Em inúmeras cidades do Brasil, os shoppings já reabriram. Na cidade de São Paulo, a reabertura aconteceu nesta quinta-feira (11) – com restrições de horário e nos serviços. A preocupação com a transmissão do novo coronavírus permanece e, se tratando de ambientes fechados, o tratamento do ar interno se torna totalmente essencial. Em protocolo divulgado pela Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers), um dos itens chama a atenção para a troca dos filtros do ar-condicionado. No entanto, este é apenas um dos cuidados que devem ser tomados, de acordo com Rafael Dutra, engenheiro da Trane.
“Neste momento, diversas medidas para garantir a qualidade do ar interno dos shoppings devem ser tomadas. A começar pela operação contínua do ar-condicionado, que deve ser mantido ligado até mesmo quando o local estiver fechado. Quanto mais tempo os equipamentos com renovação de ar ficarem ligados, menor a concentração de vírus no ar. Essa medida também evita a proliferação de fungos que podem afetar também os produtos”, alerta .
Rafael também afirma que os pontos de captação de ar externo e exaustão dos ambientes precisam ser corretamente avaliados por um engenheiro projetista de ar-condicionado. A intenção é ajustar o sistema para aumentar a captação de ar externo. Dessa forma, ocorre maior renovação do ar interior.
“O ajuste de maior captação de ar exterior é recomendado na situação em que estamos, mesmo que isso signifique gastos mais altos com energia. O sistema será mais exigido, porém, a circulação de ar renovado poderá reduzir a concentração do vírus nos ambientes, e esse é o principal objetivo do momento”, comenta Dutra.
Outro ponto importante destacado pelo engenheiro é o caminho que o ar interno percorre. Para o fluxo ser correto e o sistema ter eficiência, um projetista capacitado precisa avaliar a difusão de ar nos ambientes de modo que o fluxo do ar seja no sentido limpo-para-contaminado. Em qualquer configuração, é fundamental o embasamento em normas regulatórias e nas mais recentes recomendações divulgadas pela ASHRAE e ANVISA.
Com o intuito de alcançar maior eficiência no combate aos vírus e bactérias, filtros de alta eficiência podem ser implementados apesar da implementação exigir muito do sistema, devido a pressão adicional exigida dos ventiladores. Tecnologias como filtros fotocatalíticos e lâmpadas UV podem ser aplicadas como complemento pois estes têm apresentado boa performance no combate de certos tipos de vírus.
Para fazer a manutenção, o técnico deve estar totalmente protegido – com Face Shield, luvas e roupa adequada. Existe alto risco de contato com o vírus no momento da troca dos filtros. Em tempos de pandemia, o monitoramento e manutenção do sistema deve ser feito com maior frequência, adaptando para a nova realidade.
Ajuste de temperatura e umidade
Variações de temperatura e umidade, ou mesmo manter esses parâmetros dentro de valores altos demais ou baixos demais para uma determinada ocupação pode ser prejudicial à saúde dos ocupantes. Existem evidencias suficientes de que ambientes com umidade fora da faixa dos 40% a 60% provocam redução da capacidade de resposta imunológica dos indivíduos. Como em todo sistema de ar condicionado não há uma temperatura pré-estabelecida única para qualquer tipo de ambientes.
O projetista deve levar em consideração a ocupação e a atividade do local. Por exemplo, em academias, o ar não pode ser tão frio, já que as pessoas usam pouca roupa e fazem atividade física. Nos shoppings, no entanto, as pessoas vão com mais vestimenta e a passeio. Também há de se levar em conta a temperatura do clima local. Tudo isso exige uma capacidade de controle de temperatura de forma dinâmica, exigindo que o sistema de controle do sistema de ar condicionado seja capaz de se adaptar e manter a temperatura dentro de um parâmetro definido.