Atriz Priscila Fantin busca qualidade de vida na Granja Viana e revela novos projetos

Em 1999, Malhação Múltipla Escolha apresentava ao Brasil uma atriz que viria a brilhar em muitos outros papéis da dramaturgia: Priscila Fantin. Depois de viver, aos 16 anos, a adolescente Tati, protagonista da temporada, ela engatou um papel atrás do outro, em folhetins como Esperança (2002), Chocolate com Pimenta (2003), Alma Gêmea (2005) e Sete Pecados (2007). Em uma conversa exclusiva com nossa equipe, a atriz reflete sobre os 25 anos de sua carreira. Ao fazer o balanço, destaca a diversidade de personagens que interpretou, comenta sua participação no quadro Dança dos Famosos, compartilha como o autoconhecimento se tornou um caminho essencial para ela e revela detalhes sobre seus projetos futuros, incluindo um longa na Netflix, uma peça que vai percorrer a costa leste americana e um canal no YouTube sobre os bastidores da reforma de sua casa dos sonhos, aqui na Granja Viana. Sim, Priscila é nossa vizinha! Veio em busca de qualidade de vida e conexão com a natureza. Fala sobre maternidade e da relação com o marido Bruno Lopes, com quem já renovou os votos cinco vezes – e em lugares diferentes! Esta entrevista revela não apenas a versatilidade da jovem atriz, mas também sua jornada de autodescobrimento e a importância do amor próprio.

Você estreou em Malhação, aos 16 anos. Olhando para trás, gostaria de ter feito algo diferente em sua trajetória profissional?
Absolutamente nada, porque tudo foi acontecendo de forma natural. Abracei o que a vida me ofereceu, com gratidão, autoconfiança e uma boa dose de intuição. Dei conta do que tinha que dar e trilhei exatamente o caminho que precisava para minha evolução pessoal.

Faça um balanço da sua carreira.
Fiquei um ano e meio em Malhação, depois fiz uma novela das sete, Filhas da Mãe, e fui fazer protagonista de novela das oito, Esperança, e isso foi um divisor de águas porque ali entendi o que era interpretar. Entendi que interpretaria sentimentos e vivências que não tinha na minha bagagem. (para e pensa) Acho que o caminho que fiz foi lindo, corajoso e muito entregue. Gostaria de ter tido mais estofo emocional, mais tempo para minha construção interna para que tivesse aspirações e desejos mais concretos. Mesmo assim, não teria feito nada diferente.

Como a arte chegou até você?
Intuitivamente. O início da minha carreira foi improvável! Fui convidada para ser protagonista de Malhação, a partir do meu portfólio como modelo. Nunca me imaginei na TV, não era algo que almejava, mas entendi que era uma oportunidade que não poderia negar. Só depois de alguns trabalhos que emendei, pude estudar técnicas e metodologias de interpretação. Deixei de ser só intuitiva e passei a construir com mais domínio.

Um dos seus papeis mais lembrados é a pimentinha Olga, em “Chocolate com Pimenta”, uma vilã que a gente ama. Após 20 anos, o que mais te marcou durante essa experiência?
A alegria de ter conseguido fazer uma vilã leve e carismática como a Olga se tornou. Chocolate com Pimenta foi uma novela leve e divertida, sob o domínio do meu querido Jorge Fernando (ator e diretor, falecido em 2019). Saudades.

E qual papel mais te marcou?
Maria, de Esperança, pela carga dramática, pela história tão profunda e cheia de camadas, e também por ter feito escola com grandes nomes da dramaturgia brasileira.

Ao assistir seus trabalhos antigos, como você se sente?
Tenho orgulho do meu desempenho, pois era crua, não havia me preparado como deveria. Foi na cara e na coragem. Eu não sabia o tamanho do que estava fazendo, mas era absolutamente comprometida, estudava muito, me enfiava na personagem e vivia. Hoje, eu sei exatamente o que estou fazendo. Mas vejo trechos dos trabalhos antigos e adoro ver a minha evolução e como me jogava.

Houve um período de pausa na carreira, certo?
Fiz muitas personagens, uma atrás da outra. Comecei com 16 anos, não tinha terminado de formar o queria para a minha vida. Eu era adolescente, não tinha me entendido e me construído como pessoa. Tudo foi acontecendo de repente, fui aceitando o que a vida me trazia, fui dando conta, gostando… E quando eu via não sabia o que a Priscila queria da vida dela. Então, eu estava em um momento confuso e precisava me recolher para me entender e me construir. Foi um período em que precisei olhar para mim, me conectar comigo mesma, procurar minha essência e quais caminhos desejava seguir. Precisei fazer um grande balanço, reorganizar tudo internamente.

Tem planos de voltar à telinha?
Em breve, estreio um longa na Netflix e também estou prestes a gravar uma série no mesmo streaming. Estamos, eu e o Bruno, pois temos uma produtora juntos, abrindo um canal no YouTube (All4u) para exibir a série Casa Sonho, sobre a reforma da nossa casa.

Casa na Granja, certo?
Sim! (sorri) Compramos a casa há um ano e nos mudamos em agosto. Agora, falta só o jardim.

Por que a Granja Viana?
Porque queria encontrar qualidade de vida que, para mim, é poder pisar descalça na grama, escutar os pássaros, correr com os cachorros, comer fruta no pé… Eu gosto de mato e, em São Paulo, fica mais difícil encontrar. A conexão com a natureza é vital para mim. Moramos de frente a uma mata preservada.

Como tem sido sua rotina por aqui? Já descobriu lugares especiais?
Ainda não. (suspira) Já fomos na Feira de Artes, de Embu. Mas não consegui parar para curtir, de fato, a região ainda. Estamos administrando os prestadores de serviço e fazendo outros trabalhos fora de casa. Quando estamos por aqui, queremos curtir um pouco a casa.

