Desde tempos remotos a mulher sofre as consequências de uma sociedade patriarcal que concedeu aos homens o poder de decidir os rumos da humanidade. Na idade antiga e idade média, a mulher simplesmente existia para gerar filhos, cria-los e cuidar dos serviços domésticos, sujeitando-se de forma submissa às vontades de seus pais, maridos e patrões.
Ser mulher, homem, alto, baixo, negro, branco, gordo ou magro são rótulos de identificação para que a nossa estrutura social possa se organizar. Mas precisamos lembrar que todos nós, independentemente dos rótulos que nos dão desde o dia do nosso nascimento, somos almas buscando um caminho de evolução, portanto o lugar de cada um de nós é aquele onde desejamos estar, independente de gênero. Cada mulher desse planeta merece estar onde ela quiser; para assim manter-se íntegra aos seus valores, desejos e metas pessoais.
Para que a mulher consiga se equilibrar e encontrar o que mais gosta de fazer, ela deve ser íntegra consigo mesma e permitindo-se experimentar. Não somos obrigadas a decidir uma profissão com 16 anos de idade ao concluir o ensino médio e, como aconteceu comigo, podemos mudar de atividade ao longo da vida, unindo três princípios fundamentais para que possamos obter felicidade naquilo que fazemos: P + H + $.
P: significa paixão, ou seja, ser completamente apaixonada pelo que faz e sentir prazer em contribuir com o mundo nessa atividade.
H: significa habilidade, ser muito bom e competente na atividade escolhida, desde que essa profissão seja escolha da própria mulher, pelas motivações corretas e não uma atividade escolhida pela família ou motivada apenas por questões financeiras.
$: significa que essa atividade precisa ser monetizada, ou seja, precisa existir uma demanda de mercado que pague por ela, porque a prosperidade financeira é fundamental para que se tenha prazer em exercer uma atividade.
Equilibrando esses três fatores com uma busca por meio da experimentação é possível encontrar a sua missão profissional.
O que pode contribuir muito com essa jornada são os Cajados**, os arquétipos da nossa personalidade. E, segundo a autora Clarissa Pinkola Estés, toda mulher tem um aspecto selvagem que precisa ser liberto e desenvolvido. Quando a mulher é “domesticada” e não consegue expressar seu lado feminino, instintivo e selvagem, ela adoece mental, emocional e fisicamente. Ela costuma comparar a mulher aos lobos selvagens e livres, que precisam expressar seus instintos, vinculados a própria ancestralidade, da fêmea que dá à luz, alimenta e protege sua cria.
O caminho que a mulher pode seguir para descobrir sua jornada é o caminho do autoconhecimento, de ser exata e corajosamente quem nasceu para ser, não reprimindo as vontades ou escravizando-se diante de uma sociedade doente que exige padrões inatingíveis de beleza e comportamento.
Somos seres únicos, raros. Cada um de nós é um universo, impossível de se padronizar.
Deve ser descartada qualquer atitude de submissão aos desejos e vontades alheias para a mulher que quiser encontrar seu cajado. É importante definir uma escala de valores que são inegociáveis, como por exemplo liberdade, respeito e amor próprio. Muitas mulheres justificam que abrem mão de seus valores por amor a outra pessoa, mas dentro da minha experiência de mais de 15 anos como terapeuta, alguém que abandona seus valores por “amar” alguém, já deixou de amar a si mesma e esse desequilíbrio faz com que a relação não perdure.
É muito importante que mulheres com sua confiança ou autoestima destruídas busquem ajuda em grupos de apoio, em terapias complementares, que inclusive já estão disponíveis no SUS, em vídeos na internet, em livros, para que voltem a construir um caminho de retorno ao seu eu interior, a si mesma. E assim, diante de sua própria integridade e autoconhecimento, conseguirá encontrar o seu cajado, que leva à sua missão de alma e ao seu propósito aqui na Terra.
É necessário entender que a mulher é parte da família e não a única responsável. Cada pessoa que compõe a família tem suas responsabilidades, independente da idade. Lógico que a mulher se cobra mais e tem mais responsabilidades, porque normalmente é ela quem coordena e lidera as atividades e organização do lar, e a sociedade exige que a mulher seja uma heroína que dê conta de tudo.
É muito importante que a mulher compreenda que o propósito do seu cajado pode ser realizado paralelamente a todas as outras atividades, pois o cajado revela a missão da alma. E para a vida valer a pena, o cajado precisa ser realizado a cada respiração, como mãe, como mulher, profissional, filha, amiga ou irmã.
E todas devem dizer não a tudo que as escravizem e façam com que se sintam menores do que o próprio potencial máximo. Devem dizer não a desigualdade, a humilhação, ao machismo, a violência, a agressões psicológicas, a falta de respeito, aos abusos, assédios e tudo aquilo que menospreze suas potencialidades.
E para que a mulher tenha crescimento em todas as áreas, pode se inspirar em mulheres que já chegaram nos lugares onde ela deseja chegar. Cada área tem mentoras específicas, depende muito daquilo que ela deseja conquistar. Por exemplo, se ela quer ser uma excelente empresária, deve buscar os modelos de negócios de grandes empresarias de sucesso. Se deseja conselhos sobre investimentos, talvez alguém da sua família não seja o mentor correto, então deve buscar mentoras que podem ajudar a chegar onde almeja, e uma dica importante: sempre deve ter três metas bem claras em mente, e ao conquistá-las, deve buscar mais três e assim sucessivamente até conquistar o mundo, pois todas elas merecem.
Dia Internacional das Mulheres: elas e suas missões
No Dia Internacional das Mulheres é preciso falar daquilo que elas realmente nasceram para fazer. E não, não é a maternidade. Após tantos anos acreditando que cuidar da família é a habilidade da mulher, fica mesmo difícil para elas identificarem o que querem ser. Para ajudar, a Patrícia Cândido, best-seller, empreendedora e pesquisadora na área de espiritualidade há mais de 15 anos, mostra como é possível descobrir o seu Cajado, aquilo que nasceu para fazer.