Marcos Sá escreve sobre as implicações futuras provocadas pela verticalização e pela falta de solução para a Rodovia Raposo Tavares

Nosso colunista escreve: "por enquanto, o que temos é o seguinte: silêncio obsequioso da Prefeitura sobre os bolsões, verticalização em vias de ser sancionada e o Ministério Público não se manifesta. A nós, nada resta a fazer a não ser se indignar. Enquanto isso, o projeto Nova Raposo conta com movimento contrário à sua realização".

A NOVILÍNGUA CITADA POR George Orwell, no livro 1984, continua avançando. Invasão de terras virou ocupação, assaltante virou jovem suspeito, presidiário virou recluso e monstrengos de 35 andares virou verticalização. Alguém com um mínimo de lucidez pode imaginar prédios de 35 andares na “ruela” São Camilo? Sim, a “ruela” São Camilo. Com todo respeito ao santo, jamais foi ou será avenida. Atualmente, não há espaço para pedestres caminharem nas calçadas (aliás, não há calçadas) dessa via e as filas de congestionamento se prolongam por quilômetros, nos deixando presos por horas nesse martírio sem fim. Não há um argumento minimamente lógico que justifique tamanha barbárie contra a Granja Viana. Uma insensatez! Parece ser algum tipo de vingança dos vereadores/ prefeito contra os moradores. O DER já nos castiga, há anos, com o maldito PARE instalado erroneamente no fim da “ruela” São Camilo, no acesso ao viaduto. Pior ainda é o silêncio sepulcral da prefeitura sobre os inconstitucionais bolsões da região que beneficiam meia dúzia de felizardos e prejudicam muitos cidadãos pagadores de impostos que não conseguem se locomover, devido ao fechamento das ruas no espaço que é público. Por enquanto, o que temos é o seguinte: silêncio obsequioso da prefeitura sobre os bolsões, verticalização em vias de ser sancionada e o Ministério Público não se manifesta. A nós, nada resta a fazer a não ser se indignar. Enquanto isso, o projeto Nova Raposo conta com movimento contrário à sua realização. Como assim? Nova Raposo não e verticalização sim? E os bolsões continuam na maior cara dura? Qual o plano? Inviabilizar a chegada à Granja Viana? Falando sério, ser contra a expansão da Raposo Tavares é um retrocesso. É uma solução para ontem e que não dá para adiar. O projeto segue todas as diretrizes dentro das regras de aprovação. É óbvio que devemos participar, criticar e melhorarmos o projeto, mas jamais inviabilizarmos o mesmo. Já a verticalização… Bem, há uma esperança: em outubro, teremos eleições. Por mim, todos que votaram a favor da verticalização não devem ser reeleitos. Temos a lista. Lembrem-se bem. Mas seguindo, imaginemos a Granja daqui a alguns anos. Se a Nova Raposo não sair, levaremos 2 horas ou mais para chegarmos ou sairmos daqui com otimismo, isso se nenhum caminhão quebrar na fatídica subida da chegada a Granja Viana. Imaginemos que conseguimos chegar. Ufa! A tal “ruela” São Camilo com seus radares vigilantes ou a “viela” José Félix de Oliveira, com seu trânsito digno de uma metrópole, estarão de braços abertos nos acolhendo por mais algumas horas parados no congestionamento monstro, com os novos habitantes dos monstrengos de 35 andares, nos observando atentamente do alto dos seus edifícios. Será uma visão apocalíptica do fim do mundo. Enquanto isso, a Prefeitura estará com os cofres cheios, com a grana do IPTU e IPVA dos infelizes novos moradores que estarão prisioneiros no alto dos seus cubículos de concreto, aprovados por alguns vereadores que a essa altura estarão muito longe daqui. “Deus nos livre desse inferno, azar de quem vive lá” pensarão nossos ilustres representantes com um sorriso nos lábios.


Por Marcos Sá, consultor de mídia impressa, com especialização em jornais, na Universidade de Stanford, Califórnia, EUA. Atualmente é diretor de Novos Negócios do Grupo RAC de Campinas

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