Os moradores do bairro Cachoeira, que faz divisa entre os municípios de Ibiúna e Cotia, ficaram assustados após dois casos de sarampo serem confirmados na região, na semana passada. Dois homens, um de 30 anos e outro de 55, foram diagnosticados com o vírus, sendo que o segundo segue internado no Hospital Regional de Cotia.
Muitas pessoas foram até a Unidade Básica de Saúde do bairro para tomarem a vacina. Mas por recomendação do Ministério da Saúde, as doses são aplicadas apenas em bebês entre seis meses até menores de um ano, além de rotina e atualização vacinal.
“A prefeitura [de Cotia] poderia dar uma atenção especial às pessoas que tiveram contato [com os infectados], pois ficamos perdidos com as informações, de quem poderia tomar a vacina, quem não poderia e quem precisava”, desabafou uma moradora.
A Vigilância Epidemiológica do município, por sua vez, esclareceu que “não está faltando doses da vacina de acordo com o preconizado pelo Ministério da Saúde”. “Para vacinarmos todas as pessoas que procuram as UBS’s teríamos que receber um aporte maior de doses, o que não aconteceu até o momento”, disse o secretário de Saúde de Cotia, Magno Sauter.
Procurado pela reportagem para entender o motivo de o município não ter recebido mais doses da vacina, o Ministério da Saúde não retornou até o fechamento desta matéria.
OS CASOS
Um dos homens diagnosticado com sarampo foi T.V.A.S, de 30 anos. Ele teve sua identidade preservada a pedido de sua família. Sua esposa, que também preferiu não ser identificada, explicou à Circuito como foi que ocorreu.
“Começou como se fosse um resfriado, com dores no corpo, na cabeça, atrás dos olhos, calafrios e queda de pressão.” Esses sintomas, segundo ela, começaram na segunda-feira da semana passada, dia 26.
Após dois dias, começaram a surgir algumas manchas vermelhas atrás da orelha, que logo se espalharam pelo rosto. Levado ao Hospital de São Roque, o diagnóstico foi objetivo: sarampo.
“Disseram para a gente que a vigilância [epidemiológica] de Ibiúna ia em casa para fazer a vacina de reforço de bloqueio, mas isso não ocorreu. As manchas desceram para o peito e atrás do braço. Mas agora já começaram a ficar mais escuras, está melhorando”, conta.
Procurada para prestar esclarecimento, a Prefeitura de Ibiúna disse apenas que o bairro Cachoeira pertence a Cotia. Mas a moradora refutou, afirmando que onde ela mora ainda é Ibiúna.
Após essa matéria ter sido publicada, a vigilância foi até a casa da família e imunizou quem precisava. “Eles disseram que eu fiquei muito exposta, por isso tenho que tomar a segunda dose daqui a 30 dias. Disseram que vão disponibilizar na UBS mais próxima de Ibiúna”, explicou a esposa de T.V.A.S.
Já o segundo homem diagnosticado com sarampo, que segue internado desde quinta-feira passada (29), começou com tosse e febre alta. Após esses sintomas iniciais, as pintas vermelhas começaram a aparecer.
“Na UPA do Atalaia (Unidade de Pronto Atendimento) já o isolaram e depois o transferiram para o hospital de Cotia, porque deu complicações devido à uma pneumonia. Era para ter dado alta no domingo (1º), mas apareceram algumas manchas no pulmão, mas pelo menos está sem febre”, disse um familiar do homem. Segundo o médico que o atendeu, a pneumonia se dá quando agrava o sarampo.
A Vigilância Epidemiológica de Cotia realizou uma ação de bloqueio no local onde o rapaz trabalha. De acordo com o órgão, o bloqueio foi feito de forma seletiva, ou seja, quem não havia se vacinado nos últimos dias, pôde se vacinar na ação que aconteceu no último sábado (31).
147 CASOS AGUARDAM RESULTADOS
Ainda de acordo com a Vigilância Epidemiológica, em Cotia já foram 158 casos de sarampo notificados até o dia 31 de agosto. Destes, sete foram descartados, quatro confirmados e o restante aguarda resultado de análise de exame.
No Estado de São Paulo, 2.457 pessoas já adoeceram e três morreram (entre elas dois bebês, confirmados na última sexta-feira, 30 de agosto). Um desses bebês era do município de Barueri e o outro da capital.
O SARAMPO
O sarampo é uma doença causada por um vírus, transmitido quando alguém doente tosse, fala, espirra ou respira perto de outras pessoas. Tem sintomas similares ao de enfermidades respiratórias: febre com tosse, irritação nos olhos, nariz escorrendo ou entupido e mal-estar intenso. Cerca de três a cinco dias depois, podem aparecer outros sinais, como manchas vermelhas no rosto e atrás das orelhas, que se espalham pelo corpo. A doença pode ser mais grave em crianças menores de cinco anos e pessoas desnutridas ou com o sistema imunológico enfraquecido. A forma eficaz de evitá-la é por meio da vacina tríplice viral, que além do sarampo, protege contra a caxumba e a rubéola. Desde 2004, recomenda-se duas doses desta vacina.
Por José Rossi Neto

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