60: Década de arromba

“O assassinato de Kennedy, o AI 5 e tantas outras coisas que nos marcaram”

Todos aqueles que vivenciaram a fabulosa década de sessenta do século XX devem assistir o documentário musical “60! Década de Arromba”, musical de Frederico Reder e Marcos Nauer, ora no Teatro Net, depois de exitosa temporada no Rio.

É um espetáculo que orgulha os brasileiros, além de mexer com a emoção de quem se lembra do que aconteceu naqueles anos. JK, Brasília, JQ e sua renúncia, a chegada do homem à lua, a Revolução de 1964, os Beatles, os festivais da Record. O assassinato de Kennedy, o AI 5 e tantas outras coisas que nos marcaram. É impossível deixar de se enternecer e até chorar, quando se é sensível. Pois qualquer sobrevivente sente-se transportar para aqueles anos mágicos. Anos dos amores, das descobertas, da maravilhosa música daqui e de fora. Embalaram nossos sonhos e é um exercício e tanto verificar o que se conseguiu em cotejo com o que se ansiou.

Wanderléa reina soberana e recebe carinho daqueles que assistiram ao surgimento da “Ternurinha”, ao lado de Roberto e Erasmo, interagindo de maneira fabulosa com o público. Em pleníssima forma, voz maviosa, empatia que é dom espontâneo e que o auditório identifica. Aos poucos, todos estão cantando as mesmas músicas, num coral imenso, irmanado pela vontade de estar novamente naquele Brasil de tanta esperança.

Crianças e jovens têm muito a aprender com a cuidadosa e profissionalíssima produção das 64 pessoas que participam do show. É um retrospecto histórico equivalente a uma pós-graduação concentrada nos fatos que afetaram a humanidade naqueles anos. Seria importante que todas as escolas pudessem assistir à exuberante encenação, ouvir as afinadas vozes de um elenco talentoso, impregnar-se de saudades ao ser privilegiado com músicas que têm início com Chuá Chuá, Jura, Taí, O Teu Cabelo Não Nega, Cidade Maravilhosa, Cantoras do Rádio, Carinhoso, Se Acaso Você chegasse, o Samba da Minha Terra, Beija-me, Atire a Primeira Pedra, Tico-Tico no Fubá, Asa Branca, Cadê Zazá e Brasilerinho, tudo isso apenas no prólogo do musical.

Mas há muito mais, pois a cada ano as músicas se alternam em cronologia exata, o que evidencia apuro e exação nem sempre levadas em consideração numa grande produção. A euforia de quem assiste justifica voltar para sorver cada minuto das três horas que não se sente passar.

A esperança é a de que pessoal de tamanha competência e criatividade, que leva a sério o fazer artístico, se proponha a nos oferecer em breve as décadas de setenta, de oitenta, de noventa e quantas mais se dispuserem a concretizar. O Brasil só ganhará com isso, pois “60: Década de Arromba”, pode concorrer com qualquer outro musical da Broadway e, garanto, fará bonito.

Por José Renato Nalini, secretário da Educação do Estado de São Paulo

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