Alexandre Frota: engajamento e ações na região

Entre as 35 tatuagens que tem no corpo, uma chama a atenção: Jesus é o salvador. Com ele, é 8 ou 80. Não é daqueles que deixam as coisas para o amanhã. Para ele, a vida é o agora. Já foi chamado de bad boy, tido como símbolo sexual e reconhecido – ainda é – pelas polêmicas. Em 2012, quando foi nossa capa pela primeira vez, fez questão de dizer que buscava menos polêmica e mais maturidade. Dez anos depois, o mesmo pensamento continua. Ficou ainda mais caseiro e trocou as declarações por mais atitudes. Estamos falando de Alexandre Frota, um libriano, pai de família apaixonado, muito autêntico e que agora consolida suas ações em prol do outro. Ele escolheu Cotia para morar em 2010 com sua família, a esposa Fabiana e os dois filhos, Enzo Gabriel e Bella Frota. De ativista nas ruas e nas redes, chega ao seu último ano de mandato como o deputado federal que mais apresentou projetos e com um olhar diferenciado para nossa região. Já destinou mais de R$ 25 milhões para Cotia e uma de suas últimas emendas promete transformar o Teatro Assa em um centro cultural. Como em 2012, recebeu nossa equipe com simpatia para detalhar esta e outras ações. Não gosta de falar do passado, tampouco projetar o futuro. Mas assegura que sua vida gira exclusivamente em torno da família e das muitas pessoas a quem tem ajudado de todas as formas. Revela como de galã de novelas, celebridade de reality show, empresário de grupos de funk, jogador de futebol americano e apresentador de talk show se tornou um deputado das causas sociais. Afirma, com todas as letras, que está aqui para servir. E é justamente isso que tem lhe dado motivação para seguir em frente e continuar a fazer política. E em 2022, Alexandre vem a deputado estadual por São Paulo.

Menos polêmica, mais maturidade. Era o título da entrevista que fizemos contigo, em 2012. Em dez anos, o que mudou?
Muita coisa. Ganhei mais uma filha, a Bellinha, que tem 2 anos. Amadureci muito. Estou mais caseiro e tenho trabalhado com mais objetivo. Passei a ter um entendimento de poder ajudar mais as pessoas e tenho dedicado muito tempo da minha vida a isso.

Quem é o Alexandre Frota de antes e o de agora?
O do passado era o cara que vivia dez anos a mil – e para mim, só para mim. Hoje, vivo para os outros. Então, tenho que estar mais vivo do que nunca. Tenho que estar preparado para todos os obstáculos que a vida me coloca, porque o povo precisa de mim.

Família reunida:
Frota com Fabi, Enzo e Bella (Foto: Paloma Fantini)

Entre o Frota e o de Andrade, Alexandre poderia ter a palavra “polêmica” como um dos seus sobrenomes. Você raramente foge de uma. Pelo contrário, gosta de fazer barulho. Do que se arrepende? E do que se orgulha?
Minha história é tão autêntica e verdadeira que pode até chocar as pessoas, mas faz com que elas me respeitem. Eu não me arrependo de nada, a não ser ter eleito o Bolsonaro. E sabe, a vida é muito curta para a gente ficar olhando pelo retrovisor. Eu me orgulho de tudo o que tenho feito. Sou um sobrevivente nesta selva por ter me reinventado tantas vezes. Me orgulho dos filhos que tenho, da minha esposa, da minha família. O que eu fiz ou deixei de fazer está no passado. A vida é feita de escolhas e, com elas, vêm as lições vividas e aprendidas. Penso assim: tome suas decisões, viva elas intensamente e assuma
seus erros e acertos.

‘Era para ter acontecido comigo o que aconteceu com o Chorão’, contou em recente entrevista reveladora. Como se livrou do vício em drogas?
Vou te falar: nem eu sei. Só sei que saí das drogas sozinho, sobrevivi e hoje estou aqui em pé. Se alguém precisar de um exemplo de pessoa que foi ao fundo do poço com as drogas e deu a volta por cima, sou eu. Faço palestras, inclusive em uma clínica em Caucaia do Alto, onde mostro que dá para sobreviver.

Você foi descoberto por Maria Clara Machado em uma das maiores escolas de teatro do Brasil, O Tablado, e abandonou o sonho de ser oficial da Marinha para iniciar uma carreira artística. Faça um balanço.
Minha estreia na Rede Globo foi em 1984. Fiz novelas, minisséries, filmes e peças de teatro. Participei de reality shows. A lista é extensa. (para e pensa) A carreira artística
me ensinou a improvisar em momentos difíceis. Sou um cara que produz muito rápido.

