No mês em que é celebrado o Dia Internacional da Mulher, data marcada pelo assassinato de trabalhadoras que reivindicavam melhores condições de trabalho e salário, em 1857, em Nova York, o Centro de Pesquisa e Formação do Sesc propõe uma reflexão sobre a atuação da mulher no desenvolvimento das artes e da cultura e uma discussão sobre o papel fundamental do feminismo na conquista e avanço dos direitos das mulheres e combate à violência, aos abusos e a desvalorização das mulheres na sociedade.
Ao longo dos séculos, o movimento feminista tem se transformado com o avanço do debate teórico sobre os conceitos de gênero, do feminino e da mulher, e adquire uma característica plural, não podendo-se mais falar em um feminismo, mas num conjunto de feminismos.
Mas, mesmo tendo conquistado diversos direitos ao longo dos últimos decênios, ainda existe uma desvalorização social, econômica e simbólica das mulheres em todo o mundo. No Brasil, por exemplo, dados do IPEA apontam que a cada 90 minutos uma mulher morre vítima da violência de gênero. E questões relativas ao direito da mulher sobre o próprio corpo e sua sexualidade continuam sendo consideradas um tabu em nossa sociedade, tendo em vista que os órgãos legislativos e judiciários possuem uma composição basicamente masculina.
Outra face da sociedade em que o feminismo tem sido fundamental é na luta contra o apagamento da mulher na narrativa da história mundial. Quantos estudantes aprendendo sobre a Revolução Francesa saberiam responder quem foi Olympe de Gouges, a mulher que escreveu a Declaração dos Direitos da Mulher e Cidadã propondo a igualdade entre homens e mulheres? Em contrapartida, todos saberiam quem foi Robespierre, por exemplo. A sociedade patriarcal insiste em não problematizar o papel ativo que as mulheres vêm desempenhando ao longo da história nas mais diversas áreas.
É com o intuito de debater estas e outras questões que o CPF Sesc realiza a programação Existir, reexistir e resistir: mulheres na linha de frente, que durante os meses de março e abril realiza cursos e palestras, voltados para o público em geral, que debatem o papel feminino nas artes visuais, teatro, literatura, discussão de gênero, política, entre outros temas.
ARTES PLÁSTICAS E VISUAIS
Artes visuais e feminismos: gerações e geografias
De 21 a 23/3, quarta a sexta, das 19h às 21h30
Inscrição – R$50,00 / R$25,00 / R$15,00
O curso apresenta um panorama historiográfico da teoria e da crítica de arte feminista, de modo entrelaçado às estratégias utilizadas nas práticas artísticas dos anos de 1970, 1980 e 1990, a fim de pluralizar o conceito de feminismo e destacar suas complexidades internas. Propõe uma análise comparativa com o cenário brasileiro e busca aproximações não usuais entre artistas visuais brasileiras e estrangeiras para contribuir com a problematização de mitos e clichês que engessam o entendimento da história da arte ou dos feminismos nas artes visuais.
Com Roberta Barros, artista visual, pesquisadora e doutora pela UFRJ, autora de Elogio ao toque: ou como falar de arte feminista à brasileira, fruto de pesquisa vencedora do Prêmio Gilberto Velho de Teses (2015).
Percursos da Arte Urbana Feminina em São Paulo
Dia 3/3, sábado, das 10h às 15h
Grátis – Inscrições a partir das 14h do dia 22 de fevereiro através do site sescsp.org.br/festa
A atividade integra um bate papo sobre as especificidades da presença e atuação feminina na arte urbana, reflexão e discussão sobre os trabalhos produzidos por mulheres e realização de um percurso voltado para a constituição de uma cartografia da arte urbana feminina na cidade de São Paulo.
Com Mag Magrela – pinta nas ruas desde 2007, seus trabalhos podem ser encontrados em São Paulo, Londres e NYC. Inspira-se na mistura da cultura brasileira: a fé, o profano, o ancestral, a batalha do dia-dia, a resistência, a busca pelo ganha-pão, o feminino.
Com Simone Sapienza Siss, artista plástica e grafiteira. Utiliza o estêncil e a serigrafia (lambe-lambes) sobre diversos tipos de suporte. Participou de várias exposições individuais e coletivas, como Joanas Too Dark, 3. Bienal Internacional de Grafitti Fine Art Exposição Sisstema.
LITERATURA
Imagens da modernidade brasileira em quatro escritoras paulistas
De 6 a 27/3, terças, das 14h30 às 17h
Inscrição – R$50,00 / R$30,00 / R$18,00
A proposta do curso é apresentar aos alunos, em quatro aulas, o trabalho de quatro escritoras pouco conhecidas do público leitor: Patrícia Galvão, Maria José Dupré, Carolina Maria de Jesus e Zulmira Ribeiro Tavares. Sob a visão dessas diferentes autoras, pertencentes a diferentes momentos históricos do século XX, traça um panorama único da cidade de São Paulo e do processo de modernização brasileiro.
Com Bianca Ribeiro Manfrini – possui formação em Letras, e Doutorado em Teoria Literária e Literatura Comparada pela Universidade de São Paulo. Já ministrou cursos de extensão na Casa das Rosas e é autora do livro “A mulher e a cidade: imagens da modernidade brasileira em quatro escritoras paulistas”, publicado pela Edusp.
