Certificado em Engenharia de Áudio, Produção Musical e Teoria Musical pela OMID International Academy, Thiago Baggio concorre ao prêmio Profissionais da Música como Engenheiro de Gravação e também Engenheiro de Mixagem. É a terceira vez que o músico granjeiro concorre ao prêmio, que está em sua sétima edição e é uma das maiores e a mais abrangente das premiações do setor musical do Brasil. Em 2019, ele subiu no pódio e, agora, espera subir novamente.
A música chegou para Thiago, ainda criança. Ele tinha 9 anos, quando teve o primeiro contato com uma bateria e, aos 13, começou a estudar Baixo Elétrico. Logo em seguida, passou a tocar na igreja, onde também aprendeu um pouco sobre som para ajudar nas reuniões. “Em casa, meu pai sempre foi bastante curioso e um grande entusiasta e tínhamos uma estação com uma placa de captura de vídeo e também outra de áudio e, ali, comecei a fazer as minhas primeiras gravações caseiras, com zero conhecimento e muita vontade”, relembra.
Viver de música fazia – ao mesmo tempo em que não fazia – parte dos seus planos. Ele traçava outras metas. Começou a cursar o concorrido curso de Odontologia na USP e conciliava a universidade com as aulas de inglês que dava pela manhã. Nas horas vagas, tocava em uma banda que estava começando a ficar conhecida. Porém, logo no primeiro ano, falhou – como ele mesmo diz – em uma matéria e isso travou outras no segundo ano. Talvez fosse o destino querendo apresentar sua verdadeira vocação.
“Como eu tinha muitas janelas, comecei a frequentar a faculdade de música do campus e passei a assistir aulas como ouvinte. Uma delas foi Tecnologia Musical com o Fernando Iazzetta, além de outras como Acústica dos Instrumentos. Essas aulas abriram os meus olhos para o mercado do áudio. Apesar de soar familiar para mim e ser, de certa forma, óbvio, até então não havia percebido que poderia realmente ser uma profissão. Na verdade, eu sempre quis viver de música, mas estava traçando outra linha e, no final, acabei entrando de vez nesse universo. Não como músico, mas como engenheiro que foi algo que descobri nessa época da USP”, conta.
Com esse insight, ele foi em busca de aprimoramento e iniciou cursos na área. Ele relembra seu início: “minha primeira experiência como aprendiz foi no estúdio Quarto da Bagunça, em 2010, mas eu realmente considero o início da minha jornada profissional a partir de maio de 2012, quando fui contratado para trabalhar no renomado estúdio NaCena, em São Paulo, onde atuava como Engenheiro Assistente. Foi lá onde entendi a seriedade do mercado e conheci pessoas que foram fundamentais para minha jornada até hoje”.
Desde então, trabalhou em várias empresas de destaque no mercado e participou de mais de uma centena de projetos, gravando e mixando músicas para vários artistas e gravadoras como Sony e Universal, alguns dos quais lhe renderam diversas indicações, inclusive, ao Grammy Latino, incluindo uma de Melhor Álbum de Engenharia e o título de Melhor Engenheiro no 5º Prêmio Profissionais da Música.
Thiago também é membro votante da Academia da Gravação (NARAS), Academia Latina da Gravação (LARAS) e Audo Engineering Society, membro da equipe de artistas da Arturia, colabora com outras marcas como Techivation, Sonimus, Process.Audio, Focusrite e Sound on Sound e atua como profissional autônomo gravando e mixando para diversas produções em diferentes estilos. “Dentro do mercado atuo como Engenheiro de Gravação e Mixagem, atendendo a artistas, músicos e produtores que me procuram para gravar e finalizar seus projetos”, resume.
O disco Esfera de Paulo Novaes, produzido entre 2014 e 2015, marcou um ponto de virada importante na sua carreira. “Cai de paraquedas para gravar algumas coisas desse projeto já em sua fase final e, depois, fazer a mixagem dele”, relembra. Mas foi nessa época que conheceu o pessoal do estúdio onde trabalha em parceria até hoje e que foi bastante importante para sua vida profissional: “ali ganhei liberdade para desenvolver minha forma de trabalho e onde gravei 4 dos 5 trabalhos que fiz e que foram indicados ao Grammy Latino”.
