Comemoração do primeiro mês de Gaia.

O período após o parto, chamado de puerpério, é cheio de surpresas. Agora, imagine durante a quarentena por conta de uma pandemia… pois foi exatamente o que aconteceu com Bruna Vega Nogueira de Sá, de 36 anos. Sua filhinha, Gaia, nasceu em março, no mesmo período em que casos de coronavírus aumentaram no Brasil e as medidas de contenção da doença começaram a ser adotadas. Ela estava na Granja Viana, mas por recomendação médica voltou para a Ilhabela, onde mora há 2 anos e meio. “A minha previsão era ficar na casa dos meus pais na Granja, mas como a doença começou a crescer em São Paulo e aqui, em Ilhabela, estava bem mais tranquilo, o próprio pediatra da Gaia recomendou que a gente voltasse para cá”, lembra. E assim, “com a cara e a coragem”, ela encarou a estrada com uma bebezinha de oito dias.

Bruna é casada com o empresário Thiago Wertheimer, proprietário do hotel-boutique Guaimbê Exclusive Suítes, localizado em Ilhabela.

Quando chegou em Ilhabela, encontrou uma cidade completamente deserta. E sim, embora more em uma ilha, foi a primeira que se viu de fato ilhada. “Todo comércio fechado, bem como hotéis e todos os serviços não-essenciais”, relata.

Foi ainda, no final de janeiro, que a Secretaria de Saúde de Ilhabela reforçou as medidas de controle contra o coronavírus no município. Embora na época ainda não existisse nenhum caso confirmado no Brasil, as orientações da equipe da Vigilância Epidemiológica da cidade eram que as pessoas evitassem aglomerações, que procurassem o serviço de saúde caso apresentassem sintomas gripais e que não ficassem circulando, afim de evitar a transmissão da doença.

Bruna é filha do nosso colunista Marcos Sá

As principais medidas adotadas na sequência foram a restrição de acesso à balsa e o apoio da prefeitura ao isolamento social. “Apesar de ter sobrinhos, é muito diferente quando você tem o seu filho. Então, tudo que eu queria era a presença da minha família nesse momento”, relata a mamãe de primeira viagem. Ela tentou, de todas as formas, trazer seus pais para perto dela, da netinha e do genro. Foi em vão. “Pedi autorização para a prefeitura e não consegui. Então, para mim, isso foi o mais difícil”, descreve. Ela já estaria de quarentena de todo modo, mas a diferença é que, em outros tempos, ela poderia estar com a família.

De acordo com decreto municipal de 20 de março, pessoas que não residissem na cidade ou não realizassem serviços essenciais, como saúde, segurança e outros, estavam proibidas de entrar em Ilhabela. As medidas surtiram efeito. Durante todo o período, o arquipélago teve menos casos de covid-19 que as outras cidades da região: foram 149 casos e 2 óbitos confirmados.

O luxuoso hotel TW Guaimbê possui um visual surpreendente.

Três meses depois, o reencontro pode estar mais próximo. No último dia 19, a prefeitura flexibilizou a entrada de donos de casas de veraneio e seus familiares, condicionada à avaliação do pedido pelo município. Grupos que reúnem moradores e donos de casas de veraneio recorreram à Justiça e o juiz Vitor Hugo Aquino de Oliveira, do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, derrubou o veto de circulação na cidade. “A partir do instante que o Poder Executivo entende, de acordo com embasamentos técnicos e científicos, ser possível a retomada da atividade econômica, a execução de atividades esportivas ao ar livre, entre outras ações de retorno ao cotidiano que se tinha antes de março, a liberdade de ir e vir de todos os cidadãos deve prevalecer”, assinalou no despacho publicado nesta terça-feira (23/06). A decisão tem caráter liminar e ainda pode ser revista.

Apesar de todas as dificuldades, para Bruna, este foi um momento de ressignificar a vida e “valorizar aquilo que realmente importa”. Ela aposta que sairemos melhores desta. “Vemos que as pessoas estão tendo que ajudar todo mundo e mais preocupadas com o próximo. Então, eu tenho eu tenho boas perspectivas sobre o que será do ser humano após tudo isso. Acho que todo mundo vai sair um pouquinho melhor do que entrou nessa. Só economicamente que será uma lástima, né?”, finaliza a jovem.

 

Por Juliana Martins Machado

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