Granjeiros visitam a Armênia

A Armênia é uma ex-república soviética localizada na montanhosa região do Cáucaso, entre a Ásia e a Europa. Conheça mais sobre esse país no Diário de Bordo, escrito pela granjeira Debora Patlajan Marcolin: “viajar pela região do Cáucaso não pode se esperar grandes monumentos, ou bazares, ou muita excitação. É um passeio tranquilo para se aproximar da história, cultura, e povo desta região da Ásia central”.

Viajar pela região do Cáucaso não pode se esperar grandes monumentos, ou bazares, ou muita excitação. É um passeio tranquilo para se aproximar da história, cultura, e povo desta região da Ásia central.

Em nosso percurso pela Armênia, Geórgia e Azerbaijão tivemos impressões diferentes de cada um dos países, mas com um assunto em comum…todos detestam a Rússia!

Países da ex- União Soviética, todos, de uma forma ou de outra, saíram feridos na época da dissolução do bloco.

A Armênia, com certeza foi a mais prejudicada dos três.

Com 80% do seu território rochoso e 20% cultivável ela sempre dependeu inteiramente da Rússia em sua economia. Quando da dissolução do bloco soviético a Rússia retirou todo seu apoio ao país e este ficou e está totalmente estagnado.

A sensação de abandono é nítida: casas abandonadas, construções pela metade, grandes mineradoras e fabricas que parecem cidades fantasmas.

Continuamente, famílias inteiras e jovens procuram emigrar para outros países.

O pais que já foi grande exportador de produtos de couro ( especialmente para Rússia) e minério; hoje vive muito em função da ajuda da diáspora armênia ( que perfaz 3 vezes a população atual da Armênia), especialmente a presente na Califórnia.

Dos 20% de área cultivável, a produção é de frutas com uma grande quantidade de frutas secas deliciosas que são ofertadas nos bazares e mercados.

O país é totalmente dependente do gás da Rússia que chega por gasodutos que atravessam a Geórgia a valores astronômicos.

O povo é extremamente religioso e voltado para a família. É um pais católico e foi o primeiro pais no mundo a adotar o cristianismo; com seu próprio papa (Catholikos). E foi este nosso primeiro passeio ao redor de Yerevan para a cidadezinha de Etchmiadzin, sede do apostolado.

Yerevan é também chamada de cidade rosa, porque quase 100% das construções são feitas com uma pedra vulcânica abundante na região, muito leve, e numa grande variação de tons de rosa .

De qualquer ponto da cidade e arredores pode-se avistar o monte Ararat, que apesar de que está em território turco, para mim foi muito emocionante…Cada vez que olhava para ele parece que via Noé e a arca, estacionada no seu cume, e uma pombinha branca com uma oliveira no bico se aproximando!

Originalmente o monte Ararat pertencia á Armenia, mas foi cedida á Turquia em algum momento da historia como presente da Russia.

Em conversas com as pessoas notamos que o tempo todo o povo, bastante machucado, relata perdas ao longo da história. O que não é sem razão, pois houveram perdas de territórios, o grande massacre dos armênios pelos turcos em 1915 e mais ultimamente o abandono pela Rússia e conflitos com o Azerbaijão.

Hoje em dia, neste época (10/2022) em que viajamos, esta disputa com o Azerbaijão é pelo território de Nagorno/Karaback, que cada lado tem suas razões para dizer que a região lhe pertence…A fronteira entre estes países está fechada e ocorrem trocas de tiros diariamente, quase chegando a prejudicar nossa ida para lá. Mas felizmente o conflito não está se avolumando.

A Armênia tem também conflitos com a Turquia e a fronteira com este país também esta fechada. Então o acesso por terra para a Armênia é bastante complicado.

A noite em Yerevan, como em outros países da Ásia Central é muito alegre com famílias inteiras indo passear pelas praças e restaurantes. Uma delícia! Ficamos horas na praça principal chamada Cascade, onde uma serie de fontes formam um grande monumento com uma vista lindíssima da cidade no seu topo.

Outro passeio obrigatório para que quer conhecer a historia do pais ,foi a visita ao museu do holocausto num belo complexo numa colina ao redor da cidade.

Nosso próximo destino foi o monastério e complexo de Geghard, que foi estabelecido inicialmente numa caverna no século IV e posteriormente expandido e ao redor de uma paisagem deslumbrante. Tem grande afluxo de turistas locais, russos, etc.

O único templo pagão da Armênia é o de Garni que está muito bem reconstruído e também tem um afluxo grande de turistas.

Ao longo do caminho paramos num pequeno galpão onde mulheres confeccionavam o pão lavash dentro de um forno tipo tandori dentro da terra. Ficamos um bom tempo observando e nos deliciando com o pão fresquinho e queijo branco local.

Próxima parada foi o Lago Sevan. É um dos maiores lagos de alta montanha do mundo e realmente é belíssimos. Tem poucas vilas ao seu redor e no verão elas são o destino de férias preferido dos armênios. Lá também houve uma visita a um monastério, o de Sevanavank no alto de um promontório.

Pernoitamos nesta noite em Dilijan, que é uma cidade montanhosa com uma paisagem completamente diferente do que havíamos visto até então. Porque, a maior parte do país tem uma paisagem árida e desértica, enquanto Dilijan parece que estamos numa vila alpina. Muito agradável, e por ser uma cidade bem turística tem vários hoteizinhos e restaurante deliciosos.

A culinária lembra a dos turcos acompanhada de vinho Armênio bem gostoso.

Nossa ultima parada antes de atravessarmos a fronteira para a Geórgia, foi nos monastérios de Haghpat e Sanahim listados pela UNESCO como patrimônio mundial. Estão localizados numa pequena vila e de uma beleza singular.

De uma forma geral gostamos de ter conhecido a Armênia…Saí de lá com o coração um pouco apertado e penalizada pela pobreza e estagnação que vive o país, mas feliz de ter dado a chance de me mostrarem o país e colaborado minimamente com uma movimentação da economia.


Debora Patlajan Marcolin, médica, 65 anos, muito curiosa com relação a diversidade cultural do nosso planeta. Viajo desde que me conheço por gente e tudo me atrai. Desde a minha vizinhança pobre de Carapicuiba até as cerimonias fúnebres de Tana Toraja na Indonésia, passando por paraísos naturais como o pantanal mato-grossense e deserto do Jalapão. Já conheci por volta de 75 países e não paro de projetar novos destinos. Entendo que para se viajar é preciso estar de peito aberto e abandonar todo tipo de preconcepção, que com certeza, a viagem vai te provocar profundas mudanças internas e gosto pela vida. Autora do blog A Minha Viagem.

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