Uma atleta que virou auxiliar de enfermagem, um ex-aluno com problemas de relacionamento na escola que mudou o rumo da vida nadando e um destaque granjeiro no Hospital Veterinário da USP são as histórias desta semana.
Menina de Ouro de Cotia
Aline Santos faz 20 anos em dezembro deste ano. Durante 10 anos, foi mais conhecida por Nina, pois esse foi seu nome de atleta nas equipes de Ginástica Rítmica e Ginástica Estética de Grupo de Cotia, treinada pela professora Maria José Belafronte Hernandes, a Zeza.
Aline começou a treinar aos 7 anos de idade, em 2008, e conquistou títulos importantes como o de Campeão Panamericana de Ginástica Estética de Grupo em 2017 e Pentacampeã Brasileira de Ginástica Estética de Grupo em 2018. Sim, ela foi uma das meninas de ouro que mobilizaram Cotia em uma grande campanha em 2017 para conseguir viajar para o México. Lembra? Também foi medalha de Bronze em Ginástica Rítmica nos Jogos Regionais de 2018, em Santo André, com o aparelho fita.
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Em 2019, porém, por falta de apoio no esporte, as meninas das categorias juvenil e adulto resolveram deixar de representar Cotia e partiram para outros rumos profissionais. “A nossa bolsa atleta não entrava com regularidade, nós tínhamos compromissos e a situação começou a ficar complicada”, conta.
Hoje mais conhecida como Aline, ela trabalha como recepcionista na escola de dança e pilates aberta por uma de suas ex-colegas da Ginástica e também faz um curso técnico de enfermagem. “Eu pensei em fazer faculdade de Educação Física por conta de todo o meu histórico no esporte, mas eu sei que gosto de treinar, não sei se gostaria de ensinar”, explica.
Para não sobrecarregar a mãe com uma faculdade que ela não tinha certeza se iria gostar, resolveu fazer primeiro um curso técnico em uma área que ela também gosta e depois decidir por qual curso optar. “Tendo formação técnica, posso pagar a minha faculdade”, planeja. Segundo ela, o campo de trabalho em enfermagem é muito grande e, neste ano, ela já concluirá o curso, estando apta a trabalhar como auxiliar de enfermagem. Em tempos de coronavírus, mais uma profissional de saúde à serviço do Brasil!
Vitória nas marés da vida
Henry Alarcon Donato, de 18 anos, entrou na Escola da Granja no 5º ano do Ensino Fundamental, vindo de outra escola, onde não havia se adaptado. Chegou com dificuldades de aprendizagem, mas principalmente auto estima baixa e problemas de relacionamento. “Eu era muito quietão, na minha, bem antissocial e qualquer problema partia para a briga”, conta. “Eu também não prestava muito atenção na aula”, acrescenta. “Na Escola da Granja, diferente do que foi na escola anterior, eles me aceitavam e me estimulavam a melhorar o tempo todo”, lembra Henry. “Foi um trabalho bem longo, com coordenadores, diretores, professores, mas com o tempo eu comecei a me enturmar e descobrir as coisas que eu gostava”, ressalta.
E uma das coisas que gostava era nadar. Ele nadava desde os quatro anos de idade e, quando ele estava no 8º ano, sua mãe o levou para competir no Ibirapuera pelo Sesi Cotia. “Lá eu venci os garotos do Sesi Osasco e a minha mãe foi perguntar para o técnico deles porque o Sesi Cotia não participava das competições e o de Osasco participava”, conta. Foi aí que ele recebeu um convite para fazer um teste no Sesi Osasco e passou. Como continuava com notas baixas na escola, sua mãe resolveu tirá-lo da natação. Mas o técnico pediu um bimestre para mudar a vida do Henry e… mudou.
