Raposo destravada? Marcos Sá escreve sobre o Projeto Lote Nova Raposo

"Por isso e apesar das dificuldades, se faz inadiável a imediata construção da Nova Raposo, de forma que possamos minimamente nos locomover", escreve o colunista Marcos Sá

Viajar é sempre bom. Principalmente, quando a viagem é de lazer. Segundo os psicólogos, uma viagem começa a fazer efeitos positivos no cérebro desde o planejamento até a volta. Ao pensar na futura viagem, o cérebro produz serotonina, o hormônio da felicidade, e os benefícios começam a se concretizar. Acabo de voltar de um giro pela Flórida, nos Estados Unidos, e senti exatamente as sensações descritas acima. Feita essa introdução, vamos ao que interessa. Mais uma vez, fiquei impressionado com a capacidade dos americanos em realizar obras em tempo recorde e com altíssimo nível de qualidade. Em alguns meses, uma nova rodovia espetacular com seis pistas é concretizada, um viaduto surge e novos bairros com infraestrutura completa são entregues. Tudo feito dentro das normas ambientais mais exigentes, com os orçamentos/verbas respeitados e com qualidade. O pacote vem completo. Como eles conseguem? Por que não aprendemos com quem já tem a fórmula? Pelo visto, as viagens internacionais dos nossos políticos têm outros objetivos. Fazer turismo e lacrar, não trazer know how para usufruto dos contribuintes. Em 1922, foi assinado o decreto de construção da rodovia Raposo Tavares. A inauguração aconteceu em 1937. Desde então, a lentidão na execução das promessas já existia. O trecho de São Paulo a Cotia teve sua última grande melhoria na década de 70, daí para frente só teve “piorias”. Já a Rodovia Castello Branco teve sua ampliação de São Paulo a Alphaville bem-sucedida e as discussões eram idênticas as que vivemos hoje com o atual projeto do Lote Nova Raposo. Alguém consegue imaginar o que seria esse trecho da Castello sem as melhorias? Seria impossível o crescimento da região e a chegada a Alphaville. Voltando ao projeto Nova Raposo, já estamos nesse impasse há mais de vinte anos e pelo visto vai se arrastar por mais alguns. Muito se discute e nada se conclui. A possível construção de uma linha de metrô seria uma ótima solução, mas essa obra não invalida a necessidade de ampliação da Raposo Tavares. Somos um país baseado em transporte rodoviário, ao contrário dos países desenvolvidos que tem ótima infraestrutura ferroviária. Sem estradas decentes, as cargas e a mobilidade urbana não se desenvolvem. Por isso e apesar das dificuldades, se faz inadiável a imediata construção da Nova Raposo, de forma que possamos minimamente nos locomover. Óbvio que aperfeiçoamentos devem ser acrescidos ao projeto e cuidados ambientais precisam ser respeitados, mas precisamos de celeridade nessas decisões. Vários governadores nos prometeram e não cumprirem suas promessas de resolver esse caos que é a atual “Avenida Raposo Travada”. Covas, Alckmin, Dória, Rodrigo Garcia e, agora, Tarcísio, para lembrarmo-nos de alguns. Sem falar dos prefeitos da região que não conseguiram viabilizar esse projeto. Sempre com burocracias, interesses políticos e artimanhas, todos empurraram com suas gordas barrigas as soluções. É chegada a hora da execução. Que as entidades envolvidas, as autoridades responsáveis e a população encontrem soluções rapidamente, sob o risco de, mais uma vez, perdemos o bonde da história e inviabilizarmos o acesso a Granja Viana e região, além de ficarmos reféns da armadilha diária que é perder horas para percorrer alguns poucos quilômetros até São Paulo. E vice-versa. O Governador Tarcísio de Freitas tem a fama de bom gestor e, como líder do mais rico estado do país, tem nas suas mãos essa importante missão. Que Deus ilumine a todos os envolvidos. Mais uma vez, temos de ter fé. Nós brasileiros e granjeiros nunca desistimos!


Por Marcos Sá, consultor de mídia impressa, com especialização em jornais, na Universidade de Stanford, Califórnia, EUA. Atualmente é diretor de Novos Negócios do Grupo RAC de Campinas

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