As redes sociais dominam o mundo. Todas as idades se tornaram viciadas no manejo das bugigangas eletrônicas. Cada vez mais cedo as crianças exigem celulares como presentes. E têm singular intimidade com o seu manuseio. Sabem explorar aplicativos que os adultos demoram a assimilar.
Para o bem e para o mal, a comunicação online veio para ficar. E se propiciaram a Primavera Árabe, conseguem paralisar tentativas nefastas de piorar o mundo, também semeiam muita mentira.
A consultoria Kantar fez uma pesquisa com 8 mil pessoas a respeito das “fake news”. Mentiras veiculadas em campanhas eleitorais que podem mudar o resultado das eleições. De cada cem consumidores de notícias, cinquenta e oito têm menos confiança no noticiário político e eleitoral visto nas redes sociais.
Tudo indica que as redes foram importantes na eleição de Donald Trump. Também no Brasil elas começam a ter relevância no processo de formação do convencimento do eleitor. O fenômeno tem explicação plausível na era em que a humanidade imergiu. A revolução nas comunicações gerou superficialidade nos contatos. Incapacidade de reflexão, banimento da meditação. Dificuldade em absorção de ideias complexas.
Tudo muito rápido, muito breve, muito onomatopaico. Quem é capaz de se deter e pensar ante profundas análises da realidade? Quem se dispõe a ouvir longas preleções?
Por isso é que a mensagem fugaz, as frases de efeito, a concatenação rimada e ritmada de uma combinação de palavras fáceis de guardar é o que cativa a mente rasa de um ser que se autodenomina integrante da única espécie racional.
A despeito de se apurar, na mesma pesquisa, que a geração Z, os nascidos entre os anos 1990 e 2000, têm se engajado mais na política e aumentado o seu interesse por noticiário, a impressão que se tem é que as novas gerações são mais atraídas pelo “funk”, pelo “pancadão”, pelas mensagens gestuais, na economia de palavras que pode ocultar evidente dificuldade no manejo do vernáculo.
Transmitir a verdade com esses novos signos pode ser a chave da motivação dos jovens. É conveniente que se interessem pela política, pois ainda não há outra fórmula de coordenar o convívio, senão mediante entrega do comando a representantes eleitos, regra da Democracia Representativa que nos governa.
Por José Renato Nalini, secretário da Educação do Estado de São Paulo