Geograficamente, observamos que o Azerbaijão é entrecortado pela Armênia, ficando a região de Naquichevão entre a Armênia e a Turquia. Originalmente, esta região pertencia a Armênia, mas após o genocídio armênio e com a retirada dos turcos, ficou sobre influência azari e, assim, permanece até os dias de hoje.
Todas estas questões fronteiriças, étnicas e políticas geram muita tensão na região culminando em conflitos armados como o atual na região de Nagorno/Karabakh.
Como um dos países menos prejudicados do Cáucaso na dissolução da União Soviética, a cidade de Baku apresenta uma pujança, e desenvolvimento a todo vapor.
Quando digo que o Azerbaijão não se prejudicou tanto com a dissolução da União Soviética, foi porque ele tem enormes recursos naturais, como o gás e o petróleo que brotam à flor da pele em alguns locais.
A Rússia é o seu maior parceiro comercial, e Israel um de seus maiores aliados políticos.
Considera-se que o atual presidente do Azerbaijão, Ilham Aliev, tem um grande poder de mediação na política global, bom para eles…
Afastando-se muito pouco do centro da cidade de Baku já se observa incontáveis poços de petróleo retirando o ouro negro da terra…
Nesta curta passagem pelo Azerbaijão, conhecemos somente a capital Baku e alguns pontos turísticos ao redor.
Numa foto grosseira da cidade, posso dizer que ela possui um centro medieval fortificado, bairros e avenidas que lembram Paris, de tão europeias, e novos edifícios super modernos, estilo Dubai.
Inicialmente, visitamos a antiga cidadela fortificada, onde conhecemos o palácio de Shirvanshah, datado do século XV e bastante interessante. Saindo de lá e caminhando pelas ruelas desta cidadela fortificada, passamos por inúmeras lojinhas, ateliers, restaurantes e caravançarai, chegando a torre de Maidan.
Esta torre remonta a períodos pré-históricos, tendo servido a vários propósitos ao longo da história, dando margem a muitas lendas e fábulas relacionadas a ela. Em algum momento, ela já esteve localizada junto ao mar Cáspio, mas, na medida que aterraram toda uma área ao longo do mar, por onde hoje passa uma grande avenida, jardins e edifícios, a torre acabou ficando mais afastada. Mas, mesmo assim quando se sobe até o ápice, tem-se ainda uma belíssima vista 360 graus do mar e de toda a cidade de Baku.

O centro da cidade é cortado por avenidas muito movimentadas e edifícios do século XVIII, que, neste período, estavam todos exibindo a bandeira do Azerbaijão, no sentido de avalizar o governo nos conflitos atuais com a Armênia.
Bem, não que estas bandeiras foram colocadas de forma espontânea pela população. Na verdade, esta democracia presidencialista é governada há anos pelo clã de Heydar Aliev de forma bastante ditatorial.
Nosso hotel (achei que tinha entrado no túnel do tempo, de volta ao anos 20 soviéticos) era extremamente bem localizado ao lado da Praça da Fonte, de onde partem ruas de muito comércio e restaurantes.
À noite, como em todos os países da Ásia Central, as ruas ficam lotadas de famílias e jovens passeando pelos parques , lojas e ao longo da bulevar que beira o mar.
Comer um kebab com ayram é programa obrigatório, ou mesmo sentar numa mesa ao ar livre, experimentando a culinária local e assistir a movimentação é bem prazeroso.

Acho que nunca vi um edifício de tamanha elegância quanto o premiado Centro Heydar Aliev que foi projetado pela arquiteta iraquiana Zaha Hadid, em 2003.
O passeio no Centro dá a possibilidade de apreciar a arquitetura interior e várias outras exposições permanentes e temporárias.

Outro passeio que amei foi a visita ao museu do carpete, que tem o formato de um tapete enrolado. A visita é guiada e pode-se aprender sobre os vários tipos de tapetes regionais.

De frente ao museu do carpete parte um bondinho que sobe para o parque o High Land Park, onde se tem outra maravilhosa vista da cidade.
Passeios ao redor de Baku incluem o Museu dos Petroglifos, que é listado na UNESCO e que tem um enorme parque adjacente a ser percorrido a pé, observando nas rochas a arte rupestre, datada de 10000AC.
Nesta mesma região de Gobustan, acessamos os vulcões de lama, que são formados a partir de gases que são expelidos do interior da terra. Extremamente interessante, pois esta lama é fria, e ainda tem alguns europeus malucos que tomam banho nela e depois se lavam numa pequena lagoa ao lado.
Interessante é que, para chegarmos a este local, a agência de turismo disse que trocaríamos de carro para um 4×4, pois o terreno é bem irregular e impossível para um carro comum.
Em determinado local da auto estrada, paramos e nos aguardava um lada russo, caindo aos pedaços que nos dirigiu, off road, aos tais vulcões de lama.


No dia seguinte, visitamos a península de Absheron, diretamente ao templo do fogo Ateshgah. No século XVII, este templo foi construído pela comunidade hinduísta de comerciantes. Tinha também funções comerciais e de caravançarai.
Mas historicamente, tem relação com o zoroastrismo onde se estabeleceu o templo do fogo e eventualmente uma torre do silêncio (onde os zoroastras depositavam seus mortos para serem devorados pelos abutres, de acordo com a tradição). É um local contemplativo e que transmite bastante paz.
Nossa última parada foi Yanar Dag, que devido a uma concentração de gás natural está eternamente em chamas.

Gostaria de acrescentar que fizemos esta viagem aos países do Cáucaso, toda organizada por uma agência de viagens. Mas uma vez terminada, entendo que não necessariamente precisa ser assim, pois são países de fácil trato e que com um pouquinho de tranquilidade dá para executá-la de forma autônoma.
Debora Patlajan Marcolin, médica, 65 anos, muito curiosa com relação a diversidade cultural do nosso planeta. Viajo desde que me conheço por gente e tudo me atrai. Desde a minha vizinhança pobre de Carapicuiba até as cerimonias fúnebres de Tana Toraja na Indonésia, passando por paraísos naturais como o pantanal mato-grossense e deserto do Jalapão. Já conheci por volta de 75 países e não paro de projetar novos destinos. Entendo que para se viajar é preciso estar de peito aberto e abandonar todo tipo de preconcepção, que com certeza, a viagem vai te provocar profundas mudanças internas e gosto pela vida. Autora do blog A Minha Viagem.