A busca para ter o trabalho reconhecido no âmbito cultural não é tão simples assim. O investimento nessa área é muito pouco, diante da pluralidade de ações existentes em todo o país.
Em São Paulo, artistas independentes agora tiveram uma ótima oportunidade para conseguir atingir esse objetivo. Trata-se do edital dos Pontos de Cultura, que vai premiar 544 iniciativas culturais em todo o estado.
Do total, 144 iniciativas receberão a premiação no valor de R$ 60 mil reais e 400 receberão a premiação em forma de kits culturais (kit audiovisual ou kit musical).
Por meio de repasse de recurso para as 144 iniciativas, 100 prêmios serão distribuídos para entidades culturais sem fins lucrativos com constituição jurídica e 44 prêmios para coletivos culturais sem constituição jurídica. Todos devem ter atuação reconhecida pelas boas práticas sociais no campo artístico cultural comprovadas há pelo menos três anos.
“Sabemos o quão importante são as atividades realizadas por esses coletivos culturais e, por isso, priorizamos em contemplar, pela primeira vez, esses coletivos. A grande diversidade da cultura brasileira e o trabalho de artistas de todas as áreas só têm a ganhar com a expansão e consolidação do programa”, afirma o secretário de Cultura do Estado de São Paulo, Romildo Campello.
O programa conta ainda com 52 agentes mobilizadores da Rede Cultura Viva, da Secretaria Estadual da Cultura. Um desses agentes, o artista Alessandro Azevedo, esteve em Cotia, no dia 24 de outubro, para realizar um encontro com os interessados no edital. A atividade aconteceu na Procotia e reuniu dezenas de agitadores culturais do município, que puderam tirar suas dúvidas em relação a inscrição do programa.
Azevedo explica que o conceito de ponto de cultura é mais amplo do que outros programas que atuam ‘com olhos’ nas linguagens artísticas, pois leva em consideração o território da entidade.
“[A entidade] ter esse reconhecimento de ponto de cultura é importante, pois passa a fazer parte de uma rede nacional que tem esse olhar sobre os trabalhadores da cultura e os movimentos culturais, em relação a comunidade. É muito importante o reconhecimento para o próprio ponto de cultura se sentir inserido nessa rede nacional”, declara.
O prazo para o encerramento das inscrições foi no dia 4 de dezembro. Ao todo, quatro entidades culturais de Cotia, até o fechamento desta edição, conseguiram realizar a inscrição: Sarau Poesia na Garagem, Instituto Gira-Sol, Sarau na Praça e Projeto Âncora.
Já o movimento Agita Quebrada, a Congada de São Benedito e o Cambula da Angola aguardam a aprovação dos documentos.
O secretário adjunto de Cultura de Cotia, Gilmar de Almeida, entende que esse reconhecimento com mais a premiação é fundamental para os trabalhadores da arte em nosso município. “Espero que o município consiga levar o prêmio, temos pontos de cultura com capacidade de receber mais de um prêmio”, disse.
Representante da Congada, Elisete Castro, a Zete, disse que o prêmio ajudaria a tradicional festa que já acontece há mais de seis décadas em Cotia. “Esse dinheiro iria ajudar muito, tanto em prol da própria festa, quanto para ajudar a capoeira aqui na sede. Esse dinheiro seria investido na comunidade como um todo”, explica.
PONTOS DE CULTURA NA REGIÃO
A região conta com 29 Pontos de Cultura reconhecidos pelo Ministério da Cultura. De acordo com o mapeamento da Rede Cultura Viva, a cidade de Cotia conta com dois pontos, o Projeto Âncora e a Sociedade Ecológica Verde e Amarelo.
A cidade que mais tem Pontos de Cultura é Embu, com 13 no total, entre eles, a Casa de Cultura Santa Tereza e a Associação Instituto Cultural Juventude Multi-Participação.
Já os municípios de Jandira, Itapevi e Barueri não têm Pontos de Cultura reconhecidos oficialmente. Vizinha de Cotia, a cidade de Vargem Grande Paulista possui um ponto, a Sociedade do Movimento dos Focolari.
O município de Carapicuíba está com três pontos, o Centro de Educação e Formação de Carapicuíba, a Associação da Aldeia de Carapicuíba e a Abenaf, ONG que atua nas áreas educacional e cultural.
Por José Rossi Neto
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