A tarde deste sábado, 9 de agosto, foi marcada por emoção, memória e esperança na pequena praça do Pátio ao lado da UBS Morro Grande, onde foi realizada a cerimônia oficial de assinatura do Tombamento Provisório Municipal da Vila Operária do DAE. O evento, que reuniu moradores, representantes do poder público e lideranças comunitárias, pode ser considerado um divisor de águas na luta pela preservação da Reserva do Morro Grande, área vital para o abastecimento hídrico da região e carregada de história operária.
A iniciativa é fruto de anos de mobilização da comunidade local, fortalecida por lideranças como a historiadora Cristina Soutelo, a educadora ambiental Fernanda Campos Luz, a turismóloga Gabriela Medeiros, a arquiteta Débora Camargo e a jornalista Ana Alcântara, que travam uma batalha regenerativa local.
Com as estruturas da antiga Vila Operária abandonadas há mais de 40 anos, o risco de apagamento dessa memória e de degradação ambiental era iminente. Mas a história começou a mudar. Em sua fala, o prefeito Welington Formiga celebrou a oportunidade de assinar o tombamento provisório como o primeiro passo de uma política pública com visão de futuro.

“É o nosso dever. Daqui a 30 anos o grande debate vai ser a falta de água no planeta. Nós temos que sair na frente, temos que pensar nisso. E o Morro Grande não é só patrimônio de Cotia. É patrimônio da humanidade”, afirmou Formiga, visivelmente emocionado.
A emoção também tomou conta dos moradores ao longo de toda a tarde. O senhor Air Oliveira Albuquerque, liderança local e morador antigo da região, destacou a raridade da presença do poder público no local: “É muito difícil alguma autoridade aparecer aqui no Morro Grande. Por isso, agradeço ao prefeito e a todos que estão lutando por esse bairro”, disse.
E não eram poucas as autoridades presentes: o Secretário de Desenvolvimento Social e Periferias Silvio Cabral foi o primeiro a abraçar a causa e colocar o Movimento Abraço a Vila Operária do DAE em contato com o Prefeito.
Também estavam presentes o Secretário Adjunto de Cultura, Vavá de Oliveira, o Secretário Adjunto de Meio Ambiente Wagner Neves, o Secretário da Indústria e Comércio Ricardo de Oliveira e Silva, o Secretário de Transportes e Mobilidade, Marcos Nena, entre outros. Além de vereadores como Peka Santos, Marcelinho Lenha e Hernani.
O prefeito ainda anunciou a criação de um grupo de repressão a loteamentos clandestinos e reforçou que está enviando à Câmara Municipal o projeto de lei para criação do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, com o objetivo de garantir o tombamento definitivo da Vila.
O evento também contou com a presença do vice-prefeito Paulinho Lenha, que destacou a importância do trabalho conjunto: “O que esse time de valentes está fazendo é histórico. O prefeito recebe a demanda e faz acontecer. Agora o tombamento vai sair do papel.”
A cerimônia foi encerrada com a assinatura do decreto de tombamento provisório, aplausos e muita emoção. O ato simbolizou não apenas uma ação adminiostrativa, mas a concretização de um sonho antigo — preservar o passado e construir um futuro sustentável e justo.
Grupo de trabalho e plano de preservação
Durante a cerimônia, o chefe de gabinete do Prefeito, Edgar de Souza destacou que a assinatura do decreto cria oficialmente um grupo de trabalho intersetorial, reunindo secretarias como Meio Ambiente, Cultura, Obras, Turismo, Desenvolvimento Social, Finanças e Governo. “O prefeito determinou que, em até seis meses, este grupo apresente um plano de desenvolvimento sustentável e regenerativo deste espaço, ouvindo a comunidade. Hoje é um dia de festa, mas também de muito desafio”, disse Edgar.

O projeto de recuperação da Vila Operária não é apenas de preservação física. Há um plano em curso para transformar o local em um polo educacional e ambiental, com foco em formação de jovens e valorização da história local.
“Imagine todas as crianças passando por aqui numa excursão escolar. Isso vai gerar consciência ambiental”, afirmou o prefeito Formiga.
Por Mônica Krausz
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