Jeff Bezos, o fundador e presidente da Amazon, a caminho de se tornar um dos homens mais ricos do planeta, com fortuna superior a oitenta bilhões de dólares, quer reinventar a filantropia.
No dia 15 de junho último, ele postou no Twitter uma “solicitação de ideias” para fazer algo de imediato, não a longo prazo.
Atualmente ele realiza um programa para moradores de rua em Seattle, cidade que abriga a sede da Amazon. Bezos quer ajudar as pessoas na intersecção entre a necessidade urgente e o impacto duradouro. Para isso, ele quer receber ideias de todos aqueles que costumam pensar em como resolver problemas concretos e aparentemente insolúveis. Algo como a “Cracolândia” em São Paulo.
Aparentemente, Bezos não quer apenas assinar cheques para causas nobres. Por sinal, ele foi um dos cinco grandes bilionários americanos que se recusaram a assinar o compromisso proposto por Bill Gates e Warren Buffet, pelo qual os mais ricos deveriam se comprometer a doar ao menos metade de sua riqueza.
Bezos e sua família já doaram cem milhões de dólares para organizações de caridade, ou seja, 0,1% de sua fortuna. Por enquanto, ele quer ganhar mais dinheiro. Para os otimistas, isso significa que ele terá mais a doar quanto mais rico for. Mas, assim como sua história, ele quer algo original. Filho adotivo de um pai nascido em Cuba, deixou o emprego em Wall Street para vender livros online na garagem de sua casa e criou uma empresa avaliada em meio trilhão de dólares.
A originalidade de sua trajetória justifica a procura por uma fórmula menos convencional de fazer caridade. O que pode mudar o mundo, em termos de redução de desigualdade? Por sinal que Bezos nunca admitiu que sua luta seja para ganhar mais dinheiro. Sua missão é mudar o mundo e satisfazer os consumidores, não enriquecer.
Enquanto Jeff Bezos continua a acrescentar milhões de dólares à sua conta corrente, inclusive ao adquirir o controle da cadeia de varejo Whole Food por 13,7 bilhões de dólares, para disseminar o consumo de alimento orgânico, os brasileiros podem oferecer sua inventividade para ajudá-lo a realizar uma nova forma de filantropia. No caminho, poderíamos também conscientizar os ricos brasileiros de que fortuna é algo que se não leva quando a morte nos levar. E que temos pouco tempo para mostrar que valeu a pena termos nascido. Se não for para melhorar o mundo, por que estamos aqui?
Por José Renato Nalini, secretário da Educação do Estado de São Paulo