Um planejamento integrado entre a Prefeitura de Cotia, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o Conselho Municipal de Turismo (Comtur) vai dar uma nova vida aos sítios do Mandú e Padre Inácio. Ambos tombados como patrimônios históricos da cidade, os locais vão se tornar, de fato, pontos turísticos na região.
Nessa quinta-feira (28), aconteceu uma audiência pública na Câmara Municipal de Cotia para validar o novo plano de ação nas casas bandeiristas. Raquel da Costa Nery, arquiteta e representante do Iphan, esclareceu que o objetivo principal do projeto é oferecer melhores condições para quem for visitar os monumentos.
“Hoje as casas não contam com uma exposição que esclareça ao visitante a importância e a história dos monumentos. As casas, em si, encantam pelo cenário onde elas estão, pela arquitetura e beleza, mas o visitante pode aproveitar muito mais que isso”, explicou.
Raquel pontou que, para isso, melhorar a infraestrutura dos locais é fundamental, como ter banheiros adequados, bebedouros, mobiliários, etc. “Toda essa parte de melhorar a infraestrutura a gente conta com o apoio da Prefeitura de Cotia e a sociedade civil organizada.”
Presente no encontro, o secretário de Turismo da cidade, José Genival dos Santos, disse que agora, com a renovação do termo de cooperação entre a municipalidade e o Iphan, os investimentos poderão ser ‘legalizados’. “Vai facilitar a busca de emendas parlamentares para podermos investir na área de turismo nessas duas casas bandeiristas”, argumentou.
Genival adiantou que já solicitou a contratação de uma empresa, via licitação, para a reforma completa dos banheiros do sítio do Padre Inácio, os quais, segundo ele, estão sem condições de uso.
Além das emendas, os recursos para as casas poderão ser aplicados com verba do município.
PARTICIPAÇÃO DA FATEC
A audiência de ontem ainda foi marcada pela presença de alunos do curso de Gestão Empresarial da Faculdade de Tecnologia de Cotia (Fatec), que estão elaborando um projeto para potencializar o uso do Sítio do Mandú. Jhonatan Pereira explicou como nasceu a ideia.
“Tudo começou com um trabalho da faculdade, em busca de passar na matéria e tirar uma boa nota, mas conforme fomos conhecendo o local e ouvindo as histórias, isso acabou despertando um interesse maior”, conta.
Eles já haviam se reunido na Secretaria de Turismo para falar do projeto e, após a audiência de ontem, ficaram mais entusiasmados. “A gente quer transformar o Sítio do Mandú em um ponto turístico em Cotia, assim como é o Templo Zulai”, disse Esther Sena.
O grupo, formado por 13 alunos, idealiza, para o dia 15 de junho, uma atividade com exposição de fotos e documentários sobre o sítio. A atividade, que vai acontecer no próprio local, faz parte do projeto ‘Mandú Mandou Bem’, que está sendo desenvolvido por eles. “Vamos promover eventos para as pessoas conhecerem a história do sítio e a sua importância histórica. Queremos transformar o local em um museu”, conclui Jhonatan.
Conheça a história de cada sítio abaixo:
Sítio Mandú
O Sítio Mandu, construído provavelmente no início do século XVIII, constitui um exemplar tardio das habitações bandeiristas e um dos poucos remanescentes deste tipo de arquitetura.
Em 1964, esta propriedade foi doada pela família Kneese de Mello ao Iphan, que realizou, consequentemente, trabalhos de restauração e consolidação no imóvel.
A sede situada à meia encosta, em taipa de pilão e pau-a-pique, com partido compacto, planta retangular e alpendres reentrantes nas elevações principal e de fundos, possui em seu interior uma capela, localizada ao lado do alpendre, com forro e altar decorados.
Em cada lateral da sala, encontram-se dois compartimentos e um cômodo em cada lateral dos alpendres. A sua cobertura, em quatro águas com um longo beiral, possui um desvão utilizável.
Padre Inácio
Já o Sítio do Padre Inácio foi construído em fins do século XVII. Teve como primeiros proprietários o juiz de órfãos Roque Soares de Medela e Luzia Leme, tia do padre Inácio Francisco Amaral, nascido em 1753.
O imóvel constitui-se em valioso exemplar da arquitetura colonial paulista, cujo partido e distribuição de planta foram desenvolvidos apenas em construções residenciais rurais próximas à cidade de São Paulo.
Construído em taipa de pilão, apresenta uma planta quadrada, onde a sala principal se situa ao centro, tendo em suas laterais a distribuição de cômodos. Possui uma varanda reentrante em sua fachada principal, um sótão, cobertura em quatro águas e longos beirais com cachorros de belas formas entalhadas na madeira.
São relevantes as almofadas das portas e janelas, em alto-relevo, com desenhos geométricos. Entre todas as casas ditas bandeiristas, esta é a que, volumetricamente, apresenta proporções mais equilibradas, resultando em grande beleza plástica.
Por José Rossi Neto
Com informações da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo
Novo plano de ação propõe melhorias em casas bandeiristas de Cotia
Projeto foi apresentando ontem durante audiência pública na Câmara Municipal. Com a validação do termo de cooperação, os sítios do Mandú e Padre Inácio receberão recursos que serão aplicados na infraestrutura, divulgação e exposição dos dois patrimônios históricos da cidade