Escola doméstica mantém criança ativa durante o isolamento social

Iniciativa também ajuda família a enfrentar a pandemia unida

A ideia foi da publicitária Ana Flora Singer Jacobucci, 37 anos, mãe de Theo, cinco anos, e Maitê, quatro meses. Ela, que se dedica à maternidade em tempo integral, decisão consciente que tomou em pleno ápice de sua carreira corporativa, conta que, devido ao isolamento social e buscando alternativas para a longa permanência em casa, realizou pesquisa sobre recreação, desenvolvimento infantil e criatividade. A partir das informações obtidas, com investimento de 150 reais, comprou os materiais necessários para abastecer uma pequena escola improvisada e deixar a criatividade fluir.

“Estabeleci um espaço em casa para essa atividade. A varanda, que era uma área mais social, perdeu sua função com a chegada da quarentena. Agora, quando entramos lá, nossa rotina transforma-se e a mamãe vira a professora Ana Flora”, relata, salientando: “No começo, não sabia como seria. Porém, conforme Theo foi se envolvendo, fui entendendo do que ele gosta mais, em que ele tem mais independência e o que mais o entretém. Isso tudo tem sido de extrema importância para eu, além da dedicação a ele, conseguir trocar uma fralda, dar mamadeira e atenção à Maitê”.

A pandemia, talvez a mais grave crise até hoje enfrentada pela humanidade, reforça em Ana Flora que a decisão de largar o exercício profissional foi a melhor que tomou na vida. “Conviver em tempo integral com meus filhos satisfaz-me todos os dias. Mas, nunca imaginei viver isso dentro de casa, sem poder sair e por tempo indeterminado”.

Flora considera importante o exemplo de união, convivência e atividade da família em conjunturas de dificuldades como a atual. “Tenho lembranças muito positivas de uma grande crise que o Brasil enfrentou quando eu tinha nove anos. Era época de elevadíssima inflação. Meus pais levavam meus irmãos e eu ao supermercado para fazer a compra do mês no dia do pagamento, em tempo de o dinheiro não desvalorizar. Aquele momento era mágico! Tinha a família unida por algumas horas numa noite qualquer no meio da semana. Hoje, coloco-me no lugar dos meus pais e admiro como eles passaram por tudo aquilo sem perder a esperança”.

A lembrança da atitude dos pais foi a maior inspiração para as ações que Flora tem realizado. “Quero que meu filho lembre-se deste enfrentamento à Covid-19 também como uma postura de coragem, união, solidariedade e alegria de estarmos juntos e ativos”, enfatiza, frisando que, mais do que nunca, todos precisam sentir-se vivos. “Não estamos de férias. Não dá pra ficar de pijama, plugado no iPad ou na televisão o dia todo. Precisamos manter uma rotina, ter hora pra acordar, pra dormir, pra brincar e aprender. A segunda-feira precisa ser diferente do sábado e do domingo. Queremos fazer algo legal e postar: sextou! Por isso, criei a Coronavírus’school”.

Para compartilhar a ideia, bem como transmitir dicas de criatividade, Flora tornou seu Instagram público. “Neste momento tão difícil, a solidariedade espalha-se e contagia! É a minha colaboração para todas as mães, tanto para as de tempo integral, quanto as trabalhadoras, executivas e empreendedoras, no enfrentamento de uma grande luta em favor da vida”, conclui.

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