Em que momento virou a chavinha e resolveu lançar-se candidato a deputado? Participar da vida pública estava nos seus planos?
Foi em 2013. Eu vi que estávamos em um momento político delicado, de muitas confusões e escândalos. Passei a ir nas manifestações e a montar um movimento. Deu certo e, com isso, comecei a construir uma via para me tornar deputado federal. De 2013 a 2018, fiz um trabalho para poder alcançar esse projeto.

E o balanço destes três anos?
Penso que retribuí ao povo essa oportunidade de estar sentado aqui. As emendas proporcionaram reforma e reestruturação de associações para pessoas carentes, compra de
carro para transporte de crianças e idosos a clínicas e hospitais. Em 2021 já foram distribuídas 25 mil cestas básicas grandes, completas. Isso sem mencionar a quantidade de atendimentos que eu faço. Fechei convênio com o Instituto Joel Abujamra de Oftalmologia e ganhei 2 mil cirurgias de catarata. Temos parceria com a Cruz Verde de São Paulo, Santa Casas, AACDE, GRAAC, AACC, André Luiz etc. Em resumo, sou um deputado que faz o bem. Tive sorte de participar de momentos decisivos. Por exemplo, fui relator do PL 2824, do deputado Felipe Carreras, que estipulou e ofereceu aos esportistas brasileiros
R$ 1.600.000.000. Em tempos de pandemia, tenho orgulho de ter ajudado o setor esportivo e também o cultural. Fui um dos autores da Lei Aldir Blanc, que beneficiou a classe artística, incluindo poetas, grupos culturais etc. Sou um dos coordenadores da CPMI das Fake News, que deu origem às investigações do tal do gabinete do ódio e de todas aquelas pessoas que fazem parte da milícia digital covarde bolsonarista, que promovem ataques. Aliás, é importante que as pessoas saibam que eu fui o primeiro deputado a enfrentar o radicalismo do bolsonarismo ideológico. Hoje, as pessoas me dão razão, mas foi muito difícil em maio de 2019, quando eu rompi a barreira e falavam que eu era louco. Mas veja: é um governo afogado em escândalos de corrupção, em tragédias sociais, extremamente autoritário (para e pensa). Eu tive essa percepção lá atrás, segui um caminho praticamente isolado e isso me fortaleceu. Fui o primeiro deputado da direita ou centro a abrir diálogo com a esquerda. Entendi que era importante dialogar com o contraditório e com as pessoas que pensam diferente de você. Amadureci muito nesses anos todos de Câmara e eu me sinto muito bem preparado para enfrentar todos os desafios.

Tem algum arrependimento?
Ter ajudado a eleger o Bolsonaro e, agora, vou tirá-lo de lá. A própria esquerda costuma dizer que sou mais oposição do que a própria oposição (risos). Impetrei 12 pedidos de impeachment contra ele e espero que, agora em 2022, a gente mude este cenário. Precisamos de políticas públicas. Precisamos olhar para quem realmente precisa e esta é a minha meta: estender a mão para essas pessoas.

E seus eleitores, você acha que têm os mesmos pensamentos que você?
Não sei, espero que sim. Eu penso o meu pensamento. Sei da minha verdade e das minhas escolhas. Quem quiser pensar como eu e achar que devemos partir para uma mudança, para um país melhor e mais democrático, ótimo. Podem contar comigo. Eu, Alexandre Frota, estou trabalhando para ajudar as pessoas a construir uma vida e um mundo melhores. Tenho respeito pelas pessoas.

Tem frustrações?
Olha, muitas vezes, eu quero ajudar e esbarro na burocracia. Isso é frustrante: estar com a vontade e o dinheiro para fazer, ter gente precisando daquilo e aí vem o sistema dizer que não dá.

Como as solicitações chegam até você?
Através das pessoas que trabalham comigo. Chego a receber mil pedidos por mês. Com isso, as ações vão surgindo. Faço cerca de 25 atendimentos por semana para exames, cadeiras de rodas e coisas do tipo. Noventa por cento das minhas emendas são da área da saúde. Porque saúde não tem partido. Não tem esquerda, direita ou centro. Eu me tornei deputado totalmente voltado para a área social, de ajudar as pessoas, estender a mão a quem precisa e olhar para as classes. E sabe o que me dá orgulho? Quando encontro uma pessoa na rua e ela vem me agradecer por alguma ação. Tenho centenas de projetos voltados para as mais diversas áreas.

