O Brasil ainda é considerado ‘a terra do futebol’, mas o beisebol também tem vez em solo nacional. A modalidade chegou ao país em 1890 e, de lá para cá, vem ganhando espaço. Alguns treinadores acreditam que o beisebol paulista está em crescimento e que São Paulo ainda é a grande potência do Brasil na modalidade.
Em nossa região, o beisebol é praticado em cinco cidades: Cotia, Vargem Grande Paulista, Santana de Parnaíba, Osasco e Ibiúna. Os times são todos de origens das colônias japonesas de cada município.
As equipes são divididas em categorias por idades: pré-infantil, infantil, pré-júnior, júnior, juvenil e adulto. Anualmente, os times disputam vários campeonatos, entre eles, o Campeonato Brasileiro.
Um dos times de beisebol pioneiros do país é o Cooper Clube, de Cotia. As equipes, divididas nas categorias tbol, pré-infantil, infantil, pré-júnior, júnior e veteranos, treinam religiosamente nos fins de semana no Centro de Treinamento que fica na sede do clube, no Parque Ipê.
“Mantemos uma estrutura com treinadores, campos e gaiolas de treinamento que podem ser usados, também, durante a semana, inclusive no período noturno”, explica Carlos Takeda, diretor de beisebol e softbol do Cooper Clube.
O Cooper Clube foi criado há mais de 30 anos. Originariamente, era um clube pertencente à Cooperativa Agrícola de Cotia. O time de beisebol foi criado junto com a fundação do clube.

Foto: Divulgação /Cooper Clube Cotia

Histórias e dias atuais

O beisebol na região tem décadas de história e inúmeras conquistas. É fato. Mas apesar do destaque de muitos times, as dificuldades também os acompanham. É o caso da Associação Cultural e Esportiva Nipo Brasileira de Osasco (Acenbo), que há quase 40 anos mantém seu departamento de beisebol ativo.
Na época, a Acenbo filiou-se à Liga Sudoeste e venceu o campeonato. Conforme foi se destacando, conquistou um terreno para realizar os treinos dos atletas. A filiação da associação à Liga Sudoeste e a obtenção do local para os treinos deram grande impulso ao beisebol e à rápida ascensão das equipes no cenário esportivo, conquistando muitas vitórias, o que acabou elevando o nome da cidade de Osasco.
Mas por falta de investimento, nos dias atuais, a Acenbo conta apenas com a categoria adulto. No entanto, os atuais dirigentes estão empenhados em fortalecer o grupo e voltar a participar de competições.
Não muito diferente é a situação do Anhanguera Nikkei Clube (ANC), de Santana de Parnaíba. O time possui três títulos conquistados (2013, 2014 e 2016) e é o atual vice-campeão brasileiro interclubes e da Taça Brasil.
O Anhanguera nasceu, oficialmente, em 1965, da integração entre nikkeis e famílias. Nikkei, em japonês, significa descendentes de japoneses nascidos fora do Japão ou japoneses que vivem regularmente no exterior.
Em 1967, foi construído o ginásio de esportes. Cinco anos depois veio a escritura definitiva de um terreno em Santana do Parnaíba, onde foi construída a sede campestre.
Mas hoje, para manter os campos e pagar os treinadores, o Anhanguera se mantém por meio de alguns associados e esforços dos integrantes do beisebol, que realizam torneios e eventos para arrecadar algum fundo.
“Nós temos um caixa mensal de amigos simpatizantes que ajudam atletas carentes a pagar pelos torneios, viagens, refeições, entre outras despesas”, explica Júlio Itikawa, treinador da equipe.
“Também temos problemas com a falta de materiais, como bolas, bats, equipamentos de proteção, luvas etc. Além disso, nossa dificuldade está na adesão de novos atletas na base”, conclui.

Foto:Divulgação / Anhanguera Nikkei Clube (ANC), de Santana de Parnaíba.