“Eu não sei o que ele fez ou disse para o Henry, mas, em dois meses, ele se transformou”, conta a mãe, Milva. “Começou a estudar, fazer os trabalhos e a lição de casa, passou a ajudar os amigos na escola e até os professores”, lembra. Concluiu o ensino médio, entrou em Engenharia Civil no Mackenzie e hoje, no terceiro semestre da faculdade, além de estudar, continua competindo. É atleta da Federação Paulista de Natação, representa a Prefeitura de Osasco nas competições e também é atleta do Mackenzie, com 20% de bolsa por representar a Universidade em competições universitárias.
Mas voltando à aquela virada na vida, Henry conta que o técnico lhe deu uma dura dizendo que ele não poderia ser um atleta de alto rendimento tendo notas tão baixas na escola e mostrou que, se ele conseguia ter essa dedicação na natação, ele também poderia ter na escola. Foi aí que caiu a ficha. Se ele era bom em uma coisa, poderia ser bom nas outras também. “Eu saí de seis recuperações por bimestre, para nenhuma”, lembra.E por que faculdade de Engenharia Civil? Outra coisa que ele descobriu no processo de autoconhecimento estimulado na Escola da Granja. “Desde os 6 anos de idade eu sempre gostei de construir coisas e dizia que queria ser engenheiro”, conta Henry.
Na natação, a modalidade em que ele mais gosta de competir é travessia de mar, onde nada de 1km a 2,5 km. É preciso muito preparo físico, resistência e treino. Para isso, ele treina de três a quatro horas por dia, de segunda a sexta-feira, de manhã, às vezes de sábado também. Também nada e compete nos 50, 100 e 200 metros na piscina. No mar, já venceu a quinta etapa do Circuito Mares, 2018/2019, tanto nos 1000 metros, quanto na prova dos 2.500 metros. Também venceu a primeira, segunda e terceira etapas nas duas modalidades no circuito 2019/2020.
Para o futuro, Henry pretende continuar seguindo com suas duas paixões, a engenharia e a natação. “A minha rotina de treinos e estudos não é nada fácil, mas eu me sinto muito bem fazendo tudo o que gosto”, afirma. Ele deve se formar com 20 anos!
Médico ou veterinário?
Terminando o ensino médio no Colégio Giusto Zonzini, João Marcos Castilho Coelho ainda estava em dúvida: prestaria vestibular para medicina, para cuidar de seres humanos ou medicina veterinária, para cuidar dos animais que sempre amou?
Durante todo o ensino médio, ele conta que focou bastante nas matérias de biológicas e também em todas as demais que tinham um peso alto no vestibular. “Eu não vou dizer que era o melhor aluno em todas as matérias, mas tinha sim uma disciplina de estudos bem regradinha para as matérias que eu focava”, conta.
Terminou o ensino médio com 17 anos, recém completados e acabou prestando para medicina veterinária. “Eu levei em conta que sempre gostei muito de animais, de ficar com os animais, de ir a zoológicos, fazendas, de estudar sobre animais e tomei essa decisão”, explica. Ele também sabia que era muito novo e, caso não gostasse do curso, poderia tentar mais tarde para medicina.
Fez o vestibular e entrou direto na USP, ou seja, com 17 anos, começou a frequentar as aulas de medicina veterinária no Campus da Cidade Universitária. Era o segundo mais novo da classe. “No início, não me empolguei muito com as aulas teóricas, mas quando comecei a atuar na prática percebi que havia feito a escolha certa”, lembra.
João Marcos se formou no ano passado, já que o curso de medicina veterinária tem cinco anos de duração, tentou um processo seletivo para uma residência de dois anos no Hospital Veterinário da USP e passou novamente. Ou seja, aos 22 anos, ele já é um médico veterinário formado e fazendo residência, recebendo uma bolsa para trabalhar e aprender mais. Futuramente, ele pretende trabalhar com grandes animais ruminantes, como vacas, touros, bois, búfalos, cabras, bodes e ovelhas, provavelmente prestando serviços para grandes fazendas. Mais um jovem brilhante, vivendo nossos 20 anos intensamente.
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