Ao longo da sua jornada, trabalhando com diversos artistas, músicos, selos e gravadoras, recebeu o convite para criar um conteúdo e compartilhar o processo de trabalho da hora que recebe os arquivos até o final da mixagem que sai para masterização. Assim, surgiu o Desconstruindo a Mix. “Na verdade, a iniciativa não partiu de mim. Foi um convite de alguns conhecidos que me levou a isso. Inicialmente, neguei, mas depois de quase um ano insistindo, aceitei e resolvi criar um conteúdo mostrando como eu trabalho, utilizando a música Alma do primeiro álbum do Paulo Novaes. A condição era que fosse um conteúdo de valor acessível e sem frescura. Ali eu não ensino nada de maneira ‘rápida e milagrosa’, mas sim, demonstro como eu recebo e monto o projeto, como eu faço o processo que eu chamo de ‘mix prep’, onde resolvo aspectos técnicos do material para que, somente depois, eu faça a mixagem de maneira fluida, sem ter que ficar parando para resolver ‘problemas’ durante o meu processo criativo”, explica.
Quando questionado sobre suas referências na área, ele pensa um pouco, antes de declarar: “não tenho um artista específico que me inspira, mas sou bastante influenciado pela música. Quem não tem sua trilha sonora sendo construída ao longo da vida, né?! Agora, tenho referências e inspirações no mercado do áudio. Joe Chicarelli é um engenheiro que me inspira bastante, quando o assunto é gravação. Peter Katis é outro quando o assunto é mixagem. Claro que esses são somente dois nomes de tantos outros que gosto e que influenciam não somente a mim, mas a muita gente”.
Qual gênero musical favorito, tanto para ouvir como para produzir? “Gosto de rock. Entrei no mercado com a intenção de trabalhar dentro desse segmento, mas as portas que se abriram para mim foram diferentes. Eu trabalho, em maioria, com cantores e compositores de MPB e música instrumental. Porém, continuo caminhando e tentando abrir as portas para trabalhar com mais artistas dentro do universo do rock também”, afirma. E com quem gostaria de trabalhar? “Não tenho um artista específico, mas com certeza trabalhar com artistas dedicados, que fazem música boa e que valorizam os profissionais ao seu redor é sempre bom”.
Nascido em Guarulhos, mas criado em Aldeia da Serra, a região é uma inspiração: “acho que o significado é o mesmo de todos que vivem aqui, a busca por qualidade de vida”. Aos 32 anos, uma sólida carreira e prestes a, quem sabe, conquistar mais um prêmio (saiba mais abaixo e como votar), perguntamos: afinal, quem é Thiago Baggio por Thiago Baggio? Ele não costuma expor sua vida pessoal, mas responde: “por trás de tudo isso, sou marido da mulher da minha vida e pai de 2 filhos. Tudo que faço é para eles e também para meus pais que sempre se dedicaram e fizeram de tudo para que eu pudesse seguir meus sonhos com todo suporte possível”. “Sou um amante de música, antes de qualquer coisa”, finaliza.
Prêmio Profissionais da Música
A iniciativa tem como objetivo o compartilhamento em todas as formas e formatos dos envolvidos na criação, produção e circulação de obras de arte musicais e audiovisuais, nos meios físicos e digitais, a partir da matéria-prima: música. Nesta edição, o slogan Temos um país para reconstruir soma-se à outro Viva a Cultura Popular e, além da valorização de toda a cadeia criativa, produtiva e dos negócios da música, apresenta como novidade o pilar educativo, com uma categoria única para projetos relacionados à Educação. O evento acontece de 13 a 15 de abril de 2023, em Brasília. E a premiação da modalidade Produção, no qual Thiago se enquadra, acontece em 14 de abril.
Até 29 de setembro, está aberta a 2ª etapa de votação do Prêmio Profissionais da Música e todos podem participar. “É só entrar no site www.ppm.art.br, fazer um cadastro e depois entrar na aba “Votação” -> “Produção” -> Engenheiro de Gravação e também Engenheiro de Mixagem -> Thiago Baggio. E votar”, explica o profissional.
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Por Juliana Martins Machado