Uma pitoresca e colorida vila de pescadores às margens do Atlântico que se transformou em um dos destinos mais sofisticados e visitados de Portugal.  Conhecida como a Riviera Portuguesa ou o Sunset da Europa, a vila de Cascais é mesmo charmosa com suas ruelas tranquilas, seus belos palacetes de frente para o mar ou até mesmo com os barquinhos coloridos encostados à beira-mar.

Há três anos, a granjeira Micky Woolf mudou-se para esta cidade que fica a 33km de Lisboa. Foi atraída pelo “visual da cidade, o jeito que o prefeito cuida de todos, a tranquilidade de poder sair de casa sem nenhum medo de ser assaltada e as muitas coisas para curtir”, explica.

Com a pandemia, as ruas de Cascais, habitualmente cheias de turistas, estão agora vazias. “Estamos em isolamento voluntário, sem sair de casa a não ser para compras no supermercado e na farmácia. Passeios, só se tiver um pet e na distância de 1km de sua residência. Restaurantes e comércio local fechados, apenas os serviços essenciais abertos”, comenta.

Para ocupar o tempo, Micky faz ginástica pelo YouTube, joga alguns jogos, limpa a casa, assiste Netflix… “e assim o dia passa”, enumera. Ela faz questão de ressaltar que a grande maioria da população respeitou as determinações. “Por isso, os números em Portugal são os menores da Europa”, completa.

Micky na Boca do Inferno, um dos pontos turísticos mais lindos e conhecidos de Cascais. É uma formação rochosa, às margens do oceano.

Sim, de fato, Portugal foi um dos países que melhor conseguiu controlar a propagação do coronavírus na região. Em razão disso, desde o dia 3 de maio, o país entrou em situação de calamidade, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março. Esta nova fase de combate à Covid-19 prevê o confinamento obrigatório para pessoas doentes e em vigilância ativa, o dever geral de recolhimento domiciliário e o uso obrigatório de máscaras ou viseiras em transportes públicos, serviços de atendimento ao público, escolas e estabelecimentos comerciais.

Se tudo correr bem, a segunda fase começa no dia 18 de maio, com a reabertura de lojas de rua de até 400m², restaurantes com lotação limitada e de parte do sistema escolar.

A última fase está prevista para o início de junho, quando os shoppings e centros comerciais poderão reabrir, assim como cinemas e teatros (desde que com lugares marcados e distanciamento social) e a maioria das escolas. O Campeonato Português deverá ser retomado nessa época, com estádios vazios.

Cascais, onde Micky mora, reabriu praias, parques, jardins e o paredão há alguns dias, mas com novas regras de utilização “para a proteção de todos”. Marina de Cascais e Aeródromo de Cascais também estão retomando suas atividades.

Parque Maréchal Carmona: “nosso parque que este ano será usado como ‘a praia no parque’ com lugares demarcados para que a gente possa colocar uma toalha e tomar sol. Terá também chuveiros pra se refrescar”, explica a granjeira
Parque Maréchal Carmona, neste sábado (16/05). “Eles até colocaram guarda sol”, informa Micky.

O município português anunciou que irá propor testes gratuitos para detectar o coronavírus em seus 214.000 habitantes. O local, altamente dependente do turismo, espera “dar confiança aos visitantes estrangeiros para reativar a economia da região”, explicou o prefeito Carlos Carreiras, ao apresentar a iniciativa. Essa operação, que começará na próxima quarta-feira (20/05), será realizada voluntariamente nos 18 laboratórios pertencentes a duas empresas privadas. Com isso, o município de Cascais se tornará “um dos primeiros do mundo a testar toda a sua população”, afirmou ele em comunicado.

Aos poucos, a vida vai voltando à normalidade. Ou tentando voltar. “A vida está diferente e acho que não será mais a mesma. Vida social? Sem abraços e beijos, sem reuniões com amigos… triste realidade. Máscaras, viseiras, distanciamento social, já são parte da nossa rotina, até que tenhamos tratamento e vacina”, comenta. “Quando tudo isso passar, espero que a gente tenha aprendido uma coisa essencial: a natureza nos colocou um breque e nos isolou para que a deixássemos se recompor. E ela se refez lindamente. Não vamos estragar de novo! Menos consumismo de toda a espécie”, finaliza.

 

Por Juliana Martins Machado

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