Cotia já tem mamógrafo, falta “apenas” a instalação

No mês que marca a luta contra o câncer de mama no mundo, a boa noticia é que Prefeitura de Cotia confirmou à Circuito que o mamógrafo, esperado desde 2016, já foi adquirido mas ainda aguarda instalação. No entanto segundo a Secretaria de Saúde, não há fila para realização de exames na cidade

De acordo dom dados divulgados pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de mama é o tipo que mais acomete as mulheres brasileiras, com a expectativa de 59,7 mil novos casos a cada ano até 2019, ou seja, uma média de mil novos casos por ano.

Ainda segundo o estudo, em cada 10 casos, três estão relacionados ao estilo de vida que as pessoas levam. Hábitos como tabagismo, consumo de álcool, sedentarismo, obesidade e, num país tropical como o Brasil, a exposição excessiva ao sol aumentam as chances de incidência da doença.

Neste mês, dentro das comemorações do Outubro Rosa mês escolhido mundialmente para estimular a participação da população no controle do câncer de mama, a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) lançou no último dia 2,  a campanha +Acesso para Celebrar a Vida. O objetivo, segundo o presidente da SBM, Antônio Luiz Frasson, é mobilizar as prefeituras e as secretarias municipais de Saúde, “porque são elas que determinam o acesso ao tratamento para quem tem câncer, para que o tratamento se inicie em pelo menos 60 dias a partir do diagnóstico, segundo a lei”.

A Lei 12.732, em vigor desde 2012, estabelece que o primeiro tratamento oncológico no Sistema Único de Saúde (SUS) deve se iniciar no prazo máximo de 60 dias a partir da assinatura do laudo patológico ou em prazo menor, de acordo com a necessidade terapêutica do caso registrada no prontuário do paciente.

“A gente quer que as pessoas não apenas façam mamografia e tenham acesso ao rastreamento, mas que, tendo feito um diagnóstico, elas tenham condições de iniciar um tratamento de forma mais rápida possível. E isso depende, basicamente, da gestão municipal. O que a gente quer é reduzir fila para cirurgia, para radioterapia, para quimioterapia. Porque não adianta você estimular o diagnóstico precoce e a pessoa demorar seis meses para começar o tratamento porque não tem acesso”, defendeu o mastologista.

A campanha enfatiza que se as mulheres com câncer forem atendidas rapidamente, terão mais condições para celebrar a vida. Antônio Frasson explicou que se o tratamento demora mais de três meses para começar, o prognóstico é pior. “Quando uma mulher com câncer de mama é operada, a radioterapia tem que começar em três meses. Se tiver que fazer quimioterapia, quanto antes começar melhor, mas não deve passar de três meses”, advertiu o presidente da SBM. “É isso que a gente quer chamar a atenção”.

Em Cotia, segundo informou a Secretaria de Saúde, o diagnóstico de câncer de mama é realizado pela Clínica da Mulher, que encaminha o caso para a central de regulação para agendamento na rede Hebe Camargo. “A Rede tem administração estadual, a qual realiza o agendamento e acompanhamento em seus AMES e hospitais conveniados”.

Ainda segundo a Secretaria, este ano apenas duas mulheres foram encaminhadas para tratamento. Após o encaminhamento, a Secretaria de Saúde diz que não tem acesso à continuidade dos quadros clínicos das pacientes, portanto não há dados mais aprofundados.

Mamografias

Pesquisa da SBM em parceria com a Rede Brasileira de Pesquisa em Mastologia revela um baixo número de mamografias efetuadas no ano passado por mulheres na faixa etária de 50 a 69 anos. Foram realizadas 2,7 milhões de mamografias, contra 11,5 milhões previstos. A cobertura foi de 24,1%, inferior aos 70% recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Nos dias 29 e 30 de setembro, centenas de pessoas saíram às ruas de Cotia e de Caucaia do Alto em um movimento de conscientização sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer de mama e de útero. Aconteceram duas Caminhadas contra o Câncer organizadas pela Secretaria de Saúde. As caminhadas também buscaram alertar a população sobre a prevenção da doença nos cães e muita gente levou o seu pet para as caminhadas. Foto:: Vagner Santos

“O número de mamografias caiu muito. Em algumas regiões, ele é ridículo”, observou Frasson. “A gente está fazendo, em algumas regiões, 5% ou até menos do que seria recomendado”. Para o presidente da SBM, esse é um problema de gestão municipal, que depende de recursos destinados à saúde. “É basicamente um problema econômico”.

