O orientador educacional Rômulo de Andrade Faria escreve sobre os desafios do Brasil e do novo governo
A educação, ao lado da saúde, encabeça a lista de prioridades da presidente Dilma Rousseff. É uma nova esperança para tantos pais preocupados em dar a seus filhos uma sólida base cultural. O Brasil obteve – nos últimos anos – consideráveis avanços econômicos. O desemprego nas maiores regiões metropolitanas recuou para 5,7% (dados de novembro do IBGE), o menor em oito anos. As pessoas estão ganhando mais e comprando mais.
Tudo isso é maravilhoso e se deve ao esforço de estimular o crescimento econômico com distribuição da renda. Mas nem tudo está feito e o país ainda tem um longo caminho a percorrer. Ainda há cerca de 18 milhões de brasileiros vivendo na pobreza, as filas em busca de um médico ainda são longas nos postos de saúde e hospitais públicos e as estatísticas sobre a qualidade de ensino e aprendizado de nossas crianças não são nada animadoras.
Os especialistas já alertam que, se não houver pesados investimentos em educação, o Brasil correrá o risco de se tornar uma potência de semiletrados – o que é muito grave – pois todos nós sabemos que um país somente conquista um lugar de destaque se for capaz de gerar conhecimento e tecnologia, se tiver bons professores e se o ensino apresentar uma boa qualidade em todas as faixas etárias, da pré-escola à universidade.
Durante a campanha eleitoral, a presidente Dilma, entre tantas outras promessas, anunciou que vai aumentar os investimentos públicos em educação para 7% do Produto Interno Bruto, que hoje está na casa dos 5%. Prometeu erradicar o analfabetismo, construir seis mil creches e pré-escolas e investir na qualificação dos professores, criando condições por meio de um piso salarial nacional para que todos tenham ao menos um curso universitário.
A qualificação dos professores, junto à melhoria da gestão escolar, é uma das grandes prioridades do Plano Nacional de Educação para a próxima década (2011-2020), lançado recentemente pelo governo. Este é o caminho, por exemplo, já trilhado por mais de uma dezena de prefeituras do Estado de São Paulo, que em parceria com a empresa Vitae Futurekids, especializada na implantação de soluções educacionais, desenvolvem Programas de Formações Continuadas para os educadores das redes municipais de ensino, fomentando a qualidade do ensino dos municípios e obtendo excelentes resultados.
A preocupação do PNE é que a educação não seja apenas quantitativa, mas qualitativa. E isso não depende apenas de investimento, mas de um professor estimulado, qualificado e bem pago. O Índice de Desenvolvimento da Educação (Ideb) – criado em 2007 para avaliar o desempenho dos alunos – vem apontando avanços, mas ainda escancara enormes diferenças entre a escola privada e pública quando se trata de ensino fundamental.
Os estudos em geral apontam enormes contradições em nossa educação. O número de estudantes cresce, seja no ensino fundamental, médio ou superior, mas não conseguimos formar mão de obra qualificada e direcionada para as necessidades do país. Daí o desemprego e a desilusão de muitos jovens, que não foram bem orientados na escolha de sua profissão. A própria evasão escolar, em índices elevados no ensino médio, comprova a falta de motivação de nossos estudantes.
Enfim, se quisermos construir um país realmente desenvolvido, todos nós – governo, educadores e pais – deveremos dar as mãos. Sem empenho constante e diário – o governo federal, os Estados e os municípios fazendo sua parte; os professores buscando qualificação e trabalhando com empenho; e os pais acompanhando a vida escolar de seus filhos – não há PNE que resolva. Que o ano de 2011 marque o início de um grande abraço ao nosso sistema de ensino.
Autor: Rômulo de Andrade Faria é Orientador Educacional dos programas de Línguas Estrangeiras da Vitae Futurekids; articulista das colunas de Ensino de Línguas, Cinema na Escola e Educação Inclusiva, do Portal Planeta Educação. (www.planetaeducacao.com.br)