Você usa o app Waze? E o Google maps? Quanto você paga para usar esses apps? Nada. Ambos são gratuitos. O Waze é um app americano cujo nome deriva da palavra “ways” que em inglês significa caminhos. O Google maps também é americano e é um pouco mais completo, com rotas, mapas interativos, imagens em tempo real via satélite, entre outras aplicações. Ambos pertencem a Alphabet Inc, empresa americana, que é a mãe do Google.
Os sistemas se utilizam do GPS para funcionar, O GPS, em inglês, Global Positioning System ou Sistema de Posicionamento Global é um sistema de navegação por satélites que fornece informações a todo lugar na Terra em quaisquer condições climáticas e a todo o momento e em tempo real. O GPS é administrado pelo Governo dos Estados Unidos e operado pelo Departamento de Defesa americano.
Existem no mundo alguns sistemas semelhantes. O GLONASS da Rússia, Galileo, da União Europeia e o BeiDou, da China.
O Brasil não possui um sistema desse tipo. O GPS é um serviço gratuito devido a decisões políticas e estratégicas tomadas pelos Estados Unidos, que o desenvolveram para uso militar e disponibilizaram para uso civil, visando benefícios econômicos e sociais para os países vizinhos. Apesar de ser um serviço público, o custo de desenvolvimento e a manutenção do GPS são suportados pelos contribuintes norte americanos.
Isto dito, chegamos ao seguinte problema. O Brasil não tem um sistema similar ao GPS, o que significa que dependemos cem por cento dos EUA. Ocorre que nenhum país do mundo hoje em dia funcionaria sem um GPS ou similar. Nem o Brasil. Todo nosso sistema de navegação, por terra mar e ar, nosso petróleo, a mineração, o agro, o sistema bancário e o nosso dia a dia dependem desse sistema.
Portanto a tão falada “nossa soberania”, está na dependência de outro país. Estamos fragilizados nesse aspecto. No momento em que escrevo esse texto, estamos numa disputa em que muito se fala na possibilidade de perdemos o acesso ao GPS. Espero que até a publicação desse texto, esse imbróglio esteja resolvido ou estaremos vivendo em um caos total.
Um geofísico brasileiro de prestigio, Sergio Sacani, preconizou que a próxima “pandemia” que afetará o planeta, virá de um blackout no sistema de satélites mundiais onde perderemos o GPS e viveremos confinados tal qual vivemos, nas épocas das pandemias virais mundiais. Tal possibilidade mostra a gravidade de uma pane no GPS.Espero que encontremos uma solução para o atual momento. Mas o fato é que dependemos e muito, nesse aspecto da boa vontade dos EUA e da habilidade de negociação dos nossos diplomatas.
Precisamos desenvolver um sistema similar ao GPS, que possamos chamar de nosso, ou viveremos sempre a mercê de favores externos. Deus nos ilumine e que não precisemos voltar aos anos 2000 onde o “Guia de Ruas Quatro rodas” com suas novecentas e cinquenta paginas e 22.761 localidades, habitavam os porta luvas dos automóveis esperando serem consultados para nos indicar as direções a seguir. Viramos reféns do GPS, que nos guia e nos vicia!
Marcos Sa é palestrante e consultor de propaganda e marketing, com especialização na universidade de Stanford, California, EUA.