Nesta segunda-feira, 21 de abril, o mundo se despediu do Papa Francisco, figura central da Igreja Católica nos últimos anos, cuja trajetória de simplicidade, empatia e defesa dos mais vulneráveis tocou fiéis e não fiéis ao redor do globo. Em meio ao luto e às homenagens, o cinema — como tantas vezes faz — oferece um espaço simbólico para a reflexão e o entendimento de momentos históricos. Dois filmes merecem destaque especial neste momento: “Dois Papas” e “Conclave”.
“Conclave”: um thriller dramático no coração do Vaticano
Lançado recentemente no Prime Video, o filme “Conclave”, dirigido por Edward Berger e baseado no best-seller de Robert Harris, ganha ainda mais atenção diante da morte do Papa Francisco. A trama gira em torno do Cardeal Lawrence, personagem encarregado de liderar o conclave após a morte do Pontífice, e explora com intensidade as complexas articulações políticas e espirituais por trás da escolha do novo Papa.
Vencedor do Oscar 2025 na categoria de Melhor Roteiro Adaptado, “Conclave” não é apenas um retrato fiel dos bastidores da Igreja, mas um thriller dramático envolvente que mergulha nos mistérios e intrigas do Vaticano. Com direção precisa de Berger, a produção revela os dilemas éticos e espirituais que surgem quando o poder e a fé se entrelaçam.
“Dois Papas”: quando a fé encontra a humanidade.
Já o filme “Dois Papas”, disponível na Netflix, nos leva ao cerne das ideias e sentimentos de dois dos papas mais influentes da era contemporânea: Bento XVI e Francisco. Dirigido por ninguém menos que Fernando Meirelles, cineasta brasileiro e morador da Granja Viana, o longa foi indicado a três Oscars em 2020 e é uma obra sensível, íntima e profundamente humana.
Na edição 240 da Revista Circuito, publicada em dezembro de 2019, Meirelles falou sobre o filme e sua relação com os temas abordados: “Esse filme que estou fazendo agora, ‘Dois Papas’, é um diálogo entre os papas Francisco e Bento XVI. Está presente no filme a agenda do papa Francisco, que é tentar fazer um mundo mais igual. Esses temas, da desigualdade e o meio ambiente são dois temas que me mobilizam.”
Com atuações memoráveis de Jonathan Pryce e Anthony Hopkins, “Dois Papas” não se prende a eventos protocolares ou cerimoniais. Em vez disso, revela dois homens que, apesar das divergências, compartilham dúvidas, fé e um desejo comum de servir.
“O que tentei fazer — disse Meirelles — foi considerar os personagens não como duas instituições, mas como duas pessoas normais que são papas.” Essa abordagem delicada, com momentos de humor e afeto, como cenas em que os papas tomam Fanta ou comem pizza com as mãos, mostra o quanto o cinema pode aproximar figuras grandiosas da nossa própria humanidade.
Um legado que continua em diálogo
A morte de um Papa sempre marca um ponto de inflexão para a Igreja — e também para o mundo. Enquanto o Vaticano se prepara para mais um conclave, muitos voltarão seus olhos a esses dois filmes como forma de compreender melhor os bastidores, as escolhas e as pessoas por trás das batinas brancas.
Neste momento de despedida, revisitar obras como “Conclave” e “Dois Papas” é mais do que assistir a filmes: é abrir espaço para refletir sobre fé, poder, humanidade e sobre o impacto de líderes que, como Francisco, buscaram fazer do mundo um lugar mais justo e compassivo.