Marcos Sá fala sobre fim e (re)começo

Nosso colunista escreve: "que tal deixar o fim do mundo de lado e aproveitar o começo do ano novo, como um novo começo do seu novo ano?"

O que você faria, se estivéssemos às vésperas do fim do mundo? Os mais jovens, com os hormônios à flor da pele certamente se beijariam sem parar, sairiam nus por aí, organizariam uma farra no alto do Monte Fuji e postariam tudo no Instagram do novo mundo. Festejariam até cansar. Outros nadariam em uma piscina de espuma de cerveja, comeriam muito torresmo, torrariam o cartão de crédito, mandariam o chefe e o emprego às favas, pegariam aquele (a) vizinho (a) que vive dando mole, publicariam um manifesto no Facebook e no Instagram, mandando todos nossos políticos a (……) – complete como quiser! Outros talvez fossem passar os últimos momentos, calmamente, numa jangada em alto-mar esperando pelo tsunami final. Quantos declarariam aos berros seu amor às pessoas que amaram secretamente e compartilhariam com elas os momentos finais? Se elas topassem. Às vezes, é tarde demais. Ficar com o amado (a) e esperar o fim do mundo em conchinha embaixo do edredom, fumando o último cigarro é outra pedida. Andar descalço na chuva, chafurdar na lama, pular de paraquedas, invadir a loja de chocolate e comer muito, tomar aquela champagne que está guardada há anos, rolar na neve, contar nossos segredos e livrar-se das culpas, abrir o coração, rezar e agradecer a Deus por tudo na vida e pedir a ele um cantinho lá no céu, ficar com a família e os filhos e dizer a eles tudo aquilo que não falou antes. Alguns destrancariam a porta do hospício, abraçariam o delegado e o português da padaria, trancariam o xilindró com os deputados e senadores dentro, com cobras, lagartos e escorpiões soltos e promoveriam um UFC com o Anderson Silva, Stallone e Schwarzenegger versus alguns membros do judiciário e, finalmente, obrigariam o atual presidente e os ex’s a andar de transporte público e se operarem no SUS. Quem sabe a Globo transmitiria ao vivo em HD, 3D com som estéreo (ou histérico) e o Galvão falando as suas últimas ou penúltimas palavras ao vivo, antes de todos morrermos? Eu não assistiria. Fim do mundo ao vivo? É o fim do mundo! Falsos pastores inundariam as rádios com mensagens do tipo: Como conseguir um lugar no novo mundo! Dê o seu dízimo agora e receba em dobro, depois que o mundo acabar. Mas falando sério, o fim do mundo já chegou a alguns lugares. Ou melhor, para algumas pessoas. Só não avisaram os (des) interessados. Mas que tal deixar o fim do mundo de lado e aproveitar o começo do ano novo, como um novo começo do seu novo ano? Algumas das sugestões acima parecem tão amalucadas, a ponto de as desprezarmos? Vontade não falta. O que falta é coragem, planejamento, organização e persistência para realizarmos nossos sonhos e desejos. Os oitentões dos Rolling Stones e dos Beatles estão aí nos primeiros lugares das paradas com novas músicas e apresentações espetaculares, encantando as novas gerações, nos dando exemplos de resiliência, garra e determinação. Bons exemplos não faltam. Brincadeiras à parte, espero que, neste ano que se inicia, nossas aspirações se realizem. E por falar em música, como diria Raul Seixas: “Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade”. Ou Renato Russo: “É preciso amar as pessoas, como se não houvesse amanhã”. Ou por último, os Beatles em The End (Fim): “E no fim o amor que você recebe é igual ao amor que você dá”. Em 2024, vai dar tudo certo!


Por Marcos Sá, consultor de mídia impressa, com especialização em jornais, na Universidade de Stanford, Califórnia, EUA. Atualmente é diretor de Novos Negócios do Grupo RAC de Campinas

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