Uma vasta paisagem embebida em segredos e mistérios povoa a arte de Catharina Suleiman. Através do seu olhar, o corpo salta aos olhos, desvelando formas, sentidos, gestos e apelos da alma. O corpo, em sua arte, é investigado como prova material de percurso histórico da mulher, tanto da “primitiva, que é também a própria natureza, como da mulher moderna inserida em um sistema em que sua natureza é silenciada”, provoca. Não à toa que seu trabalho foi citado pelo Wall Street International como thought provoking (do inglês, provocador de pensamentos).
Mãe solo e autodidata, Catharina começa a carreira nas artes depois dos 30 anos, especializando-se em diversas técnicas. “Comecei na fotografia analógica histórica e processos alternativos. Saí do quarto escuro em busca de texturas, até sentir a necessidade de fazê-las com minhas próprias mãos. Outras técnicas se fizeram necessárias no meu processo criativo e, hoje, é difícil definir qual é o meu médium. Às vezes, misturo técnicas e materiais. Às vezes, não”, tenta explicar.
O resultado, em seus trabalhos, é uma narrativa poética, muitas vezes política, influenciada pela natureza e pelo antropoceno. Sua obra conta histórias sobre memórias, lutas e arquétipos do feminino e da relação terra-humanidade, através da fotografia, vídeo performance, stencil, pintura, bordado, gravura, escrita, escultura, têxtil, bio materiais e tintas naturais.
Se pudesse deixar uma mensagem a quem está começando nas artes, diria para ter um objetivo “sem ego”, trabalhar e estudar muito para que a cultura continue e se fortaleça com a contribuição dos seus esforços. “Entenda agora, que nós, como artistas, existimos
como um coletivo e não como indivíduos. Cave um buraco, aceite sua obsessão, continue cavando, entregue o trabalho, nunca pare de cavar o buraco, mas não caia nele”, ensina.
Por todo canto
Desde 2013, desenvolve instalações e artes urbanas indoor e outdoor, trabalho que já foi
mostrado no Memorial da América Latina, Instituto Tomie Otahke, MIS, CCSP, EPA, entre outros. A artista faz parte de coleções importantes, entre elas a de arte Latino Americana da UNESCO. Seu trabalho já foi exposto individual e coletivamente em países da Europa e da América. E até 7 de junho, estará, junto com os de mais cinco artistas brasileiras, na Expo da Paulista, a maior exposição a céu aberto da América Latina apresentada pela UGT – União Geral dos Trabalhadores. O tema desta edição, a 9ª, é Democracia, Paz e Trabalho e Catharina irá apresentar as obras abaixo.
Por Juliana Martins Machado