O músico Luiz Schiavon morreu, nesta quinta-feira (15/06), aos 64 anos, por complicações durante uma cirurgia. Ele tratava uma doença autoimune há quatro anos.
Em comunicado sobre a notícia, a família compartilhou: “Luiz era, na sua figura pública, maestro, compositor, fundador e tecladista do RPM, mas acima de tudo isso, um bom filho, sobrinho, marido, pai e amigo. Esperamos que lembrem-se dele com a maestria e a energia da sua música, um legado que ele nos deixou de presente e que continuará vivo em nossos corações”.

Morador da região há mais de 30 anos, o granjeiro Luiz Schiavon foi essencial para a formação da identidade do RPM, com um rock mais elaborado. Em 1978, conheceu Paulo Ricardo e iniciaram uma longa parceria. Fundaram o Aura, com forte influência dos grupos ingleses de rock progressivo. A vida do Aura foi curta, cerca de um ano e meio, e seu fim foi decretado por desentendimentos entre os membros, mas marcou uma fase de grande pesquisa para Schiavon, que podia escrever, testar e arranjar livremente. Depois da dissolução, Luiz Schiavon se aprofundou no estudo da tecnologia dos sintetizadores e da eletroacústica, formando, nessa época, um trio instrumental composto apenas por teclados, chamado Solaris.

Passado algum tempo, rascunhou com Paulo o que viria a ser o RPM (sigla de Revoluções por Minuto). O grupo foi criado em 1983, chegando ao auge de sua popularidade um ano depois de tocarem os primeiros acordes. Em 1985, oito entre 11 faixas do disco Revoluções por Minuto emplacaram nas rádios, e a banda chegou a 500 mil LPs vendidos em apenas seis meses de uma turnê. Um ano depois, venderam 2,7 milhões de cópias do disco Rádio Pirata ao Vivo, resultado de uma turnê histórica com shows megaproduzidos. Foi uma verdadeira explosão na música nacional, ao lado de grandes bandas, como Titãs, Barão Vermelho e Ultraje a Rigor.


Quando a equipe da Revista Circuito encontrou Schiavon batendo um papo gostoso com os amigos pela Granja Viana, logo pensou: artista de sucesso, tecladista consagrado e integrante de uma das maiores bandas do Brasil. Seria uma honra vê-lo estampado em uma edição. E por que não usar da ousadia e tentar uma entrevista com a banda completa? Deu certo!
Na entrevista exclusiva com Paulo Ricardo e Schiavon, publicada em dezembro de 2012, mergulhamos na história dos meninos que cativaram uma geração e que, à época, retornaram convictos de viverem sua melhor fase.
O músico ainda deu uma palinha sobre sua vida por aqui: “Gosto desse clima de cidade de interior, de poder esquecer a carteira em casa e, mesmo assim, fazer compras ou almoçar; da natureza e dos grandes espaços. Mas hoje temo pelo rumo que a Granja vem tomando. As grandes casas dando lugar a pequenos condomínios. O adensamento populacional que vem sem o acompanhamento da melhoria da infraestrutura. Acho que a boa e velha Granja Viana está chegando a um beco sem saída”.