Quatro séculos de poétAs esquecidas
De 6 a 27/3, terças, das 19h às 21h
Inscrição – R$50,00 / R$25,00 / R$15,00
Atualmente, muito tem se discutido sobre os espaços oferecidos para as mulheres dentro da Literatura Brasileira e, conforme os anos passam, é percebida alguma mudança no cânone literário – não sem incômodo. Porém, já estamos no século 21 e as mudanças sentidas são de hoje adiante, para as poetas que estão vivas. Então, quais são as poetas que arrombaram os espaços literários de suas épocas, mas que, por estarem à margem – principalmente, por questões de gênero, raça e/ou classe social, permanecem esquecidas? O minicurso pretende, através de contextualizações sobre a História do Brasil e da Literatura Brasileira e sobre o papel esperado da mulher em sua época, resgatar algumas dessas poetas, apresentar suas trajetórias e obras e discutir porque voltar o olhar para elas torna-se necessário para construir um novo cânone literário.
Com Lubi Prates, poeta, editora na nosotros, editorial, Revista Parênteses e Selo CAROLiNA – da editora Linha a Linha, e tradutora. Tem dois livros publicados, coração na boca (2012 / 2016) e triz (2016). Seu terceiro livro, um corpo negro, foi contemplado pelo PROAC com bolsa de criação e publicação de poesia e será lançado em 2018. Foi organizadora da GOLPE: antologia-manifesto e do festival literário [eu sou poeta]. Dedica-se à ações que combatem a invisibilidade de mulheres e negros na Literatura.
AÇÕES PARA A CIDADANIA
Feminismo Islâmico: mediações discursivas e limites práticos
Dia 28/3, quarta, das 19h30 às 21h30
Ingresso – R$15,00 / R$7,50 / R$4,50
Para compreender a realidade das sociedades muçulmanas na atualidade, a palestra tem como objetivo apresentar o Feminismo Islâmico, que surgiu nos anos 80, em países muçulmanos e diásporas, associando o paradigma islâmico a uma atuação feminista, por meio de reinterpretações das fontes religiosas islâmicas.
Com Cila Lima – Socióloga e doutora em História Social. Pesquisadora de Grupo de Trabalho Oriente Médio e Mundo Muçulmano e Núcleo de Estudo de História e Historiografia, ambos na USP/SP. Membro da Revista Malala e autora de Women and Islamism: the cases of Egypt and Turkey e de Feminismo islâmico: mediações discursivas e limites práticos.
TEATRO
Oficina secreta de dramaturgia somente para mulheres
De 15 a 23/3, quintas e sextas, das 19h30 às 21h30
Dias 17 e 24/3, sábados, das 10h às 13h
Ingresso – R$50,00 / R$25,00 / R$15,00
Desvendar o modelo patriarcal intrínseco à estrutura clássica (trajetória do herói), esmiuçando quais as tarefas bélicas e colonizadoras dessa narrativa na produção de ficção, como ela altera a percepção das realidades íntimas e sociais, as impressões do simbólico e quais suas consequências visíveis e invisibilizadoras no cotidiano das pessoas e das cidades. A partir dessa tomada de consciência, através de dispositivos de criação de cenas teatrais, inventar e praticar a escrita como EXCRITA, como excreção, convocando o corpo animal humano a revelar narrativas descolonizadas, inspiradas nos valores atribuídos ao feminino ancestral.
Com Marcia Zanelatto, escritora, dramaturga e atriz pela Escola de Teatro Martins Penna/ RJ.
Sobre o CPF Sesc
Inaugurado em agosto de 2012, o Centro de Pesquisa e Formação do Sesc é uma unidade do Sesc São Paulo voltada para a produção de conhecimento, formação e difusão e tem o objetivo de estimular ações e desenvolver estudos nos campos cultural e socioeducativo.
Além do Curso Sesc de Gestão Cultural – que visa a qualificação para a gestão cultural de profissionais atuantes no campo das Artes, tanto de instituições públicas como privadas – a unidade proporciona o acesso à cultura de forma ampla, tematicamente, por meio de cursos, palestras, oficinas, bate-papos, debates e encontros nas diversas áreas que compreendem a ação da entidade, como artes plásticas e visuais, ciências sociais, comportamento contemporâneo e cotidiano, filosofia, história, literatura e artes cênicas, voltadas para o público em geral.
Existir, reexistir e resistir: mulheres na linha de frente
Recomendação etária: 16 anos. Número de vagas: 30.
Tradução em Libras disponível. Faça sua solicitação com no mínimo dois dias de antecedência da atividade através do e-mail [email protected].
Informações e inscrições no site (sescsp.org.br/cpf) ou nas unidades do Sesc no Estado de São Paulo.
CENTRO DE PESQUISA E FORMAÇÃO DO SESC
Rua Dr. Plínio Barreto, 285 – 4º andar.
Horário de funcionamento: de segunda a sexta, das 10h às 22h. Sábados, das 9h30 18h30. Tel: 3254-5600.