Por muito tempo, quando alguém dizia que morava em Cotia tinha que estar preparado para a cara de espanto do interlocutor que logo perguntava, “onde é” ou “fica no interior? “o que tem pra fazer?”. E logo vinha o velho dito popular: “Paca, tatu, Cotia não”! ou os versos da cantiga de roda, “Corre Cotia, na casa da tia”!
O tempo passou, Cotia cresceu, e apareceu! Atingiu a marca de 300 mil habitantes e pelo fato de ser a cidade da Região Metropolitana de São Paulo com maior área verde preservada, principalmente graças à Reserva Florestal do Morro Grande, tornou-se um refúgio para muitos dos que se mudaram para cá.
As histórias, contos e causos que os mais velhos contam deixam claro o bom humor, a irreverência e o amor pela terra de seus moradores mais antigos, que ajudaram a fazer de Cotia o que ela é hoje, uma cidade acolhedora aonde as pessoas chegam e não querem mais ir embora.
Cenários para muitos filmes
Que em Cotia moram muitas personalidades todo mundo sabe, ou acompanhando pelas entrevistas de capa da Revista Circuito ou até podendo se deparar com uma celebridade no caixa do supermercado. Mas você sabia que a cidade já foi cenário para inúmeros filmes?

Uma história de Futebol
Gravado em Cotia, no Campo do Morro Grande, o curta-metragem narra a história da infância do menino Edson Arantes do Nascimento que aliás, passou por Cotia em 1969 em visita à extinta Roselândia.
O filme, gravado em 1998, ganhou prêmios em diversos festivais. O ator Antônio Fagundes dá voz a um amigo de infância de Pelé e narra momentos vividos por ele que viria a se tornar o Rei do Futebol.

Xingu
Produzido pelo granjeiro Fernando Meirelles e lançado em 2011, teve cenas gravadas na Represa da Graça, na Reserva do Morro Grande.

Outra obra ambientada na represa de Cotia foi a História de Nossa Senhora Aparecida, lançado em 2021.

Nos anos 70 muitos filmes foram gravados na cidade como o clássico Magóas de um caboclo, com Mazzaropi e algumas pornochanchadas como A Virgem estrelada por Nuno Leal Maia e Amante muito louca, com Stepan Nercessian.
Antônio Mathias de Camargo, o Pracinha da FEB

A antiga rua do Correio que se inicia no semáforo da Praça Joaquim Nunes levava, até 1955, o nome de Estrada Municipal Sitio Grande. Foi a lei 13/1955 de autoria do prefeito Waldemar Albano que alterou para o nome atual, Antônio Mathias de Camargo. Muito pouco ou quase nada se fala sobre e o Mathias de Camargo e talvez o descumprimento do parágrafo único da lei tenha colaborado para o quase anonimato do homenageado.
“Parágrafo Único – As placas de nomenclatura conterão os seguintes dizeres: Avenida Antônio Mathias de Camargo – Expedicionário da FEB 1920-1944. ”
Exatamente, Antônio Mathias de Camargo foi um dos soldados da Força Expedicionária Brasileira do Exército, que entre 1944 e 1945, enviou mais de 25 mil militares para se juntarem ao esforço Aliado na Europa. O Brasil foi o único país latino-americano a enviar tropas para combater durante o maior conflito armado da história da humanidade, a Segunda Guerra Mundial.
De acordo com o banco de dados da FEB, Camargo embarcou em julho de 1944 e morreu em combate em dezembro do mesmo ano.
O saldo da FEB foi de 450 praças, 13 oficiais e 8 pilotos mortos, somados aos aproximadamente 12 mil feridos pelos combates.
Em julho de 2024, o Censo Permanente da FEB registrava 56 veteranos vivos.

Chico Bento Cotiano
Os amantes das aventuras e desventuras da turma da Mônica, com certeza já se acostumaram a ver nos quadrinhos o Chico Bento na Vila Abobrinha e sua luta em defesa da natureza, dos rios, dos animais, dos peixes.
Recentemente ele ganhou a telona com o filme “Chico Bento e a goiabeira maraviosa”.
Mas uma coisa que poucos sabem é que Chico Bento está completando 64 anos e que esse carismático personagem nasceu em Cotia ou, para Cotia. O caipira mais famoso dos quadrinhos é cotiano!
No início da década de 60, Maurício de Sousa criou uma tirinha de quadrinhos para a Revista Coopercotia, que era distribuída entre os associados da Cooperativa Agrícola de Cotia (CAC), uma das maiores cooperativas agrícolas do Estado de São Paulo, cuja sede era aqui em Cotia. Foi fundada em 1927 por imigrantes japoneses que se estabeleceram na cidade.
Inicialmente dois personagens interagiam nas histórias: Hiroshi e Zezinho. Não precisamos dizer que Hiroshi, ou Hiro como era conhecido, representava os funcionários da cooperativa, a maioria imigrantes japoneses ou descendente de japoneses.
Mas quando chegou aquele garoto de pés no chão e chapéu de palha, ele foi logo roubando a cena, graças à sua personalidade marcante, além de bondoso, bem humorado, cheio das malemolências e apaixonado pela Rosinha. Francisco Antônio Bento é o nome dele!
O tempo passou, a cooperativa não existe mais, muito menos a revistinha com seus quadrinhos mas o Chico, que logo depois ganhou uma revistinha só pra ele continua firme, forte e amado, representando de forma carinhosa os caipiras de todo o Brasil.
Cotia em números
324,0 KM quadrados
População estimada (2024) 287 mil habitantes
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) – 0,780
Orçamento para 2025 – R$ 1,6 bilhão
PIB (Produto Interno Bruto) R$ 14 bilhões
Vereadores = 17 (nenhuma mulher há quase 50 anos)
Eleitores: 193.107 ( próxima eleição municipal já deve ter dois turnos)
112.307 automóveis emplacados (2024)
2702 novos cotianinhos foram registrados em 2024. Os principais nomes escolhidos foram Helena, Noah e Ravi
1763 pessoas morreram em 2024
1516 casais se uniram em matrimônio
Salário médio (trabalhadores formais) – R$4.554,00(3 salários mínimos)
Por Sônia Marques