Quais são elas?
São muitas. Temos filas intermináveis e hospitais lotados. Como há pessoas à espera de atendimento, montamos um carro para transportar pacientes. O país voltou ao mapa da fome e estamos com um grande índice de desemprego. Não dá para ficar de braços cruzados. Então, a primeira coisa que eu fiz foi elaborar dois projetos. O primeiro, Enzo Gabriel, de combate à fome. Toda segunda-feira, vamos para a rua distribuir quentinhas. São 400 por semana. E o projeto Bella Vida, que vai nascer na ASSA.

Pode nos explicar melhor?
Eu já fiz acordo com diversas entidades. Agora, com a ASSA, estou destinando R$ 1.400.000 para reformas e assumi o teatro. No dia que fui fazer a entrega, ouvi da presidente Claudia Grande que era a primeira vez que alguém olhava de verdade para o projeto que beneficia cerca de 400 idosos. Estamos buscando o respeito à dignidade e dar oportunidade para aqueles que muitas vezes já estão esquecidos. E isso abriu o campo também para as crianças. O Bella Vida será um projeto voltado ao acolhimento de idosos, jovens e crianças, com oficinas de computação, teatro, música e dança. Acho importante isso. Vamos reformar toda a associação e transformar o teatro em centro cultural, com exposições, apresentações e peças. A cidade vai respirar cultura!

A maioria dos deputados fatia as emendas em várias cidades, mas, ao que tudo indica, decidiu priorizar Cotia. Estamos certos?
É uma cidade que adoro, acredito, tenho grandes amigos e escolhi para morar. Desconheço qualquer outro deputado ou vereador que tenha feito tanto pela cidade. Tenho uma parceria bacana com a prefeitura. Ninguém nunca vai poder falar que fui um deputado que passou despercebido e fez pouco caso de Cotia. Pelo contrário. Já foram mais de 25 milhões de investimentos destinados à segurança, saúde e infraestrutura. Recentemente, R$ 1 milhão foi destinado ao Corpo de Bombeiros na compra de um novo caminhão bomba e que, só no primeiro dia, atendeu quatro ocorrências. Tem o Bom Prato chegando na cidade, um projeto de extrema importância. A Prefeitura já liberou o local e, em breve, vai começar o investimento. Além da verba para o ASSA, tenho ajudado outras entidades também. Para FADA e Cotolengo, doei R$ 200 mil e cadeiras de rodas. Ah, e na FADA, com uma verba extra, vamos revitalizar a piscina que está há 2 anos parada. O Lar Xavier também recebeu emendas. E são parcerias duradouras, não somente doação pontual. São muitas ações mesmo e não só aqui. Veja: em Carapicuíba, as emendas estão na construção de um hospital na Vila Dirce, em asfalto, iluminação, revitalização das praças… Entre Cotia, Carapicuíba, Taboão da Serra, Osasco e outras cidades, já foram mais de R$ 50 milhões entre emendas federais e estaduais. Temos um projeto ainda em estudo de 7 milhões para Osasco para construção do primeiro campo de futebol americano, uma arena multiesportiva. O Brasil voltou para o mapa da fome, são mais de 20 milhões de desempregados e a desigualdade aumentou muito. Então, é preciso entender que meu trabalho é para servir às pessoas e ajudar a quem precisa. Todas as ações são realizadas com competência e permeadas por fraternidade, carinho, amor e respeito ao próximo. Deus tem iluminado o meu caminho para que eu possa seguir em frente.

Como chegou a São Paulo?
Vim em 1991, fazer um espetáculo, o Blue Jeans. E me apaixonei pela cidade.

E a Granja?
Descobri através de amigos. Um deles era meu personal, o Jean, que hoje trabalha no meu gabinete. Mudei para cá em 2010 e gosto de morar aqui. A Granja Viana tem um clima agradável e um verde que, infelizmente, está sendo desmatado.

Como compara a cidade de antes e a de hoje?
Ah, ficou muito violenta. Mas também continua com muitas coisas boas. Tirando o trânsito da Raposo Tavares, que estamos trabalhando para resolver, posso levar as crianças ao colégio, ir aos bons restaurantes e curtir ainda a natureza que resta. Gosto bastante do The Square, o lugar que mais frequento.

Você acaba de comentar sobre o trânsito da Raposo. Quais ações vem desenvolvendo?
Estamos no aguardo do início das obras de mobilidade e, enquanto elas não começam, estou trabalhando em medidas paliativas. Recentemente, tive uma reunião com a Superintendência do DER para tentar encontrar uma solução para o retorno do km 22 e a Avenida São Camilo. Agora, em janeiro, eles farão um levantamento do que foi pedido.

