Levando em consideração a todos os professores, que chegaram e chegam até mim pedindo orientações sobre instruções de saúde e segurança para o seu trabalho e há muito tempo venho observando vários artigos, a qual cito dois abaixo.
Estudo exploratório, transversal, realizado de novembro de 2015 a abril de 2016 com 423 docentes aleatoriamente selecionados. A qualidade do sono foi mensurada pela escala Mini-Sleep Questionnaire (MSQ) os fatores associados à qualidade do sono ruim entre docentes de educação superior de uma universidade pública na Bahia.
A prevalência de qualidade do sono ruim foi de 61,3%.
As queixas mais frequentes foram: dificuldade de adormecer, acordar cansado, acordar com dor de cabeça e não ter tempo para dormir durante o dia. Apresentaram-se estatisticamente associadas com a qualidade do sono ruim: manter mais de um vínculo empregatício, tempo irregular e/ou insuficiente para a prática de atividades de lazer, seis horas ou menos de sono, queixas de dor musculoesquelética e de cabeça, e alta exigência psicológica com baixo controle sobre o trabalho.
Condições de trabalho que propiciam os fatores associados à elevada prevalência de qualidade do sono ruim entre docentes devem ser repensadas em prol da saúde desses trabalhadores e da importância do seu trabalho para a sociedade.
Fonte: Revista Brasileira Proteção
Identificar a prevalência e os fatores associados à síndrome de burnout (SB) entre docentes da educação básica de escolas públicas de um município de médio porte.
Estudo transversal analítico realizado em Minas Gerais, em 2016.
Coletaram-se dados sociodemográficos e ocupacionais e aplicou-se o Cuestionário para la Evaluación del Síndrome de Quemarse por el Trabajo para avaliar a SB. A amostra (n = 745) foi probabilística por conglomerados em único estágio.
Utilizou-se análise hierarquizada com regressão de Poisson.
A prevalência geral da SB foi de 13,8% (IC95%: 11,3-16,3%), com 9,0% apresentando o Perfil 1 (SB sem níveis altos de sentimento de culpa) e 4,8% o Perfil 2 (SB grave). As dimensões mais prevalentes foram “desgaste psíquico” (39,4%) e “ilusão pelo trabalho” (19,7%). A prevalência de SB foi maior entre os docentes mais jovens (RP = 1,82), sem filhos (RP = 1,45), concursados/efetivos (RP = 1,88), insatisfeitos no trabalho (RP = 3,16), com desejo de mudar de profissão (RP = 2,94) e com falta de apoio da direção escolar (RP = 2,38).
Há urgência na criação de políticas públicas de suporte aos docentes, pois os identificados com sintomas da síndrome estão em exercício funcional, o que agrava seu quadro de saúde e, por conseguinte, compromete os diversos processos da área educacional.
Fonte: Revista Brasileira Proteção.
Os dois acima são apenas alguns dos transtornos. Com a covid-19, houve um aumento expressivo de reclamações, referente a saúde ocupacional, a qual como Engenheira de Segurança do Trabalho há muito me preocupa, no quesito prevenção. Muito me surpreende a falta de conhecimento sobre o assunto saúde e segurança no trabalho referente a esta profissão, visto que a maioria que me contata não sabe que existe uma lei falando sobre o tema e que, pelo menos uma vez ao ano, deve ser implantado nas escolas.
A Lei Federal nº 12.645, de 16 de maio de 2012, instituiu 10 de outubro como o Dia Nacional da Segurança e Saúde nas Escolas, ou seja, estabeleceu um dia a ser dedicado ao tratamento dessa temática no ambiente escolar.
Por inúmeras vezes, a falta de informações de diversos profissionais fez com que eu criasse, em 2015, o Educar a Base. Um projeto que orienta a criança de hoje que é o adulto de amanhã, no intuito de minimizar os acidentes, muitas vezes irreparáveis por toda a vida ou até fatal em alguns casos.
A base, é a esperança de um país melhor no quesito saúde e segurança para o adulto de hoje.
Viviane Antunes
Engª. de Segurança do Trabalho
Instagram: @eng_vivianeantunes