Há algum tipo de papel ou projeto que você ainda não explorou, mas que gostaria de fazer no futuro?
Posso dizer que estou realizando todos eles, em seus determinados tempos, respeitando cada processo.

Como se prepara para interpretar um novo personagem?
Estudo o contexto, busco referências históricas e faço pesquisas práticas.

Teatro, cinema ou TV?
Não são comparáveis a ponto de poder escolher entre eles. Cada um é um universo muito diferente em técnica, estudo, sensação e resposta. Não tenho preferência. Tenho muita familiaridade com um set de gravação porque passei boa parte da minha vida neles. O bom do teatro é a reação imediata do público. Sentimos o que eles estão sentindo e essa troca traz muita propriedade ao nosso ofício.

Vilã ou mocinha?
Eu me apaixono por cada personagem que vivo, não tenho preferência. Respeito e vivencio cada aspecto das vidas que interpreto.

Drama ou comédia?
No momento, comédia.

Quais são suas influências e inspirações na atuação?
Minhas influências são as que tive oportunidade de contracenar e as histórias que já contei.

Como você mantém sua criatividade e paixão pela atuação ao longo do tempo?
Sou vidrada nos aspectos humanos, gosto de perceber as diferentes respostas possíveis para uma mesma situação, sou curiosa sobre o funcionamento da mente. Cada atuação é um grande aprendizado antropológico.

Você também é bem envolvida em trabalhos sociais, né?
Tenho uma preocupação humana muito grande. Acho que falta humanidade para os humanos. A gente se olha muito pouco no olho e estende muito pouco a mão. Tem muitos precisando.

Você confessou que não se sente confortável dançando, mas venceu a “Dança dos Famosos”. Como foi essa experiência?
Foi uma provação íntima. Ali era eu vencendo a mim mesma a cada apresentação. Foi um processo visceral. Muito importante para mim. (suspira) Tenho vergonha, sou mais reservada, não gosto de chamar atenção. Nunca gostei. Tinha essa luta minha, comigo mesma. Isso foi um dos grandes motivos para decidir fazer. O Bruno (Lopes, com quem é casada desde 2019) me deu suporte. “Vai ser importante para sua evolução interna”, ele disse. Eu sentia seria uma transformação. Inclusive, o funk foi um tabuzão que eu quebrei dentro de mim. Estou muito feliz de ter dado conta.

Uma notícia chamou a atenção nas últimas semanas: “Priscila Fantin e Bruno Lopes se casam pela quinta vez”.
(sorri) E olha que ambos não tinham o sonho de se casar. Gostamos da ideia de manter o frescor de “um namoro que vai acabar em casamento”, sabe? A gente se pede em casamento de novo, depois da última celebração. Também temos o desejo de sermos abençoados das mais variadas formas, culturas e religiões quanto possível for. Por esse motivo fazemos os destination weddings, apenas nós dois, para já curtir a lua de mel no pacote! (risos) Toda cerimônia é muito especial. Elas acontecem em um contexto diferente e em um momento de vida diferente, então, é como se cada uma fosse única e não mais uma.

Trabalhar com o marido pode ser desafiador para separar o pessoal do profissional. Como vocês conseguem equilibrar essa dinâmica?
No nosso caso, só faz com que façamos mais questão ainda de separar momentos de experiências só para o casal. (reflete) Desde que concebemos o espetáculo, vimos que a maneira como enxergamos as nossas carreiras é parecida. Temos uma admiração mútua e confiança absoluta um no outro. Então, a partir desse trabalhos, abrimos uma empresa para produzir o espetáculo e administrar nossas carreiras. Temos muitas ideias e projetos. Como somos gestores de tudo, dos orçamentos, das agendas, precisamos separar o momento em que estamos namorando. Então, prezamos muito pelo tempo do casal, que é um momento sem falar de trabalho, porque se deixar a gente passa 24 horas por dia trabalhando.

De malas prontas, você e seu marido iniciarão um tour pelos Estados Unidos, onde apresentarão a peça autoral “Precisamos Falar de Amor Sem Dizer Eu Te Amo”. Fale deste
projeto.
Estamos finalizando nossa obra e isso ainda toma nosso tempo! As malas serão a última coisa a ficarem prontas! (risos) Fazemos essa peça desde 2018, estivemos em Maputo, Moçambique, rodamos o Brasil e, agora, seguiremos para a Costa Leste americana. Estamos super animados, porque faremos um documentário sobre os bastidores dessa turnê, percorrendo a estrada num motorhome. Vamos entrevistar brasileiros que moram em cada cidade que nos apresentaremos, perguntando sempre “o que é amor” para cada um e qual a saudade, ou não, sentem. Vai ser uma experiência enriquecedora.

E a maternidade, o que representa para você?
Aprendizado diário. Me reconhecer em aspectos do meu filho e me permitir melhorar através do que enxergo. Ensinando a ele ensino a mim mesma. Eu tenho muita dificuldade de ser firme. Quando vejo, já tolerei demais.

Como lida com a exposição, os haters e as cobranças vindas da web?
Não tem relevância para o meu dia a dia, não faz diferença para minhas escolhas e não afeta minha saúde. (para e pensa) Enxergo a limitação da pessoa por trás de um comentário que não é positivo ou construtivo. As redes podem ser uma ferramenta para elucidar dúvidas e ajudar pessoas. Podem ser ferramentas de colaboração e transformação. Uma pena que a maior parte do que é consumido seja o contrário disso.

Para finalizar, aos que aspiram entrar na indústria do entretenimento, qual conselho você daria?
Você nunca deixará de ser apenas mais um grão de areia no universo!

Por Juliana Martins Machado

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