objetivos e andem sempre pelo caminho do bem, conquistando sem machucar as pessoas. Amo meus filhos e tenho muito orgulho deles.

MÃE E FILHOS

Nome completo: Anne Ingegerd Skoldberg Luyet.

Para Anne, é muito engraçado como cada um tem sua personalidade, apesar de terem saído da mesma barriga, terem tido a mesma vida e a mesma criação.
Emilio Eric Paulo Skoldberg Surita – Data de Nascimento: 28/5/1992.
Segundo a mãe, ele é mais parecido com ela. Adora curtir a vida de forma leve e com muita alegria, porém, é focado quando necessário.
Eduardo Jan Harry Skoldberg Surita – Data de Nascimento: 12/11/1993.
Anne afirma que ele é muito parecido com o pai, mais reservado e bravo, além de ser bastante franco.

Como uma boa internauta, tem Facebook e Twitter (que aprendeu a mexer na raça) e adora interagir com as fãs. www.facebook.com/PepelaAnne / www.twitter.com/pepela_anne

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