CT de Ibiúna é referência mundial no beisebol

Entre todas as cidades que exercem a prática esportiva, Ibiúna é referência não só na região, mas em âmbito mundial. A Confederação Brasileira de Beisebol e Softbol (CBBS) escolheu o Centro de Treinamento Yakult, sediado em Ibiúna e o maior da América do Sul, como uma das sedes dos Jogos Pan-Americanos de 2019, que ocorreram nos dias 31 de janeiro e 1º de fevereiro. Quatro, das oito seleções que participaram do torneio, saíram da cidade.
Anualmente, o município é casa da seletiva da Major League Baseball (MLB), maior liga da modalidade do planeta. Diversos jogadores, que saíram do CT Yakult, chegaram a assinar contratos profissionais com franquias da MLB.
Os jovens que buscam seu espaço no beisebol recebem no CT de Ibiúna treinos com padrões estabelecidos pela liga, seguindo modelos que são utilizados pelo mais alto nível do beisebol mundial. A parceria da MLB com a CBBS conta com oito profissionais da modalidade como treinadores, preparadores físicos e fisioterapeutas.

Foto: CT Yakult, em Ibiúna

16 de idade e 11 de beisebol

Igor Ichiro Matsusako, de 16 anos, treina no CT Yakult. O jovem, que também joga pelo time de Ibiúna, já conquistou diversos títulos, entre eles, o Campeonato Brasileiro, na categoria pré-júnior (2017), e a Copa Aelu no Peru (2017), sendo campeão em ambos.
No ano passado, Igor vestiu a camisa da seleção brasileira no Mundial Sub-15 de Beisebol, disputado no Panamá, e foi destaque no jogo contra a Alemanha, em que o Brasil venceu por 10 a 0. Mas a seleção acabou o campeonato em sétimo lugar, somando cinco vitórias e três derrotas.

Foto: Igor Ichiro Matsusako / Arquivo pessoal

Igor começou no beisebol em 2008, quando ainda tinha 5 anos. Entrou na modalidade por ser um esporte coletivo, onde buscou a socialização com outras crianças e famílias. Apesar dos títulos e desses 11 anos de trajetória, o garoto acredita que a falta de incentivo, por ser um esporte caro, ainda é uma barreira enfrentada nos dias atuais.
“O beisebol é um esporte praticado apenas nos clubes das colônias japonesas. Talvez, se houvesse divulgação e incentivo nas escolas, como pudemos ver nos países em que visitei, teria uma adesão maior”, acredita.

Nas escolas

Conforme Igor disse, Ibiúna tenta incentivar o beisebol entre os mais jovens. Desde maio deste ano, o projeto “Beisebol na Escola” acontece de terças, quartas e quintas-feiras no Centro Olímpico de Ibiúna. Participam da iniciativa cerca de 300 alunos de 6 a 12 anos da E.M. Padre Elídio Mantovani.
O projeto é uma parceria da Major League Baseball (MLB), Confederação Brasileira de Beisebol e Softbol (CBBS) e a Prefeitura de Ibiúna.
O “Beisebol na Escola” deve colher resultados em breve, com a criação de um time para a disputa do Campeonato Brasileiro de T-Bol – modalidade para as crianças, dentro do beisebol.

Do consultório ao campo

O fisioterapeuta Luis Ricardo de Souza Gandolf é um amante do beisebol. Morador de São Paulo, atualmente joga pela Associação Cultural e Esportiva de Vargem Grande Paulista (Acevgp) e na Seleção Sudoeste.
Mas o envolvimento de Luis com a modalidade esportiva vem desde a infância, mais precisamente aos 7 anos de idade. Foi nessa época que ele começou a jogar pela Associação Cultural e Esportiva Nipo Brasileira de Osasco (Acenbo).
“Joguei lá por cinco anos. Depois, o Anhanguera me convidou para jogar lá, onde joguei por mais cinco anos”, comenta.

O fisioterapeuta Luis Ricardo de Souza Gandolf. Foto:Arquivos pessoais

Após ficar 18 anos sem praticar o esporte, Luis reencontrou um amigo na Granja Viana que o chamou para voltar a jogar. E foi no ano seguinte que ele, determinado, entrou para o time de Vargem Grande Paulista, onde treina até hoje.

Você sabia?

