A relação entre pais e filhos

A pedagoga Rozana Moro fala sobre os resultados das diferentes atitudes dos pais em relação aos seus filhos

De muitas atitudes de minha vida, a que eu não duvido ter acertado e a que mais agradeço é ter tido a oportunidade de ser mãe. Quanto crescimento!Do momento que você fica sabendo que será mãe, sua vida nunca mais é a mesma! Um banho de amor, medo, responsabilidades, incertezas tomam conta da gente e é só neste momento que você descobre o que é amor de pais ou questione o amor recebido.

Hoje, com toda esta violência, esses medos naturais que temos, percebo quanto é importante confiar, acreditar que existe proteção divina e que a entrega a Deus é a mais segura. Quando você abre as portas da espiritualidade, dá passagem para que o Plano Maior acesse seus pedidos e interceda por você.

Lógico que esta entrega deve estar vinculada a fazer a sua parte, pois não podemos apenas contar com a sorte. Pais que amam e que querem o melhor para seus filhos, cuidam e protegem.

Ame demais seus filhos, dialogue e delegue poderes a eles, não subestime e nem estime demais. Ah, como é difícil este equilíbrio ao educar nossos filhos.

Nestes anos todos na área da Educação, tive a oportunidade de estar com diferentes formas de família e poder analisar e ver os resultados das diferentes atitudes dos pais em relação aos seus filhos.

Infelizmente, algumas mães não oferecem bases para a autonomia de seus filhos, pois dar autonomia requer trabalho, preocupação, exige mais de nós mesmos. Um dos exemplos é que é mais fácil dar comida na boca da criança quando pequena, ao deixá-la comer sozinha e estar ao lado dela apenas amparando. Comer sozinha suja o ambiente, suja a roupa e logo após a refeição, haja limpar tudo isso!

A quantidade de crianças que tem bloqueios, falta de segurança, raciocínio lento e medo estão ligados ao fato de fazerem tudo por ela: É A SUPER PROTEÇÃO.

Ah, super proteção exagerada… Veneno da sociedade.  Pais que pedem para que seu filho revide a agressão do coleguinha e ainda o que é pior, ensina os meios violentos de como agir. Logo, a criança pensa: _ Se meus pais, (heróis aos meus ver), aqueles em quem acredito ,estão pedindo que eu seja violento, que eu bata, empurre meu amigo, por que não ser? Só que depois esta criança cresce com este registro armazenado na memória e ao crescer, poderá repetir estas ações violentas.

Uma criança de 4 anos jogou uma cadeira em outra e quando o professor chamou sua atenção, ela assustada com a própria atitude, dizia que o papai tinha falado para que ela fizesse aquilo muito forte,mas para machucar mesmo . Sabe aquela história: Se apanhar na rua, ao chegar em casa, apanhará de novo? Pois é, quem não conhece um caso destes?

A falta de autonomia e equilíbrio chega ao ponto de uma criança não ser capaz de raciocinar para levar um objeto de um lugar ao outro, de realizar uma tarefa nova sem muito temor, pois sempre existe um adulto fazendo por ela ou até impedindo de enfrentar o novo, o medo, a incerteza e assim ela não precisa pensar, pois sempre terá um adulto por perto. (Será? Nunca sabemos o que poderá acontecer amanhã!) Sei que por traz destas atitudes está um imenso amor, pois quem ama cuida, porém amar significa dar elementos, pois feliz ou infelizmente não estaremos com eles em todos os momentos para fazer tudo o que achamos suficientes.

Precisamos educar para a vida e isto já parece tão “batido”, porém são inúmeros casos de crianças ainda hoje que não sabem comer, vestir, colocar sapatos sozinhas, coisas básicas de sobrevivência diária.

Muitas vezes fui questionada por permitir que meus filhos fizessem muitas coisas sozinhos e para a visão de alguns, podia parecer preguiça.

Coitadas das babás de algumas crianças e coitadas de algumas crianças que tem babás! Muita destas crianças tem autonomia zero. Lógico que não sou contra as babás e aos cuidados, mas devemos sempre estar atentos ao equilíbrio e orientação com estes profissionais que nós ajudam na educação de nossos filhos.

Enfim, aquela velha história: Só aprende a andar de bicicleta… Andando,  escrever… Escrevendo, a trocar… Trocando, andar… Andando e digo que só se aprende a viver… Vivendo e fazendo! Pois então, vamos fazer, vamos agir e permitir que nossos filhos façam, raciocinem e assim no futuro, saberão que existem causas e conseqüências em nossos atos, que precisamos pensar e refletir antes de tomar qualquer atitude.

Sugestão de leitura que aborda este fato através de história:
O Patinho que não aprendeu a Voar de Rubem Alves.

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