Cuidados com a saúde não devem ser interrompidos durante a pandemia

Especialista alerta para importância de dar continuidade a tratamentos para pacientes crônicos e estar atento a outras doenças e emergências médicas

Desde a confirmação dos primeiros casos de Covid-19 no Brasil, a nova doença tem dominado as preocupações da maioria dos brasileiros e o início das recomendações de isolamento pareceu colocar a vida em compasso de espera, com muitos planos aguardando a retomada da rotina. A saúde, no entanto, precisa continuar recebendo cuidados e, mesmo em meio a pandemia, é fundamental estar atento a emergências, surgimento de novas doenças e manter a rotina de pacientes em tratamento.

O gastroenterologista José Capalbo, Superintendente Médico do Hospital 9 de Julho, explica que, em muitos casos, o risco de interromper um tratamento, desmarcar uma consulta ou evitar o pronto-socorro é maior do que o perigo oferecido pelo vírus. E ressalta que, nesse momento, hospitais e clínicas têm adotado protocolos especiais e estão totalmente preparados para realizar atendimentos com segurança, pois as áreas de atendimento são separadas.

Pacientes com doenças crônicas estão entre os indivíduos que devem comparecer regularmente a consultas e terapias. Para pessoas com diagnóstico de câncer ou doença renal crônica, a manutenção do tratamento é essencial a fim de evitar o agravamento do quadro. A mesma recomendação vale para quem passou por cirurgia ou começou a investigar um problema de saúde antes da chegada do vírus ao Brasil.

É de grande importância também procurar ajuda nos casos de emergências ou quando se perceber uma mudança no organismo, pois, em algumas situações, a espera pode diminuir significativamente as chances de recuperação.

José Capalbo diz que toda mudança repentina no corpo acende um sinal de alerta, pois pode indicar um problema sério. “É necessário investigar sem demora uma dor de intensidade média ou forte que apareça de repente, sem causa aparente, em qualquer região do corpo. O mesmo vale para todo sintoma que surgir de forma súbita.”

Entre os casos mais graves estão os problemas cardiovasculares, que são atualmente a principal causa de morte no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. Os mais comuns são o infarto agudo do miocárdio ou ataque cardíaco, que é caracterizado pela obstrução de uma das artérias que leva sangue ao coração, e o AVC, que pode acontecer pela obstrução ou o rompimento de uma artéria no cérebro. Em casos como esses, em que o tempo é fator crucial para garantir a vida, o pronto-socorro é o local certo para buscar atendimento ágil e eficaz e não se deve adiar por medo do novo coronavírus.

José Capalbo explica que os hospitais já são locais onde normalmente existem protocolos eficientes para evitar a disseminação de doenças. “Desde o início da pandemia, as instituições passaram a trabalhar de forma ainda mais intensa na criação de fluxos especiais para garantir a segurança de quem circula por esses espaços”, afirma.

No Hospital 9 de Julho, pacientes que buscam atendimento para problemas de saúde diversos, são, desde a triagem, encaminhados para áreas separadas daqueles que apresentam sintomas respiratórios que podem indicar Covid-19. Há ainda blocos diferentes para internação, UTIs separadas e equipes de colaboradores distintas para pacientes com a nova doença. Isso reduz o risco de contaminação para indivíduos que precisam de cuidados urgentes, consultas e tratamentos para doenças crônicas.

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