O esporte só começou a fazer parte das Olimpíadas nos jogos de Barcelona, em 1992.
Nos jogos de Londres, em 2012, voltou a não fazer parte da cerimônia.
Em 2020 ele voltará como uma das modalidades esportivas em Tóquio.
No Brasil, já são mais de 30 mil praticantes em 120 times, participando de cerca de 55 campeonatos nacionais e internacionais por ano.
Japão, Estados Unidos e Coreia do Sul são, atual e respectivamente, as grandes potências mundiais do esporte, na modalidade masculina.
Na modalidade feminina, Japão, Canadá e Estados Unidos ocupam as primeiras posições do ranking.
A vida útil de uma bola de beisebol, em média, numa partida profissional é de sete lançamentos. Nos campeonatos oficiais dos Estados Unidos, são utilizadas 600 mil bolas por ano. No Brasil, utilizam-se 35 mil bolas de borracha (categoria infantil) e 25 mil de couro (juniores e adultos) por ano.
Um taco pesa entre 850 gramas e um quilo, medindo até 1,50 metro, sendo o padrão entre 81,3 e 81,9 centímetros, com diâmetro de 7 centímetros na extremidade mais grossa.

 Os jogadores de beisebol e suas funções

Cada equipe no jogo de beisebol possui nove jogadores divididos em várias posições. Vamos conhecer?
Pitcher – É o arremessador. Tem o papel de tentar arremessar a bola de tal maneira que engane o batedor para que ele erre.
Catcher – É o responsável por orientar o arremessador (pitcher) e como ele deve arremessar a bola; também é o responsável por segurar a bola atrás do rebatedor caso ele erre.
Primeira base – É o jogador mais lento da defesa e que é mais voltado para o ataque, não impacta muito na defesa.
Segunda base – Importante na função defensiva, é atleta de físico um pouco franzino e sem muita força.
Terceira base – Tem características parecidas com o jogador de primeira base e precisa ter um braço forte.
Interbase – Atleta mais importante do campo interno de defesa, tem como prioridade o lado defensivo.
Jardineiros ou exteriores central, esquerdo e direito – São os responsáveis por pegar a bola rebatida para longe do campo.
O batedor – É o jogador responsável por acertar a bola do arremessador e correr por todas as bases completando uma volta na base de meta marcando um run.

Termos usados no beisebol

Bola viva – Bola em jogo.
Bola morta – Bola fora de jogo.
Inning – Nome de cada alternância das equipes entre ataque e defesa.
Out – Eliminação.
Runner – Corredor: é o atacante que termina o seu turno de rebater e conquistar as bases.
Save – Salvo: Não eliminado.
Strike – É uma bola que atravessa a zona de strike e não é acertada pelo rebatedor.
Strike out – Eliminação do rebatedor após o terceiro strike.
Touch – Contato: é uma forma de um defensor eliminar um atacante fora da base (dar contato da bola ou da luva contendo a bola).
Time – Tempo: é uma paralisação temporária do jogo, determinada pelo árbitro.
Home run – Quando o rebatedor lança a bola sobre o muro do campo entre os postes de falta e ganha uma volta livre pelas bases ou quando o rebatedor lança a bola em jogo longe o suficiente para que tenha tempo de percorrer as bases.

O arremesso mais rápido

Aroldis Chapman, do time New York Yankees, é considerado pela MLB o braço mais rápido do beisebol. O cubano, hoje com 31 anos, fez um arremesso a quase 169 km/h, segundo a empresa especializada FanGraphs, conquistando até hoje o recorde em velocidade de arremesso.
Mas os brasileiros também devem se orgulhar. Hoje com 18 anos, o arremessador Eric Taniguchi é considerado um fenômeno do beisebol brasileiro. Ele arremessa a bola a até 152 km/h. Na sua idade, raros atletas são capazes de lançar com tanta velocidade.

As regras do beisebol

Cada partida possui nove entradas, não havendo um tempo definido.
A entrada é o tempo que um time assume o ataque e a defesa.
A equipe que entra como defesa no começo tem os nove jogadores em campo, enquanto a equipe que entra como ataque conta, inicialmente, com um.
Todos os jogadores do time assumem o posto de batedor, seguindo uma sequência preestabelecida.
Quando o batedor não conseguir completar as quatro bases em uma só jogada, um outro jogador de seu time entra como batedor, para que ele retome da base onde parou.
Não há empates do beisebol. Vão sendo adicionadas novas entradas até que haja uma diferença de pontuação.
Quando o arremessador lança a bola, a função do batedor é rebatê-la e percorrer as quatro bases que compõem o campo até que algum jogador da defesa consiga devolver a bola para algum dos jogadores que guardam as bases.
Por José Rossi Neto 

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