Butantan cria grupo contra doenças emergentes

Serão necessários R$ 25 milhões para a reforma e adaptação da nova ala

O Instituto Butantan, órgão ligado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo e um dos maiores centros de pesquisa biomédica do mundo, anuncia a criação do Grupo de Ação Rápida para Doenças Emergentes (Garde-IB).

A nova unidade de pesquisa será instalada no prédio antes ocupado pelo Paço das Artes. A área foi reintegrada ao Instituto a partir de acordo entre as secretarias estaduais da Cultura e da Saúde.

O espaço já pertencia ao Butantan e estava cedido à Secretaria de Cultura. Serão necessários R$ 25 milhões para a reforma e adaptação do prédio onde funcionará a nova unidade, que será responsável pela pesquisa de doenças graves e que demandam esforços urgentes e interdisciplinares, como dengue, zika e chikungunya.

“Este espaço será um grande avanço nas pesquisas de doenças emergentes que demandam cada dia mais atenção da saúde pública e ações efetivas para seu monitoramento, tratamento e combate”, afirma o secretário de Estado da Saúde de São Paulo, David Uip.

Ao mesmo tempo, a Secretaria de Saúde dará início aos estudos de viabilidade de transferência à Cultura de uma área na Rua Tenente Pena, no Bom Retiro, visando a implantação do Paço das Artes.

O local do antigo Desinfectório Central é um amplo complexo de edificações no qual também está inserido o Museu de Saúde Pública Emílio Ribas, do Butantan.

Inaugurado em 1970, o Paço das Artes já ocupou diversos locais e, desde abril, promove suas atividades no Museu da Imagem e do Som (MIS) e na Oficina Cultural Oswald de Andrade.

“O Paço das Artes no Bom Retiro integrará uma área de intensa vida cultural por estar próximo de equipamentos como a Pinacoteca do Estado, Sala São Paulo, Oficina Cultural Oswald de Andrade e Memorial da Resistência”, afirma Marcelo Araújo, Secretário da Cultura do Estado.

O Garde-IB reunirá um grupo de 30 pesquisadores do Butantan e atuará em diversas frentes, desde pesquisa básica até pesquisa aplicada, envolvendo, também, o desenvolvimento de novos produtos de saúde.

“O objetivo é ter um núcleo de vanguarda em pesquisa nas áreas de Biologia Molecular e Biologia Celular que, a partir de abordagem multidisciplinar, consiga fazer frente à demanda por respostas ágeis para novas doenças que ameacem a saúde pública brasileira e mundial, em geral doenças virais”, diz o diretor do Instituto Butantan, Jorge Kalil.

Além das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, foco inicial dos trabalhos, o núcleo também poderá atuar no estudo de outras enfermidades que já estão presentes no mundo, como encefalite japonesa, febre do Nilo Ocidental e síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS, na sigla em inglês).

Reforma do espaço

A reforma do prédio que abrigará o Garde-IB deverá ter início no segundo semestre de 2016, com previsão de durar cerca de um ano.

Com a curadoria do arquiteto Fernando Serapião, o Butantan convidou três escritórios de arquitetura com experiência em projetos para espaços públicos e de pesquisa para o desenvolvimento de propostas preliminares de arquitetura para o espaço.

Os projetos dos escritórios Eduardo de Almeida, Vigliecca & Associados e Grupo SP serão recebidos e analisados por uma comissão composta por profissionais do Butantan e pelos professores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, Agnaldo Farias e Guilherme Wisnik, até o final de julho.

As propostas deverão preservar a construção civil do prédio e envolver o desenho de laboratórios multiusuários e multifuncionais, que incluam áreas com altos níveis de biossegurança e espaços de integração entre as equipes que trabalharão nos laboratórios.

A edificação de 6 mil metros quadrados reintegrada ao Butantan faz parte de uma área com, aproximadamente, 30 mil metros quadrados que está destinada à futura implantação do Instituto de Inovação em Biotecnologia Butantan.

O Garde-IB é a primeira fase deste projeto que compreenderá um espaço de colaboração científica, reunirá laboratórios de ponta e permitirá a integração de plataformas e linhas de pesquisa com foco no desenvolvimento e produção de novos biomedicamentos, uma grande lacuna do processo inovativo em saúde no Brasil.

No cumprimento de sua missão institucional de contribuir com a saúde pública, o Butantan facilitará, com o Instituto de Inovação em Biotecnologia, a troca de conhecimento e o trabalho conjunto entre diversas instituições de pesquisa, nacionais e internacionais, podendo abrigar, inclusive, empresas incubadoras.

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