Recentemente, tive a honra de participar de um evento que fez meu coração de sommelière bater mais forte. Foi uma celebração única do universo dos vinhos, conduzida pelo talentoso enólogo Edgar Carter, da vinícola boutique Carter Mollenhauer, e organizada pelo querido Avi Abrão, winehunter sagaz e proprietário da importadora Flaks Wines.
A Carter Mollenhauer, localizada nos vales de Maule e Itata, no Chile, é um projeto que celebra a autenticidade e o respeito ao terroir. Com uma produção limitada de apenas 20 mil garrafas anuais, cada vinho é feito de forma artesanal e natural, sem adições químicas, tornando-os uma expressão pura das uvas e do solo.
Curiosidade histórica: Embora muitos acreditem que as primeiras videiras no Chile foram plantadas nas proximidades de Santiago, a história revela que o cultivo de uvas viníferas começou por volta de 1550, em Itata, aos pés dos Andes.
Esse “velho novo Chile” tem sido redescoberto, especialmente pelos vinhedos centenários e uvas extraordinárias como a País, que antes eram subestimadas. As videiras em pé franco, pré-filoxera, com raízes que mergulham profundamente no solo, entregam vinhos ricos em personalidade e complexidade aromática.
Destaques da Degustação
Edgar Carter nos apresentou um portfólio impressionante, mostrando que seus vinhos vão contra a padronização do mercado. Cada rótulo é uma obra viva, cheia de personalidade e autenticidade. Entre os destaques o Branco La Palma, Semillón 2022 (100% Semillón, D.O. Itata). Este foi, sem dúvida, o ponto alto para mim. Com vinhas de 120 anos e um vinhedo resgatado por Carter, esse vinho é fermentado em ânforas e maturado com um processo de soleira de 8 anos. Sua complexidade aromática é impressionante, com notas de frutas cítricas, louro, curry, limão, especiarias e flores. Um vinho único, que exige um paladar treinado para apreciar sua profundidade.
Uma Experiência Memorável
Esse evento me encantou não apenas pelos vinhos, mas também pelo trabalho cuidadoso e apaixonado de Carter. Em tempos de vinhos padronizados, seus rótulos nos lembram a importância de valorizar a singularidade e o respeito ao terroir.
Meu coração já espera ansioso pela próxima oportunidade de me encontrar com essas jóias engarrafadas e celebrar o que o “velho novo Chile” tem de melhor a oferecer.
PAULA PORCI
Consultora, palestrante e colunista de bebidas
Juíza de vinhos Sommelière de vinhos ABS-SP e AIS-FR
Fundadora da Confraria das Granjeiras
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