Desafios e caminhos da Educação Inclusiva

Nataly Teixeira e Camila Duré, respectivamente Diretora clínica e administrativa e Coordenadora ABA do Grupo Caminho – Intervenção Comportamental Infantil, escrevem sobre a reflexão necessária a respeito da inclusão na educação: desafios e esperanças para o futuro.

O direito à matrícula acadêmica é garantido desde a Constituição de 1988, mas ainda estamos distantes do ideal em termos de educação inclusiva. A coexistência de alunos com diferentes necessidades não é suficiente. Nesse sentido, é importante entender o que é inclusão e os cuidados para que ela não seja tratada como sinônimo de igualdade.

Para isso, é essencial entender a diferença entre igualdade e equidade. A primeira pode ser definida como o conjunto de comportamentos que comumente buscam fornecer instrumentos, tratamentos e recursos iguais para todos, sem levar necessariamente em conta as diferenças individuais; por exemplo, mesma apostila, mesma forma de avaliação e/ou mesma lição de casa.

Já a equidade parte do princípio de que os indivíduos apresentam características diferentes e, portanto, precisam de tratamento diferente para terem seus direitos assegurados. A educação inclusiva, nesse sentido, implica promover recursos que permitam que todas as crianças tenham acesso ao mesmo direito: educação. Ou seja, a equidade busca garantir que todos tenham acesso aos mesmos direitos, mas reconhecendo as diferenças individuais e oferecendo tratamentos e recursos adequados a cada um.

No Brasil, a abordagem de inclusão enfrenta desafios, tanto em termos de regras educacionais quanto na preparação dos profissionais envolvidos. Muitos facilitadores e mediadores carecem de treinamento específico, o que acaba por misturar o cuidado com o ensino, prejudicando a eficácia da inclusão. Além disso, a falta de recursos adequados e adaptações curriculares específicas para atender às necessidades individuais dos alunos e o tempo disponibilizado ao profissional para planejar essas estratégias também são dificuldades consideráveis.

Dada essa realidade, parece ser fundamental investir na formação dos profissionais da educação e promover melhores condição de trabalho. Isso os permitirá promover um ensino mais estruturado e a avaliar adequadamente o desenvolvimento dos alunos.

Para além das práticas de inclusão acadêmica, o nosso compromisso deve abranger todos os aspectos da vida. Inclusão também deve ser social!

Uma das práticas fundamentais para promover a inclusão social é a valorização da diversidade. Cada indivíduo é único, com suas próprias características, habilidades e desafios. É através dessa diversidade que podemos construir uma sociedade mais inclusiva e acolhedora. Por esse motivo, é crucial que as pessoas estejam preparadas para lidar com as diferenças. O quão importante seria se tivéssemos mais espaços para discussão sobre diversidade com os alunos, profissionais e familiares!

Outra prática essencial é a promoção da acessibilidade e oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento. Pessoas com deficiência, mobilidade reduzida, outros transtornos e características diagnosticadas ou não, podem encontrar barreiras físicas e sociais que dificultam sua participação na escola. Permitir melhores condições de acesso físico e perceber que certas crianças precisarão de condições distintas para participarem ativamente dos trabalhos escolares, das aulas de educação física, das festas juninas ou excursões com a turma é fundamental para uma educação inclusiva.

Todas essas práticas estão longe de ser uma orientação desconectada aos desafios encontrados pelos profissionais diante do atual modelo de educação regular. Elas visam conscientizar sobre as principais dificuldades que também trazem sofrimento às crianças e suas famílias. Nesse processo, todos estão sujeitos a desafios e enfrentam dificuldades.

Imagine uma criança de seis anos que é colocada em uma sala do sexto ano. Como você acha que ela se sairia? Como conseguiria expressar suas dificuldades? E o professor, que desafios enfrentaria? Essa situação ilustra os desafios cruciais da educação inclusiva em nossa sociedade.

Ao trabalhar com crianças com atrasos no desenvolvimento, sabemos que existem muitos obstáculos consistentes a serem superados. Identificar os principais objetivos a serem alcançados, que, embora pequenos, pode fazer uma grande diferença na promoção do bem-estar, qualidade de vida e funcionalidade dessas crianças. Começar por algum lugar, certamente pode ser o início de uma transformação significativa.

 


Nataly Teixeira, Psicóloga, Especialista em ABA, Mestre e Doutoranda em Psicologia Experimental – Análise do Comportamento – PUC-SP. Diretora clínica e administrativa do Grupo Caminho – Intervenção Comportamental Infantil

Camila Duré, Mestra em Psicologia Experimental: Analise do Comportamento PUC-SP e especialista em Psicologia Cognitivo Comportamental: Fundação Etci – Buenos Aires- Argentina. Coordenadora ABA do Grupo Caminho – Intervenção Comportamental Infantil

 

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