Os ateus e os agnósticos que me perdoem, mas é inegável a existência de um ser superior. Há uma parábola, que define com precisão as dúvidas sobre a existência de Deus. Trata-se de um diálogo hipotético. “Dois bebês conversavam no ventre da mãe grávida. Um perguntou ao outro: – Você acredita em vida após o parto? O outro responde: – É claro.Tem que haver algo após o parto.Talvez nós estejamos aqui para nos preparar para o que virá mais tarde. – Bobagem, disse o primeiro. Não há vida após o parto. Que tipo de vida seria esta? O segundo disse: – Eu não sei, mas haverá mais luz do que aqui. Talvez nós possamos andar com as nossas próprias pernas e comer com nossas bocas.Talvez tenham outros sentidos que não podemos entender agora. O primeiro retrucou: – Isto é um absurdo. Andar é impossível. E comer com a boca? Ridículo! O cordão umbilical nos fornece nutrição e tudo que precisamos. O cordão umbilical é muito curto. A vida após parto está fora de cogitação.
O segundo insiste: – Bem, eu acho que há alguma coisa e talvez seja diferente do que é aqui. Talvez a gente não vá mais precisar deste tubo físico. O primeiro contesta:- Bobagem e além disso se há realmente vida após o parto então por que ninguém jamais voltou de lá? O parto é o fim da vida e no pós-parto não há nada além de escuridão, silêncio e esquecimento. Não nos levará a lugar nenhum. – Bem, eu não sei disse o segundo, mas certamente vamos encontrar a Mamãe e ela vai cuidar de nós. O primeiro responde: – Mamãe, você realmente acredita em Mamãe? Isto é ridículo. Se a Mamãe existe, então, onde ela está agora? O segundo disse: – Ela está ao nosso redor. Estamos cercados por ela. Nós somos dela. É nela que vivemos. Sem ela, este mundo não poderia existir. Disse o primeiro: – Bem, eu não posso vê-la, então é lógico que ela não existe. Ao que o segundo responde:- Às vezes, quando você está em silêncio se você se concentrar e realmente ouvir, você poderá perceber a presença amorosa dela lá de cima”.
O segundo bebê tem razão. Talvez possamos praticar o silêncio nos concentrarmos e sentirmos a presença de Deus em nossas vidas. Mas como é esse Deus? Como pensa e age? Quais suas manifestações? Quais seus dogmas? Baruch Spinoza filosofo de origem judaico-portuguesa, vitima de perseguição da inquisição tem a melhor resposta sobre o que pensa Deus. Segundo ele se Deus falasse conosco, diria o seguinte:
“Pare de ficar rezando e batendo no peito! O que quero é que saia pelo mundo e desfrute a vida. Que goze, cante, divirta-se e aproveite tudo o que fiz pra você. Pare de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que você mesmo construiu e acredita ser a minha casa! Minha casa são as montanhas, os bosques, os rios, os lagos, as praias, onde vivo e expresso amor por você.
Pare de me culpar pela sua vida miserável! Nunca disse que há algo mau em você, que é um pecador ou que sua sexualidade seja algo ruim. O sexo é um presente que lhe dei e com o qual você pode expressar amor, êxtase e alegria. Não me culpe por tudo o que o fizeram crer. Pare de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo! Se não pode me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de seus amigos, nos olhos de seu filhinho, não me encontrará em nenhum livro. Confie em mim e deixe de me dirigir pedidos! Você vai me dizer como fazer meu trabalho? Pare de ter medo de mim! Eu não o julgo, nem o critico, nem me irrito, nem o castigo. Eu sou puro Amor.
Pare de me pedir perdão! Não há nada a perdoar. Se eu o fiz, eu é que o enchi de paixões de limitações de prazeres de sentimentos de necessidades de incoerências de livre-arbítrio.Como posso culpá-lo se responde a algo que eu pus em você? Como posso castigá-lo por ser como é, se eu o fiz? Crê que eu poderia criar um lugar para queimar todos os meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que Deus faria isso?
Esqueça qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei, que são artimanhas para manipulá-lo, para controlá-lo, que só geram culpa em você! Respeite seu próximo e não faça ao outro o que não queira para você! Preste atenção na sua vida, que seu estado de alerta seja seu guia! Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso. Esta vida é só o que há aqui e agora, e só de que você precisa. Eu o fiz absolutamente livre. Não há prêmios, nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar. Você é absolutamente livre para fazer da sua vida um céu ou um inferno. Não lhe poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso lhe dar um conselho, viva como se não o houvesse, como se esta fosse sua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não houver nada você terá usufruído da oportunidade que lhe dei. E se houver tenha certeza de que não vou perguntar se você foi comportado ou não. Vou perguntar se você gostou, se divertiu, do que mais gostou o que aprendeu.
Pare de crer em mim! Crer é supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que você acredite em mim, quero que me sinta em você. Quero que me sinta quando beija sua amada, quando agasalha sua filhinha, quando acaricia seu cachorro, quando toma banho de mar. Pare de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra você acredita que eu seja? Cansa-me que me agradeçam. Você se sente grato? Demonstre-o cuidando de você, da sua saúde, das suas relações, do mundo. Expresse sua alegria! Esse é um jeito de me louvar. Pare de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que o ensinaram sobre mim! A única certeza é que você está aqui, que está vivo e que este mundo está cheio de maravilhas. Para que precisa de mais milagres? Para que tantas explicações? Não me procure fora. Não me achará. Procure-me dentro de você. É aí que estou em você.”
Feliz Pascoa!
Por Marcos Sá, consultor de mídia impressa, com especialização em jornais, na Universidade de Stanford, Califórnia, EUA. Atualmente é diretor de Novos Negócios do Grupo RAC de Campinas