Em Cotia um mamógrafo vem sendo esperado desde 2016 por meio de emenda parlamentar de R$ 170 mil. Segundo a Prefeitura o equipamento já foi adquirido e aguarda apenas instalação, mas a Secretaria não disse quando isso ocorrerá. Não basta apenas ter o mamógrafo, é necessário  sala  especial  é um técnico para operar o equipamento. No entanto a secretaria de saúde informou à Circuito que não há fila  de espera  para exames em Cotia, “, todos os casos que chegam à central de regulação são agendados”.

Os piores lugares para mamografia no Brasil, segundo a SBM, são o Amapá e o Distrito Federal. De acordo com a pesquisa, o Amapá realizou apenas 260 exames em 2017, contra 24 mil esperados, seguido do Distrito Federal, com 5 mil mamografias realizadas contra 158,7 mil programadas.

Frasson atribuiu ao sucateamento da infraestrutura – materiais e equipamentos – a razão para o baixo índice de exames feitos, além de dificuldade de pessoal. Em contrapartida, os estados do Sul e do Sudeste apresentam os melhores resultados de mamografia.

Mastectomia

O presidente da SBM informou que a reconstrução das mamas melhorou muito no Brasil. “Ainda não chegou no ideal, mas nos últimos dez anos, a gente praticamente duplicou o número de mulheres que têm acesso à reconstrução”. Atualmente, cerca de 30% das mulheres têm as mamas reconstruídas no Brasil.

Frasson disse que nem todas as pacientes podem ter os seios reconstruídos. Existem limitações para isso, como fatores intercorrentes, tumores localmente avançados, mulheres diabéticas, hipertensas. “Não é toda mulher que é candidata à reconstrução”.

De modo geral, segundo o mastologista, hoje, em algumas regiões, 90% das mulheres que são candidatas à reconstrução conseguem fazer essa cirurgia. Muitos médicos estão capacitados a fazer a reconstrução no Brasil, sejam mastologistas ou cirurgiões plásticos. “Isso melhorou muito o quadro da reconstrução mamária no Brasil”.

Além da realização de consultas e exames periódicos, a SBM reforça a importância de as brasileiras manterem hábitos saudáveis de vida, o que inclui a prática regular de exercícios, dietas com baixo teor de gordura, combate à obesidade. Esses fatores estão relacionados ao aumento do risco de desenvolver câncer de mama, sobretudo nas mulheres após a menopausa. A SBM preconiza a realização da mamografia anualmente para todas as mulheres a partir dos 40 anos de idade.

Sintomas

A mulher deve procurar ajuda de um mastologista em casos de caroço, vermelhidão, pele endurecida, áreas estufadas, feridas, coceiras, saída de líquido do bico do peito (sem apertar) de cor vermelha ou transparente como a água ou local endurecido.

Prevenção

Para a Sociedade Brasileira de Mastologia, medidas simples de prevenção, com a adoção de alimentação saudável, prática de atividades físicas e realização de exames preventivos, como a mamografia, podem ajudar a reverter o triste cenário do câncer de mama no país. “Recomendamos que toda mulher a partir dos 40 anos realize a mamografia anualmente. Este é o exame mais eficiente para identificar microcalcificações que podem representar o sinal mais precoce de malignidade ou nódulos menores que 1 centímetro, que não é possível palpar clinicamente. É também a melhor forma de diagnóstico precoce, já que aumentam as chances de cura em até 95% dos casos”, finaliza o presidente da SBM, Antônio Frasson.

(Com informações da Agência Brasil)

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