Marcos Sá escreve sobre a revolução provocada pelo streaming

"É uma revolução silenciosa, da maneira como encaramos o entretenimento. Não há muito tempo tínhamos a opção de apenas o bom e velho analógico aparelho de TV", escreve nosso colunista.

O que significa streaming? É a transmissão de dados de áudio ou vídeo em tempo real de um servidor para um aparelho como smart tv, smartphone, tablet, computador ou notebook. O servidor funciona como um computador que armazena todo conteúdo de um site, um sistema, aplicativo ou serviço digital. É uma revolução silenciosa, da maneira como encaramos o entretenimento. Não há muito tempo tínhamos a opção, como telespectadores, de apenas o bom e velho analógico aparelho de TV, que continha alguns poucos canais com baixíssima resolução de imagem. Quem não se lembra da TV Tupi, canal 4, da Excelsior, depois Manchete, canal 9 e da TV Paulista, canal 5? Já não existem mais,
mas no passado, juntas com TV Record, Bandeirantes e Cultura, formavam o cardápio
de entretenimento do telespectador brasileiro. Nem todas ficaram no ar ao mesmo tempo, o que diminuía mais ainda a oferta de programas na televisão. Sem contar que éramos reféns dos horários fixos das programações. Não assistiu no horário, já era. Nunca mais. Não tinha repeteco, nem YouTube que salvasse o programa. Imaginem as crianças e adolescentes de hoje, esperando pacientemente sentadinhas na frente da TV, aguardando seus programas preferidos começarem. Certamente, surtariam. Mas era o que tínhamos e ninguém saiu ferido. Pior: os noticiários informativos/ jornais eram fonte quase única e indiscutível no quesito veracidade ou qualidade da notícia. Sem discussão ou reflexão. Era pegar e não largar. Mas a internet e as redes sociais, somando ao avanço dos gadgets (notebooks, smart tvs, celulares e Ipads), mudaram esse cenário. Os streamings vieram para ficar. Na maneira de ouvir música com Spotify (recomendo na Netflix a série Som na Faixa sobre seu surgimento), Deezer e outros mais, no YouTube, em podcasts, lives ou nos
aplicativos, temos uma gama enorme de entretenimento. Verdadeiras maratonas no sofá. Só nas smarts tvs, podemos baixar dezenas de aplicativos com conteúdo dos mais diversos. Netflix, Prime Video, HBO, Paramount, Star+, Disney, Apple TV, Hulu e inúmeros outros. E assistir onde quisermos. No celular, Ipad, tablet ou notebook. Uma festa! Óbvio que todos têm um preço, mas a facilidade e a conveniência que oferecem, compensa. Os streamings de uma certa forma ajudaram a reduzir ainda mais a já baixa audiência das TVs abertas. Junto com as redes sociais e os informativos online, em real time, a notícia deixou de ser privilégio de uma única fonte de informação. O Jornal Nacional, da TV Globo, e as novelas que já foram a paixão dos brasileiros e tiveram audiências históricas, hoje amargam números que despencam a cada mês, nos mais baixos índices já registrados. Nos
últimos anos, eles caíram pela metade e a credibilidade das notícias divulgadas, idem. Até as partidas de futebol ganharam espaço nos streamings. Antes monopólio da Globo, hoje se espalham nos apps. A tecnologia avança em velocidade alucinante. Traz novidades a cada dia e gera uma concorrência saudável em todos segmentos.


Por Marcos Sá, consultor de mídia impressa, com especialização em jornais, na Universidade de Stanford, Califórnia, EUA. Atualmente é diretor de Novos Negócios do Grupo RAC de Campinas

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