Celebração de fé e ancestralidade movimenta a Granja Viana

Oyá Onira, incorporada no babalorixá Márcio de Iansã, dança ao som dos atabaques, saudando e abençoando os presentes na festa.
Fotos: Vagner Shift Studio

No último dia 14 de junho, a Granja Viana foi palco de uma celebração repleta de fé, tradição e emoção. O babalorixá Márcio de Iansã abriu as portas do Ile Axé Oyá Onira para receber cerca de cem convidados em uma festa íntima, dedicada à Orixá Oyá Onira, uma das qualidades de Iansã. O evento, realizado apenas para membros da comunidade do Candomblé, familiares e amigos próximos, seguiu a tradição de junho, mês dedicado à celebração da força e da energia de Iansã.

A programação da tarde incluiu rituais de confirmação de cargos, iniciações e graduações de filhos de santo que cumpriram suas obrigações com seus Orixás. Durante os ritos, Oyá Onira, incorporada no próprio babalorixá, dançou e saudou os presentes, criando um clima de grande emoção e respeito. Na sequência, a Orixá apresentou formalmente os ogãs e equedes da casa, reafirmando os compromissos religiosos de cada um junto à comunidade.

Tradição na Granja Viana: o Ile Axé Oyá Onira está presente na região há 16 anos e é uma das casas de Candomblé mais respeitadas do País.

Ao som dos atabaques, a anfitriã espiritual comandou os toques tradicionais, homenageando todos os Orixás cultuados no Ile Axé Oyá Onira. A ordem das reverências seguiu a tradição da casa: Exu, Ogum, Oxóssi, Logunedé, Oxumarê, Omolu, Ossâim, Xangô, Iansã, Oxum, Obá, Iewá, Nanã, Iemanjá, Oxalá, Oxaguiã e Oxalufon. Cada toque foi uma renovação de fé, com danças e cânticos que emocionaram os convidados.

Oyá Onira dança ao som de cântico tradicional iorubá que fala sobre os redemoinhos dos rios. Segundo a lenda retratada na música, só a Orixá tem o poder de parar os redemoinhos para que os humanos possam retornar para suas casas.
Oyá Onira dança ao som de cântico tradicional iorubá que fala sobre os redemoinhos dos rios. Segundo a lenda retratada na música, só a Orixá tem o poder de parar os redemoinhos para que os humanos possam retornar para suas casas.

 

O discurso, escrito pelo babalorixá e proferido pelos membros do Axé, trouxe palavras que emocionaram os presentes. O texto destacou a importância de cada encontro no Candomblé como um ato sagrado de resistência, fé e ancestralidade viva. Lembrou que Candomblé não é folclore, mas ancestralidade viva. Uma religião feita de detalhes que estão embutidos em todos os rituais, desde o movimento de espalhar as folhas que cobrem o chão até as mãos que acendem a velas.

Aos presentes, a oração de boas-vindas pediu que o vento de Iansã varresse os medos e as dúvidas dos corações, trazendo em seu lugar coragem e transformação. A mensagem foi recebida com aplausos e olhares emocionados, marcando o espírito da celebração.

Na tradição Iorubá, os Orixás descem à Terra para dançar e festejar com seus filhos.

Durante a festividade, os convidados experimentaram o tradicional acarajé, comida símbolo de Iansã, preparado com cuidado e devoção pelas equedes da casa. Entre cumprimentos e agradecimentos, a tarde seguiu em clima de confraternização, com todos levando consigo mais do que lembranças: levaram axé, fé e a certeza de que a ancestralidade continua viva, sob o vento protetor de Oyá Onira.

 

Artigo anteriorBafômetro reforçado
Próximo artigoCircuito Zen – O Solstício de Inverno e o chamado para voltar ao essencial