O Theatro Municipal de São Paulo recebe, no próximo dia 19 de fevereiro, às 20h, o concerto Senzalas Brasileiras, do regente e compositor baiano Roberto Laborda. O programa reúne o conjunto de composições homônimas e fragmentos da ópera Irmã Dulce, uma homenagem à primeira santa brasileira. Apresentadas pela primeira vez no Brasil, com a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo (OSM), as obras foram compostas para diferentes formações instrumentais.
Nascido em uma família de músicos espanhóis, Laborda, 39 anos, começou a tocar piano de forma espontânea ainda aos seis anos de idade. Radicado na Europa há quase duas décadas, é o atual diretor da Orquestra Metropolitana de Barcelona (Espanha). Com ótimas críticas recebidas na Europa e Rússia por suas composições, Laborda afirma que a apresentação no Brasil é especial. “Tenho uma carreira consolidada na Europa. Mas o sonho de todo brasileiro é mostrar seu trabalho no seu país. Estrear no Brasil, no Theatro Municipal, regendo a Orquestra Sinfônica de São Paulo, em um concerto apenas com obras minhas é muito gratificante”, celebra o maestro.
Executada pela primeira vez em Roma (Itália), em outubro do ano passado, durante a canonização da religiosa brasileira, as composições da ópera Irmã Dulce revelam a influência da baianidade no estilo de Laborda. Nas entrelinhas das obras sinfónicas, o maestro deixa latente a influência do folclore brasileiro.
Inspiração para apresentação em homenagem à irmã Dulce
Inspiradas nas dificuldades da religiosa, responsável pela construção de um hospital no terreno onde havia um galinheiro, as peças também passeiam pela Salvador natal do regente, e têm como pano de fundo o romance entre a jovem pobre Gabriela do Rio Vermelho e o aristocrata Barão de Lanat. As personagens serão representadas, respectivamente, pela soprano Elayne Caser e pelo tenor Rubens Medina, ambos do Coro Lírico Municipal de São Paulo, corpo artístico do Theatro Municipal.
Dando continuidade ao programa, as composições batizadas de Senzalas fazem alusão à palavra em seu sentido literal. “Eram lugar de dor e sofrimento, mas também abrigavam a esperança da liberdade. Esse paradoxo me inspirou a compor uma série de obras sobre o sofrimento, as dores e a incessante busca humana por liberdade e felicidade”, contextualiza Laborda.
Com forte influência dos sons e folclore baianos, as obras manifestam um caldeirão de ritmos. No prelúdio de Senzala nº 1, surge a “Esperança Sertaneja”, retrato do brasileiro que sai do campo em busca de uma vida melhor na capital, mas encontra apenas a exploração da sua mão de obra. Compostas para orquestra de cordas e piano, as Senzalas nº2 trazem a visão do brasileiro sobre as belezas da Europa, sem deixar de lado as marcas de um passado de guerras e disputas territoriais.
O primeiro acorde de Riga lembra a explosão de uma bomba da 2ª Guerra Mundial. As notas seguintes revelam a dramaticidade da trama imaginada pelo compositor. Um homem arrancado da família é levado ao cárcere na Sibéria. Enquanto espera a morte, ele é surpreendido pela libertação e pela volta da esperança.
Na obra Romance em Praga, o diálogo entre o violino e o violoncelo revela a batalha travada pelo compositor Antonín Dvorak na busca por consumar seu amor impossível. Apaixonado por uma mulher comprometida, o compositor construiu para ela um quarto em sua casa, na esperança de que deixasse o marido “ainda que aos 80 anos de idade”. A peça venceu o prêmio Dvorak, da República Tcheca.
Serviço:
Quarta-feira,19, às 20h
Theatro Municipal de São Paulo Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo |