Sidnei Sousa, ou mais conhecido como Mestre Nei, já está na capoeira há 30 anos. Morador de Carapicuíba, ele decidiu, há oito anos, readaptar a prática esportiva para pessoas com deficiência física e mental. O gingado, trazido de africanos escravizados no Brasil, agora faz parte da rotina e da vida de cerca de 200 pessoas de todas as idades que participam do Projeto Gingando na Cidade.
São crianças, jovens e idosos com síndrome de Down, autistas, cadeirantes, entre outras deficiências de ordem física e mental, que descobriram na capoeira um meio de inclusão sociocultural.
“Através da capoeira, o projeto ajuda no desenvolvimento de aspectos como a fala, coordenação motora, equilíbrio e interação social. Além disso, trabalha a musicalidade e o ritmo, que são elementos sempre utilizados durante as aulas de capoeira”, destaca Nei.
E foi com as aulas do Mestre Nei que Júlio Luiz, de 16 anos, conseguiu desenvolver uma aptidão muito difícil. Autista, o menino tinha dificuldades de se aproximar de outras pessoas e de conviver em ambientes com muito barulho.
“Hoje ele [Júlio] consegue ficar em um ambiente barulhento, com diversas pessoas, e isso era muito difícil por causa do autismo severo. Hoje, para ele, isso é quase uma necessidade, ele gosta, fica entusiasmado, até atrapalha as vezes (risos), porque ele quer estar envolvido de todas as formas”, conta Simone Alves, mãe de Júlio.
Além disso, a capoeira adaptada também auxiliou o menino no campo da disciplina, “na dificuldade de entender regras e comandos, reconhecer quando é hora dele e quando não é”, diz a mãe. “Ficamos bastante felizes nesse entendimento do Júlio junto com a capoeira adaptada colocada pelo mestre Nei, de uma forma tão lúdica e grandiosa.”
E Nei se sente feliz em colher os frutos deste trabalho que tem se dedicado de maneira tão sincera. “Me sinto muito realizado por ser capaz de ajudar o próximo e mostrar para eles o potencial que cada um tem. Eles são visíveis e mostram para a sociedade que estão aqui, que são iguais a todos, sem discriminação”, completa.
Hoje Nei é voluntário como mestre de capoeira adaptada no Centro Dia Heller Keller, na Associação Projeto Oficina e no Centro de Aprendizagem Léia Rosemberg, ambos em Carapicuíba.

 

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