Cai vacinação contra sarampo e polio em Cotia

Em Cotia 11,5 mil crianças precisam tomar a vacina contra polio. Ministério da Saúde alerta que a consequente erradicação de doenças criaram uma falsa sensação de que as doses não são mais necessárias. Mas doenças podem voltar se imunização reduzir.

Dados do Ministério da Saúde mostram que a aplicação de todas as vacinas do calendário adulto estão abaixo da meta no Brasil – incluindo a dose que protege contra o sarampo, doença que registra surtos em pelo menos três estados. Entre as crianças, a situação não é muito diferente – em 2017, apenas a BCG, que protege contra a tuberculose e é aplicada ainda na maternidade, atingia a meta de 90% de imunização.

A tendência de queda nas coberturas vacinais, segundo a pasta, começou a aparecer em 2016 e vem se acentuando desde então. Em 312 municípios brasileiros, menos de 50% das crianças foram vacinadas contra a poliomielite. Apesar de erradicada no país desde 1990, a doença ainda é considerada endêmica em pelo menos três países – Nigéria, Afeganistão e Paquistão – e ensaia uma reintrodução nas Américas caso a cobertura vacinal não se mantenha em 95%.

Em Cotia, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde,  o percentual de crianças imunizadas também vem caindo nos últimos anos. No caso do Sarampo, por exemplo, e 2015 a cidade Cotia,  não só bateu a meta como ultrapassou o percentual de crianças imunizadas (104,5%). Já no ano seguinte, o percentual caiu para 99,5% do total. Os índices seguiram caindo em 2017, quando Cotia registrou apenas 89,9% de crianças imunizadas contra Sarampo.

Para este ano, a estimativa da Secretaria de Saúde de Cotia é de que sejam vacinadas 11,5 mil crianças de zero a 4 anos e 11 meses contra a poliomelite e 8,5 mil crianças de até um ano de idade devem receber a dose da vacina contra sarampo, que inclui também caxumba e varicela.

A não procura pela vacina chama mais atenção no caso da Poliomelite, doença que provoca a paralisia infantil. Em 2015, 97,4% do público alvo foi vacinado em Cotia, segundo informações da Secretaria de Saúde. O percentual caiu em 2016 quando apenas 88,9% procuram os postos de saúde ou campanhas de vacinação. Em 2017, esse percentual continuou em queda atingindo apenas 86,2% das crianças.

Este ano, dados preliminares informam que 21, 83% do público alvo tomou a vacina contra Sarampo e 16,73% estão vacinados contra a Polio.

A coordenadora do Programa Nacional de Imunizações, Carla Domingues, avaliou que o sucesso da vacinação no país ao longo das últimas décadas e a consequente erradicação de doenças criaram uma falsa sensação de que as doses não são mais necessárias. Outro problema, segundo ela, é a divulgação das chamadas fake news nas redes sociais e que, no caso das vacinas, podem causar alarde e assustar a população.

“Se não tivermos a população devidamente vacinada, poderemos ter o risco de reintrodução de doenças”, alertou. “Existe, por exemplo, um fluxo constante de pessoas viajando. Se pararmos de vacinar, uma pessoa doente chega ao país e o vírus tem a chance de voltar a circular. Enquanto a doença não for erradicada no mundo, precisamos da vacinação”, finalizou.

Fonte: Secretaria de Saúde de Cotia / tabnet datasus/GVEX. * dados sujeitos à revisão / 2018: Dados parciais, pois o sistema esta em alimentação

Sarampo

“O sarampo é um risco concreto. Mais de 450 casos confirmados no Norte, em Roraima e no Amazonas. Há casos confirmados no Rio Grande do Sul. [Estamos] Investigando casos em São Paulo e no Rio de Janeiro. Podemos ter uma retransmissão do sarampo em todo o país”, alertou. Em  Cotia, segundo a Secretaria de Saúde não há registros  da doença este ano. “Os próprios profissionais de saúde deixaram de achar que recomendação de vacina é importante”.

A orientação do ministério é que todas as crianças, adolescentes e adultos até 29 anos recebam as duas doses previstas para imunização. Adultos com idade entre 30 e 49 anos devem receber uma dose.

Campanhas

Até 2012, o Brasil realizava duas campanhas anuais de vacinação contra a pólio – época marcada pelo personagem Zé Gotinha. Atualmente, acontecem apenas as campanhas de vacinação contra a gripe e de multivacinação, quando as doses do calendário infantil que estão atrasadas são atualizadas. Entretanto, conforme recomendação da Organização Mundial da Saúde para situações de baixa cobertura, a pasta volta a realizar este ano campanha de vacinação contra a pólio e o sarampo.

As doses, segundo Carla, devem ser distribuídas em todo o país de 6 a 31 de agosto, no formato de campanha indiscriminada. Isso significa que todas as crianças com idade entre 1 ano e menores de 5 anos que forem levadas aos postos nesse período vão ser imunizadas – mesmo as que já haviam cumprido as doses previstas no calendário infantil. “Será uma oportunidade de dar à criança mais um reforço e aumentar a imunidade”, explicou.

“A população só procura vacina quando o surto está na mídia e temos pessoas morrendo. Fora isso, as pessoas não são vacinadas. Como se a vacina fosse uma ação curativa e não preventiva. Ela deve vir antes do surto. É dessa forma que você ganha imunidade. Até porque a vacina vai demorar pelo menos 15 dias para fazer efeito e, em um surto, nesse espaço de tempo, você não fica devidamente protegido.”

Artigo anteriorSegurança: Cotia implanta tecnologia digital
Próximo artigoCotia já garantiu 18 medalhas nos Jogos Regionais