Conhecido como ‘Xerife Da Noite’, pôs a mão no fogo por força-tarefa. Como foi esta experiência?
Foi uma experiência ótima, em que nós tivemos 100% de acerto. Ajudamos a salvar vidas, diminuímos as filas dos hospitais, reduzimos o número de internações nas UTIs e nos quartos. Ajudamos a salvar diversos jovens. Quando a Força-Tarefa foi lançada, nós tínhamos 450 mil mortos e não havia vacinas ainda. Foram 5 meses de atuação e mais de 7 mil intervenções. De segunda a segunda, dia e noite. Trabalhamos juntos com OAB, Ministério Público, Corpo de Bombeiros, Procon, Polícias Militar e Civil, Vigilância Sanitária e com as Guardas Municipais. Fomos da elite da Vila Olímpia ao coração do Capão Redondo. Passamos por sertanejo, pagode, funk, música eletrônica… Para ajudar as pessoas que vivem da noite, fizemos algumas ações de distribuição de cestas básicas para quem se cadastrou, de modo a amenizar a situação. Fui homenageado na Secretaria de Saúde, estadual e municipal, pela rádio Trianon e pela Câmara Municipal de São Paulo pelos resultados da Força Tarefa. Como brasileiro, eu sabia que precisava fazer alguma coisa. Como parlamentar, eu fui para a linha de frente. Foi um trabalho de equipe. Nossa intenção nunca foi colocar a imagem da pessoa em cheque, mas fazer a dispersão da festa. O Comitê ainda está ativo e, a partir deste mês, vai ficar de plantão.

O que mais marcou?
O descaso das pessoas. O descomprometimento com relação aos que estavam morrendo. Pessoas ganhando dinheiro e incentivando a farra, a dança e as drogas clandestinamente. Ninguém é contra festa. Éramos contra festas realizadas naquele momento. Eu, como cidadão brasileiro, ficava indignado com aquilo: as pessoas saírem para dançar e beber como se nada tivesse acontecendo.

Começamos a entrevista falando do passado, agora vamos falar do futuro. Quais são os planos?
Não projeto futuro. Vivo dia após dia. Vivo o hoje e o amanhã só Deus sabe o que vai acontecer. Mas tudo o que projeto é me eleger a deputado estadual pelo Estado de São Paulo, ver a minha filha crescer pelo menos até os 15 anos de idade e ajudar as pessoas, porque a desigualdade no país aumentou muito. Estou tirando, com a minha família, cidadania para Portugal e Fabiana está pensando em se mudar para São Paulo no próximo ano, depois de outubro. Viabilizaria seus vários trabalhos por lá e a mim também ajudaria, já que me tornando deputado eu teria que ir diariamente para a Assembleia Legislativa, lá no Ibirapuera. De todo modo, vamos manter a nossa casinha aqui no Cantagalo.

Deputado estadual?
É, não quero mais federal. Não tenho muita paciência de ficar indo a Brasília, tampouco fazer parte daqueles esquemas todos. Quero ficar em São Paulo, cuidar da minha filha e vê-la crescer. Gosto de levar os filhos para o colégio. Além disso, no estado que me elegeu, posso concentrar toda ajuda e todo trabalho. E retribuir ainda mais o carinho, o respeito e as oportunidades que São Paulo me proporcionou.

Voltar para a carreira artística também não está no radar?
Não. E eu nem penso nisso. Não posso dizer nunca mais, mas agora não. Não faço planos.
Mas tem um programa de entrevistas, o Boa Noite com Alexandre Frota.
Sim, e é um programa bacana, com uma variedade de entrevistados. Boris Casoy, Mandetta, Dória, Ciro Gomes, Tico Santa Cruz, Haddad, Carlos Alberto de Nóbrega, Supla… São pessoas que pensam diferente. E o programa mostra isso: é possível encontrarmos com pessoas, mesmo que pensando diferente, e falar sobre os mais variados assuntos. Isso é a maior expressão de democracia.

Por fim, qual é a bandeira?
Ajudar as pessoas. Eu desde sempre, ajudei. Mas agora como deputado, potencializou. É cansativo e estressante, mas quando vejo a quantidade de pessoas que eu ajudo… (para e pensa) Tiro as coisas que me assombram e vejo que vale a pena lutar. Mas a política é muito suja, covarde e traiçoeira. E eu não sou um cara muito político, não faço acordos. Então, é difícil transitar, entender tudo isso. Por isso, tenho que ficar focado em ajudar as pessoas e tirar coisas ruins do caminho. Sei da força e da verdade do meu trabalho. Estou aqui para isso: servir e facilitar a vida do cidadão. É isso que tem me dado prazer e motivação para fazer política. Algumas pessoas sempre vão jogar pedras no seu caminho, depende de você o que você faz com elas. Uma parede ou uma ponte.

Por Juliana Martins Machado

 

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